21 jan, 2025 - 17:30 • Inês Braga Sampaio
Corria o primeiro set do encontro dos quartos de final do Open da Austrália, com 5-4 e "break" a favor de Carlos Alcaraz, número três do mundo, quando Novak Djokovic, número sete, do alto dos seus 37 anos de idade, começou a queixar-se de moléstias físicas, depois de se esticar para jogar uma bola.
"Não é a primeira vez que vemos isto. Não se deixem enganar", aconselhou a lenda do ténis John McEnroe, nos comentários.
"Djoker" foi assistido por vários minutos, ainda ameaçou a desistência, mas lá acabou por regressar à ação e, estivesse McEnroe certo ou não, a verdade é que, depois de o espanhol - que acumulou 40 erros não forçados durante a partida - fechar o primeiro parcial, com um 4-6, o sérvio partiu, depois, para a vitória nos três sets seguintes e consequente apuramento para as meias-finais do Open da Austrália.
McEnroe referia-se às teorias de que Djokovic "finge" lesões quando os seus adversários estão por cima, para mexer com a cabeça deles e, depois, superiorizar-se. De facto, e embora os problemas físicos de Novak serem já conhecidos, o efeito, neste duelo de antigos líderes do ranking mundial de ténis, um quase nos 22 anos e o outro quase nos 38, foi mesmo esse.
Depois de perder o primeiro set, Djokovic disparou para um 3-0 no segundo e, ainda que tenha permitido que Alcaraz lhe quebrasse o serviço de volta, repetiu a façanha ao décimo jogo para fechar o parcial em 6-4, ao fim de, exatamente, 50 minutos. O terceiro set, durou outros 50 minutos, com nova troca de "breaks" a sorrir ao sérvio. A reviravolta de Novak culminou com um dos "rallies" mais entusiasmantes do duelo.
No quarto e último parcial, que durou mais de uma hora, Djokovic conseguiu quebrar o serviço a Alcaraz logo à primeira e chegou ao fim do nono jogo em vantagem, com um 5-4 e "break" acima, mesmo depois de perder o "rally" mais longo do encontro. No jogo decisivo, e a servir, o recordista masculino de títulos do Grand Slam (24) ainda deu ideia de que podia quebrar, com um erro forçado a permitir o 30-30, porém, reuniu o resto das forças e conseguiu fazer o 6-4.
No final, ao cabo de três horas e 37 minutos de raquetadas para aqui e para ali, Novak Djokovic emergiu vencedor, em quatro sets, pelos parciais de 4-6, 6-4, 6-3 e 6-4, e avançou para as meias finais do Open da Austrália. É apenas o segundo jogador a atingir pelo menos 50 semifinais de um Major, na era Open, desde 1968.
"Só gostava que tivesse sido uma final", admitiu o sérvio, após o encontro, ao microfone do repórter do torneio. "Foi um dos jogos mais épicos que já disputei, em qualquer court", acrescentou.
Um grande elogio para Alcaraz, depois de mais um "round" de um dos duelos mais populares do ténis atual. Agora, segue-se o alemão Alexander Azverev, número dois mundial. O objetivo? Chegar aos 25 títulos em torneios do Grand Slam e ultrapassar o registo de Margaret Court, para se tornar o tenista, homem ou mulher, com mais Majors da história. A quatro meses de completar 38 anos, "Djoker" recusa-se a render-se ao tempo.