Moedas obrigado a gritar para não ser afogado pelos assobios dos adeptos do Sporting

"Bicampeões, bem-vindos". Foram as primeiras palavras de Carlos Moedas na receção à equipa do Sporting na Câmara de Lisboa — e as últimas que conseguiu proferir sem ter de gritar para se fazer ouvir sobre o coro de assobios dos adeptos presentes na Praça do Município.

A massa adepta do Sporting desentendeu-se com o presidente da Câmara, no passado fim de semana, devido aos condicionalismos impostos aos festejos da conquista do título. Foram encerrados todos os estabelecimentos comerciais nos arredores de Alvalade a partir das 13h00 de sábado, o dia dos jogos decisivos, o que motivou, até, um grupo de adeptos a enviar uma carta a Carlos Moedas.

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Esta segunda-feira, os adeptos leoninos manifestaram o seu desagrado com o autarca e fizeram questão de afogar cada palavra num coro de vaias. Moedas não deixou de discursar, mas teve de o fazer aos gritos.

"Lisboa é mais uma vez verde e branca é mais uma vez Sporting. Que orgulho estar aqui convosco nesta praça coberta de verde e branco. Obrigado ao Sporting, que é tão grande como os maiores da Europa, mas não só: vocês provaram que o Sporting é das maiores instituições de todo o mundo. Quando Rui Borges chegou, disse algo de que nunca me esquecerei: quando falta a inspiração, que não falte a atitude, e é isso que vocês têm, é atitude. Mesmo quando tudo parecia impossível, quando o choque parecia insuperável e quando as dúvidas se multiplicavam. Mostraram a atitude dos campeões", elogiou.

Minutos depois, o presidente do Sporting, Frederico Varandas, fez questão de ilibar Carlos Moedas e apontou o dedo às forças de segurança.

"Quero agradecer ao presidente Carlos Moedas, porque foram mais de 24 horas, juntamente com o presidente do Sporting, a encontrar as razões técnicas e políticas para que não houvesse condicionamentos da festa, como assim aconteceu. Sou militar e respeito e muito todas as ordens e todas as forças de segurança, mas não tratem os adeptos do futebol como criminosos. Não prejudiquem algo que faz parte da nossa cultura. Não prejudiquem centenas de milhares de adeptos que têm paixão pelo seu clube apenas por uma minoria que não se sabe comportar. E que lição deram centenas de milhares de pessoas", afirmou.

"No Sporting não há impossíveis"

De volta a Carlos Moedas, o presidente da Câmara de Lisboa enalteceu a forma como a equipa de Rui Borges mostrou que "no Sporting não há impossíveis", numa "época de superação". Entre elogios a Morten Hjulmand e Viktor Gyökeres e a todos os jogadores leoninos, o autarca também fez referência a lendas do passado.

"Manuel Fernandes está lá em cima a celebrar o bicampeonato, seguramente ao lado de outros grandes goleadores, como Peyroteo e Yazalde. Todos juntos lá em cima a festejar connosco", assinalou.

Para Carlos Moedas, esta foi a "época da paixão" de uma equipa que "aprendeu a honrar a camisola".

"Aquele golo de Quaresma aos 93 minutos foi exatamente essa paixão. Aquele momento em que Trincão partiu a mão e continuou a jogar. O hat-trick de Gyökeres contra o Manchester City. Os dois golos de Harder no jogo épico com o Braga. a paixão fez a diferença", vincou.

Moedas destacou também, o quão "difícil e doloroso" o caminho do Sporting foi, mas lembrou que "não há caminhos de flores que conduzam à glória": "Vocês são o orgulho do país, a glória é vossa."