DÚVIDAS PÚBLICAS

Uma forma criativa de combater a crise na habitação? Subir o IMI nas casas de luxo

10 mai, 2025 - 08:15 • Sandra Afonso , Arsénio Reis

O ​diretor da Católica Lisbon SBE critica a falta de criatividade nos programas partidários e sugere o agravamento do IMI nos imóveis de luxo. Em entrevista à Renascença, Filipe Santos defende o combate aos lobys e corporativismo e lamenta a ausência de temas fundamentais na campanha eleitoral, como a situação internacional. Alerta ainda que estamos a entrar numa nova ordem mundial e critica a reação lenta dos norte-americanos ao "assalto ao poder" no país, que com Donald Trump caminha para uma autocracia.

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Uma forma criativa de combater a crise na habitação? Subir o IMI nas casas de luxo
Ouça o programa Dúvidas Públicas. Filipe Santos, diretor da Católica Lisbon School of Business & Economics, é o entrevistado desta semana

A uma semana das legislativas, o Dean da Católica Lisbon School of Business & Economics analisa na Renascença os programas eleitorais apresentados pelos partidos com assento parlamentar. Todos têm negativa em criatividade e alguns nem sequer são considerados exequíveis ou coerentes, na extrema-direita por excesso de promessas, na extrema-esquerda por demasiadas medidas ideológicas, que já se provou que não teriam o impacto desejado.

Para Filipe Santos, os programas mais equilibrados estão ao centro, mas identifica mais medidas positivas nas propostas da AD e da Iniciativa Liberal. Dá como exemplo o alívio fiscal, que deve favorecer os rendimentos do trabalho. Defende ainda menos impostos para as famílias com filhos, como incentivo à natalidade.

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Ainda no plano fiscal, sugere a subida do IMI para os proprietários com imóveis de luxo, para financiar casas acessíveis. Uma forma criativa de combater a crise na habitação.

O diretor da Católica Lisbon SBE lamenta também a ausência do Ensino Superior, de uma forma geral, dos programas eleitorais. Defende que seja dada mais autonomia às universidades para se financiarem e pede mais investimento em ciência.

Nesta entrevista ao programa da Renascença Dúvidas Públicas, Filipe Santos lamenta ainda que temas fundamentais, como a situação internacional, não entrem no debate eleitoral, que se prende demasiado a casos e casinhos, como a empresa familiar de Luís Montenegro, que já não considera que seja um assunto para discussão.

Por outro lado, defende que seja dada mais atenção ao combate aos lobbys e ao excesso de corporativismo, questões que sobressaem em alguns setores.

O diretor da Católica SBE explica que o rearmamento da Europa, que está em discussão, não significa aumentar a despesa para comprar armas fora da União Europeia, mas investir em produção nacional, com impacto no crescimento.

No plano internacional, diz que estamos a assistir a um assalto ao poder nos Estados Unidos, que caminha para uma autocracia. Compara a presidência de Donald Trump com a eleição de Hitler na Alemanha e critica a reção lenta dos norte-americanos.

Para Filipe Santos, estamos perante uma nova ordem global, dominada por grandes blocos, e a União Europeia já está a reagir a este reposicionamento geoestratégico.

Filipe Santos, diretor da Católica Lisbon SBE, em entrevista ao programa Dúvidas Públicas, que pode ouvir na Renascença aos sábados, a partir do meio dia, ou em qualquer altura no site ou em podcast.

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  • Paulo
    10 mai, 2025 Coimbra 11:36
    Caríssimo Doutor. Espero esclarecer Vossa Excelência quanto aos motivos da Greve da CP. ..."Os comboios estão totalmente parados porque o Governo negociou com os sindicatos e dois dias depois disse que não ia cumprir nada do que negociou. Mais transparente não há. Montenegro conseguiu o pleno, juntar todos os sindicatos, todas as profissões da ferrovia porque andou a gozar com quem trabalha. O Governo diz que a culpa é de estar em gestão, mas os governos podem legislar em gestão e este legislou. Montenegro aprovou, já em gestão, investimento em milhões, nomeadamente no Plano Nacional Ferroviário, nomeou novos dirigentes, anunciou a deportação - palavra impronunciável - de trabalhadores. Os trabalhadores da ferrovia não aceitaram a imposição de um aumento inferior ao salário mínimo, depois houve nova negociação, chegaram a um acordo, e dois dias depois o Governo diz que não aceita o que tinha assinado. A greve geral da ferrovia foi a resposta, mostrando quem é essencial ao país - quem trabalha. Um dos escribas do status quo, João Miguel Tavares, deixou uma ideia no Público, da Sonae, proibir a greve no sector público. Este é o calibre democrático deste projecto político - ganhem mal, mentimos, e logo a seguir proibimos que se manifestem. Eis o projecto político das classes dirigentes portuguesas. A ferrovia em Portugal foi preterida às PPPs nas auto-estradas, o comboio - o meio mais seguro, confortável e ecológico - é desprezado, a CP abre concursos e não consegue ter trabalhadores, até o anúncio da alta velocidade é uma incógnita para financiar a Banca porque o PRR só dá uma ínfima parte - e é com dívida; nem de Lisboa a Caldas da Rainha se consegue ir em menos de 2 horas; os trabalhadores fazem turnos atrás de turnos, adoecem a trabalhar e trazem para casa pouco mais do que o salário mínimo. Disseram e bem que não aceitam aumentos inferiores ao salário mínimo. Todo o jogo deste e dos Governos desde a Troika é aumentar o salário mínimo e não aumentar o médio, de tal forma que dentro de pouco tempo - se não se seguir o exemplo destas greves sérias - todos estaremos a ganhar o salário mínimo. Por isso, estes trabalhadores hoje representam-nos a todos. Contra viver com o mínimo, por uma ferrovia decente, que nos transporte com conforto. Um país que pensa nas pessoas"...

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