13 out, 2025 - 21:43 • Filipa Ribeiro
Fernando Medina considera que o Chega é o "grande derrotado" das eleições autárquicas de domingo, uma vez que o resultado do partido que conseguiu a presidência de três autarquias ficou "muitíssimo aquém das expectativas e desejos de André Ventura", que colocou a fasquia em mais de 30 municípios.
O socialista e antigo autarca defende que houve uma "rejeição geral de sul a norte das soluções do Chega", mostrando "a fragilidade do partido".
Mesmo tendo apenas seis anos e ter conquistado já a liderança de três autarquias, Fernando Medina considera que o resultado "não é relevante" e realça que, "do ponto de vista de dimensão populacional, as autarquias conquistadas pelo Chega - São Vicente, Albufeira e Entroncamento - "estão longe de ser das mais expressivas".
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No programa Conversa de Eleição, da Renascença, também Miguel Poiares Maduro considera o Chega "o grande derrotado" da última noite, ficando "longe" dos resultados conseguidos nas legislativas. Para o social-democrata, a última noite provou que o Chega continua a ser "um partido de um homem só".
Miguel Poiares Maduro avisa que é ainda "cedo" para decretar "o regresso do bipartidarismo" assim como o "início do declínio do Chega". O antigo ministro social-democrata realça que nestas eleições assistiu-se à continuação de uma fragmentação crescente e de "cada vez mais uma menor fidelidade partidária". Poiares Maduro recorda que muitos municípios clássicos do PS ou do PSD "mudaram de mão" entre os partidos.
Perante os resultados das autárquicas, o social-democrata acredita ainda que o Chega "vai procurar compensar" o resultado a nível nacional com uma "oposição mais assertiva" e uma linguagem política mais "truculenta".
Miguel Poiares Maduro recorda que, além de perder relativamente à coligação do Governo, o Chega perde em relação ao PS e que, por isso, o Chega "vai querer claramente tentar compensar a derrota" com uma "agenda política mais agressiva e de mais forte oposição".
O social-democrata entende que o novo discurso pode estar presente já nas negociações para o Orçamento do Estado para 2026.
Miguel Poiares Maduro não tem dúvidas de que vai haver uma dificuldade muito grande de governação nas autarquias, muito mais do que no reflexo da fragmentação crescente do sistema partidário.
Explicador Renascença
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Para o social-democrata, deveria ser ponderada, seriamente, a necessidade de revisão da lei autárquica para se garantir governabilidade "no contexto de cada vez maior fragmentação política", para garantir a quem vence a possibilidade de ter maioria no executivo.
O socialista Fernando Medina reconhece que o PSD é o "grande vitorioso" da noite e que o PS apesar de ser o "derrotado" consegue recuperar do "forte abalo" das eleições legislativas" de maio, e do "sobressalto sobre se o Partido Socialista estaria entrar numa trajetória de declínio e de irrelevância no sistema político partidário".
O socialista considera os resultados da última noite "importantes" por demonstrarem uma capacidade no PS de manutenção da votação nas autárquicas e realça a conquista de autarquias como Viseu, Bragança, Faro e Coimbra.
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Sobre a perda dos grandes municípios, Fernando Medina realça que é difícil fazer um exercício sobre a ida em coligação na Câmara Municipal de Lisboa foi ou não prejudicial para o partido. Ainda assim, refere que na capital "funcionou melhor o apelo a uma unidade contra o regresso ou contra a existência de uma coligação de esquerda na Câmara de Lisboa, do que funcionou à esquerda o apelo ao voto útil de concentração de votos na candidatura liderada pelo PS".
O socialista defende, ainda, que tanto em Lisboa como em Sintra, há eleitorado do PS que acaba por ser captado pelo Chega, o que juntamente com o apelo "contra o Bloco de Esquerda integrar o executivo da Câmara de Lisboa" não deu o melhor resultado à coligação liderada pelo PS.
Já Miguel Poiares Maduro considera que o Governo sai mais reforçado destas eleições, o que "torna mais difícil o risco de uma crise política".
O social-democrata realça a vitória "clara" do PSD nestas autárquicas, com a conquista de câmaras significativas e da Associação Nacional de Municípios, mas destaca que, com "tudo somado" , o PS tem também "um bom resultado" por "travar" o que parecia ser "um declínio".