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Habitação

Número de casas compradas cresce mais no Porto do que em Lisboa

07 fev, 2025 - 06:00 • Diogo Camilo

Em ano recorde de valores do crédito à habitação, foram adquiridas mais 16 mil casas do que no ano anterior. Grande Porto disparou 19% na procura em 2024, muito graças ao número de fogos licenciados e à imigração. No Algarve, o número de habitações transacionadas desceu em relação a 2023.

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O valor recorde de crédito à habitação em 2024 vem à boleia de medidas do Governo para jovens, mas também de um maior número de casas vendidas que é fruto de mais imigrantes a comprarem casa e de maior licenciamento de obras, sobretudo nos concelhos do Grande Porto.

Gaia é líder destacada no número de fogos licenciados, um indicador que está a levar ao aumento da oferta, e o custo mais reduzido das casas está a trazer mais pessoas até ao Norte do país, segundo dados da Confidencial Imobiliário.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) tem apenas números até ao terceiro trimestre do último ano, mas à Renascença, a Confidencial Imobiliário adianta que em 2024 foram vendidas mais de 147 mil casas em todo o país - um crescimento de 12% em relação ao ano anterior, quando foram registadas 131 mil transações pela publicação independente que reúne dados sobre o setor imobiliário.

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A região da Área Metropolitana de Lisboa continua a ser a mais movimentada do mercado, com mais de 44 mil casas compradas no último ano, mas é na Área Metropolitana do Porto que se verifica uma grande evolução: 24.659 imóveis transacionados, mais quatro mil que no ano anterior - um crescimento de 19,3%.

Para Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, a chave está no número de fogos licenciados, que leva a uma maior oferta - e consequentemente, maior número de casas transacionadas.

“Do ponto de vista da atividade de construção nova, de aumento de oferta, quer a cidade do Porto, quer a cidade de Gaia, foram os dois municípios a nível nacional com maior volume de licenciamento de obras e fogos”, afirma o especialista no mercado imobiliário.

Olhando aos números mais recentes do INE, de 2023, a diferença de fogos licenciados em Vila Nova de Gaia e Porto para outros concelhos do país é assombrosa: o primeiro liderou destacado, com 3.355 fogos, seguido de Porto, com 1.563. O concelho seguinte, Braga, teve apenas pouco mais de mil e todos os outros nem ultrapassaram esta fasquia.

No Grande Porto foram licenciados mais de sete mil fogos nesse ano, uma subida de 90% nos últimos cinco anos. Só o concelho de Vila Nova de Gaia cresceu mais de 180% no licenciamento, a Maia quase 320% e Oeiras 175%.

Por comparação, o número de fogos licenciados na Península de Setúbal foi o mais baixo dos últimos cinco anos e no concelho de Lisboa foram registados 820 novos fogos, um valor inferior a 2019.

Outro fator que pode explicar o aumento de oferta no Grande Porto é a imigração, explica Ricardo Guimarães: “É a segunda região metropolitana mais barata, depois de Lisboa. Numa fase em que Portugal continua a atrair muita procura de imigrantes, que se calhar numa primeira fase procuraram mais Lisboa, agora procuram geografias mais atrativas e, por comparação, mais baratas.”

No resto do país, os números da Confidencial Imobiliário apontam para um crescimento substancial na Área Metropolitana de Lisboa (mais 14% em 2024) e no Centro (subida de (13%), enquanto no Alentejo foram vendidas mais 776 casas do que em 2023 (subida de 11%) e no Norte o crescimento na compra e venda de casa foi de 9%.

Em sentido contrário, no Algarve, o número de casas transacionadas desceu: foram 11.098 em 2024, cerca de menos três centenas do que no ano anterior.

O grande volume de transações acontece no mercado de habitações usadas (85%), com as novas habitações a representarem cerca de 15% das transações.

Ricardo Guimarães defende que o mercado continua a ser “muito rígido” do ponto de vista da oferta e que “seguramente” haveria mais casas compradas e vendidas se fosse reduzida a burocracia na fase de licenciamento de fogos.

A Confidencial Imobiliário não tem ainda números sobre os municípios onde foram transacionadas mais casas, mas o responsável avança que Lisboa e Porto, devido à “pressão da procura”, são dos mercados que menos valorizam no contexto metropolitano.

Números do INE confirmam maior aumento a Norte, descida no Algarve

A Renascença consultou também os indicadores do Instituto Nacional de Estatística, disponíveis apenas até ao terceiro trimestre de 2024 e encontraram um cenário semelhante ao dos números da Confidencial Imobiliário.

Até setembro do ano passado, foram compradas e vendidas 111.111 casas - cerca de mais nove mil que no ano anterior. Destas, mais de 95 mil foram a famílias e quase 104 mil tiveram como comprador um português e cerca de sete mil um comprador estrangeiro.

Por regiões, no Norte foram registadas mais de 33 mil transações nos primeiros três trimestres - um crescimento de 11,6% no Norte (que engloba a Área Metropolitana do Porto e o Norte dos números acima), enquanto na Grande Lisboa foram registadas 21 mil compras e vendas de casa (subida de 10,8%) e na Península de Setúbal cerca de 10 mil (crescimento de 11,1%). Ambas as regiões, juntas, fazem a Área Metropolitana de Lisboa.

Os números do INE confirmam também a queda no número de casas vendidas no Algarve: foram menos de oito mil nos primeiros nove meses do ano passado, uma quebra de 8,5% em relação aos números de 2023.

Em números divulgados pelo Banco de Portugal (BdP) esta terça-feira, foi alcançado em 2024 o maior montante de sempre em novos contratos de crédito à habitação num ano: 17,6 mil milhões de euros - mais 4,5 mil milhões do que no ano anterior.

Em comunicado, o BdP indicou que para a subida contribuiu principalmente o crédito concedido a jovens com menos de 35 anos, que representou 47% do montante de novos contratos para habitação própria permanente aprovados a partir de agosto do ano passado.

Estes aproveitaram da isenção de IMT e de imposto de selo na compra da primeira habitação, uma medida que os jovens que compraram casa nos seis meses anteriores - 37% dos novos contratos para habitação própria - não tiveram direito.

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