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DÚVIDAS PÚBLICAS

Juros podem cair para menos de 2% em 2025 "para dar estímulo temporário à economia", diz João Leão

04 jan, 2025 - 08:00 • Sandra Afonso , Arsénio Reis

Em entrevista à Renascença, o ex-ministro das Finanças fala também em falta de concorrência na banca e defende que o Estado deve pagar melhor aos altos cargos. O economista admite que Portugal até pode fechar 2025 com um excedente, mas será residual.

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Entrevista a João Leão, ex-ministro das Finanças
Para ouvir o programa aqui.

As taxas de juro podem cair para menos de 2% em 2025 e dar mais uma folga às famílias, admite João Leão, ex-ministro das Finanças e atual membro do Tribunal de Contas Europeu, em entrevista ao programa Dúvidas Públicas, da Renascença.

O novo ano está, desde já, marcado por vários desafios para as economias nacionais, mas também no plano internacional. A instabilidade geopolítica e o abrandamento de pesos pesados como a Alemanha impõem aos decisores políticos que mantenham máxima vigilância e prontidão.

Em entrevista à Renascença, João Leão não afasta a possibilidade de o Banco Central Europeu (BCE) vir a ser obrigado, durante 2025, a cortes agressivos dos juros, que deixem as taxas abaixo do objetivo dos 2%. Uma medida temporária, para estimular a economia, antecipa.

Diz ainda que faltou concorrência na banca nos últimos três anos, período em que a subida dos juros não foi aplicada da mesma forma nos créditos e na remuneração dos depósitos. Para incentivar a poupança das famílias, defende que se recupere a criação do PPR Europeu.

Ao nível das contas públicas, avisa que o crescimento da despesa é insustentável, mas admite que 2025 pode fechar com um défice residual ou um excedente temporário.

João Leão mostra-se também preocupado com o envelhecimento da população e lembra que Portugal precisa de 70 a 80 mil novos imigrantes por ano, para evitar a estagnação económica e um novo aperto do cinto.

Nesta entrevista ao programa Dúvidas Públicas, o antigo ministro defende a privatização de metade do capital da TAP e que o Estado mantenha influência estratégica na empresa, de forma a garantir a manutenção do hub de Lisboa.

Na sequência da polémica contratação falhada de Hélder Rosalino para secretário-geral do Governo, diz que o Estado deve melhorar a remuneração dos altos cargos.

No plano europeu, considera que Bruxelas tem de responder à crise automóvel com apoios claros, para evitar uma forte estagnação, que afetará também Portugal. Não basta agravar tarifas alfandegárias, argumenta.

Na mesma linha, garante que a União Europeia tem capacidade para responder à ameaça de Donald Trump e evitar a escalada de uma guerra comercial. No entanto, o próximo Presidente norte-americano tem trunfos sobre a Europa que lhe dão vantagem negocial.

Defende ainda que os Estados-membros terão de investir mais em defesa, o que passa por aumentar as transferências nacionais e criar instrumentos de dívida europeia.

O Dúvidas Públicas é a entrevista de economia da Renascença, que pode ouvir aos sábados a partir do meio dia ou a qualquer hora, no site ou em podcast.

Juros podem cair para menos de 2% em 2025 "para dar estímulo temporário à economia", diz João Leão
Pode ainda ver aqui a entrevista.
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