01 nov, 2025 - 08:00 • Tomás Anjinho Chagas , Arsénio Reis , Beatriz Pereira (vídeo e fotografia)
A Agência Portuguesa de Energia (ADENE) considera que o aumento da produção de energias renováveis tem "tendência" para baixar o preço da eletricidade para o consumidor final.
Em entrevista ao Dúvidas Públicas, entrevista de economia semanal da Renascença, o presidente da ADENE, Nelson Lage, alerta para os vários fatores que podem influenciar a fatura da luz no final do mês, mas assegura que a produção através de energias renováveis deve baixar o custo da eletricidade.
"A produção interna protege, e temos produzido mais renováveis e é por aí que temos de continuar a aposta, para baixar ainda mais esses preços. A tendência é para que baixe o preço", afirma o líder da Agência Portuguesa de Energia.
Licenciado em Ciência Política e Mestre em Festão e Desenvolvimento de Liderança na Católica Lisbon School of Bussines and Economics, Nelson Lage olha para as energias renováveis como aposta clara para o futuro, embora assuma que o preço da eneria e o preço para o consumidor sejam "coisas completamente diferentes".
Questionado sobre a possibilidade de Portugal produzir energia nuclear, o presidente da ADENE defende que não faz sentido pelo investimento inicial que implica. Nelson Lage vinca que o país está muito desenvolvido na produção de energias renováveis, e que deve continuar a investir nessa área.
"O futuro só pode ser renovável, é mais barato, amigo do ambiente. Os benefícios são muitos se compararmos com os combustíveis fósseis", advoga.
Nelson Lage cita Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia (AIE) para rejeitar o investimento na energia nuclear: "Não faz sentido, não precisamos, o investimento inicial é demasiado caro".
O presidente da Agência Portuguesa de Energia ressalva que a energia nuclear é um bom caminho para países que já tenham feito essa aposta no passado, mas aponta as renováveis como o rumo português para se tornar cada vez menos dependente de combustíveis fósseis.
O presidente da Agência Portuguesa de Energia afasta ainda as teses que defendem que o apagão, de 28 de abril, tenha sido provocado pela produção de energias renováveis. Ao dia de hoje, Nelson Lage acredita que o país está mais preparado para lidar como um fenómeno como o que afetou a Península Ibérica há pouco mais de seis meses
"Não acredito que a culpa seja das renováveis. Temos é de ter sistemas mais flexíveis, que permitam gerir melhor a compra a venda e a intermitência das renováveis", defende o líder da ADENE.
Nelson Lage lembra que a origem do apagão não foi em Portugal e vinca que num sistema interligado há sempre o risco de ser afetado por uma "cadeia de falhas técnicas", mas acredita que o país "aprendeu a lição".
Em relação à utilização de automóveis elétricos, presidente da ADENE considera que Portugal "tem de fazer muito mais" e defende que dificilmente o país vai conseguir deixar de vender carros a combustão a partir de 2035, meta estabelecida pela Comissão Europeia.
"Quero acreditar que essa meta terá de ser revista", afirma, nesta entrevista à Renascença. Nelson Lage pede um "fade out" mais progressivo, apesar de Portugal registar crescimentos de 20% por ano de percentagem de automóveis elétricos a circular.
Para a transição, a Agência Portuguesa de Energia, insiste que não seja excluída a importância dos transportes públicos. E também admite que os veículos híbridos podem ser uma boa hipótese.
"O híbrido faz parte da equação", sublinha Nelson Lage.
Questionado sobre a utilização do hidrogénio para acelerar a transição energética, o presidente da Agência Portuguesa de Energia vinca que deve ser uma aposta sobretudo no setor da Indústria.
"Vai ser muito importante para a descarbonização da indústria, mas terá de ser mesmo muito gradual", afirma o líder da ADENE, que acredita que o setor industrial vai ser uma antecâmara para a utilização do hidrogénio para outras áreas.


