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NATO

Meta da NATO obriga Portugal a investir mais 1,7 mil milhões na Defesa

28 jan, 2025 - 22:19 • Diogo Camilo

Luís Montenegro quer antecipar o objetivo de chegar aos 2% do PIB em despesas no setor da Defesa, algo que a própria Aliança Atlântica considera que "não é suficiente". Portugal é dos membros que menos investe na Defesa em relação à sua riqueza. Trump quer todos os países da NATO a investirem 5% do PIB, mas nem os EUA o fazem.

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A visita do secretário-geral da NATO, Mark Rutte, a Lisboa, foi a oportunidade perfeita para Luís Montenegro anunciar a intenção de “antecipar ainda mais” a meta dos 2% do PIB em investimento na Defesa. O cumprimento do objetivo obriga a um aumento da despesa em 1,7 mil milhões de euros nos próximos quatro anos, uma vez que Portugal é dos membros da Aliança Atlântica que menos dinheiro gasta, em relação à sua riqueza.

No ano passado, segundo estimativas da NATO, Portugal investiu quase 4,3 mil milhões de euros no setor — cerca de 1,55% do PIB português e a maior percentagem dos últimos 10 anos.

Na cimeira da NATO, realizada em Washington, o primeiro-ministro anunciou a intenção de chegar aos 6 mil milhões de euros no investimento na Defesa até 2029, para poder atingir a meta de 2% do Produto Interno Bruto. Este foi um objetivo acordado com a Aliança Atlântica que o próprio Rutte disse, esta segunda-feira, “não ser suficiente”.

Com base nas projeções do Governo sobre o PIB para os próximos quatro anos, Portugal está no caminho para chegar aos 300 mil milhões de euros de riqueza criada em 2028, o que obrigaria a quase 6 mil milhões de investimento na Defesa para ultrapassar a meta dos 2% do PIB.

Assim, a antecipação da meta para 2028 obrigará a um esforço acrescido de, em média, 425 milhões de euros por ano no setor - com a despesa a crescer quase 40% em quatro anos.

Caso Montenegro queira antecipar os 2% do PIB em Defesa no ano de 2027, seria necessário um acréscimo de 1,58 mil milhões de euros nos próximos três anos, com aumentos da despesa de mais de 500 milhões por ano.

Para chegar a estes objetivos, o primeiro-ministro anunciou uma taskforce, criada entre Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Ministério da Defesa Nacional, o Ministério da Economia e o Ministério das Finanças.

Portugal é o 7.º membro que menos investe na Defesa em relação à sua riqueza

O nosso país é um dos oito membros da NATO que não cumpre a meta dos 2% do PIB investidos na Defesa. Entre os países da Aliança Atlântica, só Itália, Canadá, Bélgica, Luxemburgo e Espanha investem menos que Portugal na Defesa, tendo em conta a sua riqueza criada.

O país com maior peso da Defesa no seu orçamento é a Polónia, com 4,12% do PIB investido no setor no ano passado — cerca de 24 mil milhões de euros.

Os Estados Unidos, que gastam quase o dobro na Defesa do que a soma de todos os outros países membros da NATO, com cerca de 725 mil milhões de euros investidos em 2024 segundo estimativas da organização, são apenas o terceiro país neste indicador, se colocarmos em perspetiva o peso da economia de cada país.

Em Davos, na semana passada, o novo presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a intenção de colocar todos os países da NATO a gastarem 5% do PIB em Defesa.

No entanto, nem os Estados Unidos o fazem. O peso do investimento na Defesa no PIB norte-americano é de 3,4% e nunca esteve sequer perto dos 4% nos últimos 10 anos - mesmo quando Trump foi presidente, entre 2017 e 2021.

A Estónia, com pouco mais de um milhão de habitantes, gasta cerca de 1,3 mil milhões de euros. Pode parecer pouco ao lado do investimento dos EUA, mas representa 3,43% do PIB estónio.

Luís Montenegro respondeu sobre a capacidade de Portugal chegar aos 5% do PIB de investimento no setor da Defesa, considerando que tal "não é exequível". Fazendo as contas com base nas projeções do Governo ao PIB para os próximos quatro anos, tal significaria uma despesa de quase 15 mil milhões de euros em 2028, triplicando o orçamento em relação à despesa do ano passado.

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