12 mai, 2025 - 22:46 • Filipa Ribeiro
Com uma semana de campanha já passada, com imagens de políticos a fazerem desporto e a andar de mota, o socialista Fernando Medina considera que os políticos devem procurar estabelecer "empatia e conexões com as pessoas através dos seus problemas e aspiração e não de aspetos mundanos da vida".
Para o antigo ministro, "o ponto de voleibol que Luís Montenegro marcou" ou "o arranque de mota de Pedro Nuno Santos" vai "para um lado de dessacralização da política que tem ido para o lado negativo".
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No programa Conversa de Eleição, da Renascença, Fernando Medina defende que já se entrou "numa curva descente".
Para o antigo ministro das Finanças, a "dessacralização dos agentes políticos é uma decorrência dos sistemas democráticos". No entanto, considera que se está a avançar "da dessacralização para a banalização e para o desrespeito geral do discurso político".
Também Miguel Poiares Maduro considera que "há riscos" no excesso de mediatização. O social-democrata compreende que é "inevitável" que os agentes políticos optem por procurar uma imagem que os aproxime do eleitorado com participações em programas de televisão e podcast com mais audiência.
Poiares Maduro diz que "não censura os políticos por o fazerem", mas censura-os "por se sujeitarem muito pouco a circunstâncias de escrutínio" como entrevistas jornalísticas.
O antigo ministro, num Governo de Pedro Passos Coelho, lamenta que se fale pouco de propostas e que o discurso tenha como base "o medo".
Ainda na análise à primeira semana de campanha, Miguel Poiares Maduro não compreende porque é que a AD tenta "esconder" as conversas com a Iniciativa Liberal (IL). "Toda a gente sabe que a IL é um parceiro político privilegiado pela AD e é natural que tenham existido conversas, não sei porque uns as querem afirmar e outros esconder."
Já Fernando Medina, sobre o "namoro" e os "mexericos", acredita que na base da discussão está a procura de voto pela Iniciativa Liberal e a insistência da AD na procura do voto útil para tirar vantagem numa possível negociação.
No final de uma semana de campanha que começou com uma greve na CP, o socialista defende que o primeiro-ministro foi "infeliz" ao assumir revisões na lei da greve. Fernando Medina afirma que "Portugal não tem nenhum problema com a lei da greve" e considera que Luís Montenegro fez apenas "um comentário de campanha" tentando "associar-se ao mal-estar dos portugueses". Assim, Medina não acredita que a intenção de rever a lei avance.
Já Miguel Poiares Maduro está alinhado com Luís Montenegro. O social-democrata também estranha o momento escolhido para se avançar com a greve nos comboios, considerando que na base da convocatória estiveram interesses "político-partidários".
Poiares Maduro defende que se avance com um estudo sobre as greves antes de qualquer decisão sobre alterações a fazer e dá o exemplo de outros países onde "a greve é impedida em alturas de campanha".
O social-democrata considera até que o Governo acabou por ganhar com a greve na CP, uma vez que a insatisfação pela falta de transportes afasta os eleitores dos partidos associados aos sindicatos.
No programa Conversa de Eleição desta semana, outro tema foi a ainda fresca a tinta que foi atirada no domingo contra o presidente da Iniciativa Liberal, numa ação de campanha por ativistas climáticos.
Fernando Medina, que sofreu um episódio semelhante enquanto ministro das Finanças, em 2023, considera atos como deste domingo "anti-democráticos" que exprimem "radicalismo de intervenção" que deve ser "condenado".
O antigo governante considera que os movimentos em causa "estão a prestar mau serviço à causa da defesa do ambiente", uma vez que com ações como as do fim de semana centram o debate na forma e não no conteúdo.
Também Miguel Poiares Maduro considera que é "censurável a forma da ação", apesar de compreender que o protesto faz parte da democracia e que às vezes se ganhe com a originalidade. Contudo, lamenta que se "tente impedir o exercícios de direitos políticos".