Autárquicas 2025

Qual é o concelho mais rico em Portugal? E qual viu os salários crescerem mais?

06 out, 2025 - 07:00 • Diogo Camilo

No interior do Alentejo, uma mina faz de Castro Verde o concelho com os ordenados mais altos. Em Gavião, onde vivem pouco mais de três mil pessoas, a média de salários cresceu 50% em três anos. Oeiras está entre os municípios que lideram tanto a nível de salários como de poder de compra. Habitantes da Área Metropolitana de Lisboa foram os que viram a riqueza crescer menos nos últimos 15 anos.

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Em cinco concelhos do país, os seus habitantes em média não ganham mais do que 1.000 euros por mês - já com subsídios e outros bónus associados. Por contraste, noutros cinco concelhos que incluem Oeiras, Alcochete ou Sines, a média de rendimentos dos munícipes ultrapassa os 2 mil euros.

O concelho de Oeiras é também um dos que lideravam o pódio do poder de compra concelhio em 2021, na altura das últimas eleições autárquicas, a par de Lisboa e Porto. Juntos, representavam mais de 15% da capacidade de municípios em adquirirem bens e serviços, e que provam a diferença entre os concelhos mais ricos e os mais pobres do país.

Neste indicador, que foi estudado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) pela última vez há quatro anos, Lisboa tinha 86% mais poder de compra que a média nacional dos concelhos, enquanto Oeiras tinha 65% mais e Porto 47% a mais. Por contraste, entre os 308 concelhos do país, em 90% deles - 277 municípios - o poder de compra ficava abaixo da média nacional.

No fim da tabela estavam concelhos como Ponta do Sol e Porto Moniz, na Madeira, Penamacor em Castelo Branco e Vinhais em Bragança, onde os seus habitantes têm um poder de compra cerca de 40% menor que a média do país e 120% menor que os lisboetas.

Por regiões, a Área Metropolitana de Lisboa liderava o PIB per capita, com cerca de 26,5 mil euros de riqueza por habitante, seguida dos habitantes do Alentejo Litoral, com 25 mil euros de riqueza, de Aveiro (21 mil euros), de Leiria e Baixo Alentejo, com 20 mil.

No entanto, os habitantes de Lisboa foram os que viram o PIB crescer menos nos últimos 15 anos - um crescimento de 12% desde 2009 -, enquanto a região do Ave viu o PIB per capita subir mais de 50% no mesmo período.

Castro Verde lidera salários, em Gavião cresceram 50% em três anos

Não é Lisboa, nem Porto, nem Oeiras. O concelho onde a média salarial é a mais alta do país fica em Castro Verde, no distrito de Beja. E tudo é explicado pela Somincor, que explora a Mina de Neves-Corvo e produz concentrados de cobre, zinco e chumbo.

A empresa fez crescer a economia local e o ganho médio mensal está nos 2.479 euros - já com suplementos e subsídios -, com a média salária a subir mais de 400 euros nos últimos quatro anos.

Em segundo lugar estão outros concelhos de indústria, como Sines e Alcochete, com ganhos mensais médios também acima dos dois mil euros.

Oeiras é o quinto município com maiores rendimentos - 2.100 euros -, enquanto Lisboa e Porto surgem logo a seguir - 1.985 euros e 1.761 euros, respetivamente.

Ao todo, apenas 21 concelhos do país apresentam um ganho médio mensal superior ao da média nacional - de 1.460 euros por mês -, enquanto os outros 287 municípios apresentam ordenados médios abaixo da média nacional.

Do outro lado, Penedono, no distrito de Viseu, é o concelho com o ganho médio mensal mais baixo - apenas 952 euros em 2023, quando o salário mínimo estava nos 760 euros.

Em Gavião, os salários cresceram 50% desde 2021, registando a maior subida desde as últimas eleições autárquicas - dos 850 euros para os 1.250.

Já Cinfães foi o único concelho do país onde a média de rendimentos caiu nos últimos anos, descendo dos 1.138 euros para os 1.080 euros.

Desemprego fica abaixo dos 5% na maioria dos concelhos

Um dos grandes indicadores que está relacionado com o poder de compra e com as médias salariais em cada concelho é o do desemprego.

Entre a população com idade ativa, Castro Verde tinha apenas 3,2% de desempregados em 2024, enquanto esta percentagem é mais alta em concelhos do Alentejo, como Mourão (Évora), Moura (Beja), Odemira (Beja) e Monforte (Portalegre), todos com taxas de desemprego acima dos 10%.

Além destes, também Murça, no distrito de Vila Real, e Moimenta da Beira, em Viseu, são dos municípios com mais desemprego.

Do lado contrário, Trancoso tem a menor percentagem de desempregados registados no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) em relação à população em idade ativa, com 2%.

Em 169 municípios do continente, a taxa de desemprego fica abaixo dos 5%, sendo superior a 10% em apenas sete concelhos.

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