10 out, 2025 - 13:45 • Inês Braga Sampaio , André Maia
O presidente do FC Porto sugere jogos da I Liga no estrangeiro e a realização de Supertaça Ibérica. Esta ideia, revela, até foi bem acolhida por Benfica e Sporting, apesar de neste momento, admite André Villas-Boas, os grandes andarem "às cabeçadas".
"Nós recentemente vimos, ou vamos ver, um AC Milan-Como jogado na Austrália e vamos ver um Villarreal-Barcelona jogado em Miami, portanto, será que o futebol português também pode aproveitar aqui uma janela de oportunidade?", lança André Villas-Boas, esta sexta-feira, no âmbito do Portugal Football Summit, que decorre na Cidade do Futebol.
A UEFA permitiu "relutantemente" a realização de jogos da Serie A e da LaLiga fora de Itália e Espanha, e a medida tem recebido bastantes críticas. Ainda assim, o presidente do FC Porto considera que seria benéfico para o futebol português.
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"Nós temos jogos que têm 1.500 espectadores. Um Casa Pia-Sporting, um Casa Pia-FC Porto, um Moreirense-FC Porto poderá ter máximo 2.000, 3.000 espectadores. Com a nossa comunidade imigrante espalhada pelo mundo, será que um jogo desta natureza não poderia ter um estádio cheio em Newark, em Genebra, em Paris, por exemplo?", sustenta.
Apesar de os grandes andarem de costas voltadas, Villas-Boas revela que há um consenso sobre a criação de uma Supertaça Ibérica: "Foi um desafio que lancei ao Pedro Proença [presidente da Federação Portuguesa de Futebol] e aos outros grandes portugueses e espanhóis."
"Agora andamos todos às cabeçadas. Mas quando eu tomei posse, ficou lá o bichinho e a semente sobre a possibilidade de criação da Supertaça Ibérica, que foi muito bem acolhido pelo Real Madrid, pelo Atlético de Madrid, pelo Barça, pelo Benfica, pelo Sporting e também pela FPF", acrescenta.
Nesse sentido, o presidente do FC Porto considera que, "se formos criativos com os quadros competitivos, podemos encontrar facilmente soluções em que os grandes se encontram mais vezes, há mais espetáculo, há mais retorno e há na mesma entradas para as competições europeias".
Antes de tudo isso, no entanto, Villas-Boas considera que a FPF e a Liga Portugal devem "ajudar" os clubes portugueses e a ser mais competitivos, em vez de andarem a fazer "figuras".
"Precisamos de reter o nosso lugar no ranking, precisamos de atacar o sexto lugar o mais rápido possível, e para isso precisamos da ajuda da FPF e da Liga em diferentes cenários, para ajudar os clubes portugueses. A FPF, por exemplo, com uma entrada tardia na quarta eliminatória da Taça. A Liga, por exemplo, não fazendo a figura que fizeram relativamente ao jogo do Arouca", atira.
Em causa a remarcação unilateral, por parte da Liga, do Arouca-FC Porto de um domingo para uma segunda-feira, o que deixou a equipa de Francesco Farioli com três jogos numa semana. Algo muito contestado, na altura, pelo portistas, que ainda assim acabaram por ir a jogo. Acabaram a golear por 4-0.
Ainda sobre a reformulação dos quadros competitivos, André Villas-Boas tem uma proposta.
"Aumentar o número de clubes na I Liga para 20 e ter um formato tipo Liga dos Campeões, em que só jogamos uma volta até dezembro e depois há duas subdivisões que se dividem e os primeiros dez jogam uma competição e os outros dez jogam outra competição. Provavelmente com um 'slot' europeu, mas com uma coisa radicalmente diferente", propõe.
Assim, assinala o líder portista, "rapidamente um Porto-Sporting ou um Porto-Benfica é jogado logo três vezes, em vez de duas".
Contudo, há outros problemas a resolver rapidamente, realça Villas-Boas. Entre eles, a forma como o videoárbitro está operacionalizado em certos estádios — ou como "não está 100% operacional", o que o presidente do FC Porto considera ser "uma das maiores vergonhas nacionais que podemos enfrentar".
André Villas-Boas entende que o futebol português precisa "de muita ajuda" da Federação e da Liga" e de lideranças fortes.
"Precisamos de presidentes fortes, com carisma, com liderança, que debatem estes temas. E que não andemos em cimeiras de presidentes onde nada se discute e de onde nada sai. E o que de lá sai é inócuo e vazio para a evolução do futebol português", conclui.