09 out, 2025 - 20:56 • Diogo Camilo
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O Governo entregou esta quinta-feira a proposta de Orçamento do Estado para 2026 e o documento inclui medidas para jovens, idosos, alívios fiscais para famílias e empresas, incentivos na habitação e para jovens desempregados.
Apesar de ter sido entregue na Assembleia da República, a proposta de lei terá ainda de ser aprovada, com o debate e votação a estarem marcados para os dias 27 e 27 de outubro. Se aprovado, o documento entra no caminho da especialidade, com audições até 7 de novembro e debate e votação nos dias 20 e 21 de novembro. O debate e votação final global estão marcados para os dias 24, 26 e 27 de novembro.
Uma das medidas que acontece todos os anos é o aumento do Salário Mínimo Nacional, que sobe dos atuais 870 euros para pelo menos os 920 euros - um crescimento de 50 euros como no ano passado e de 5,75%.
O valor será o patamar mínimo de isenção do IRS para 2026, de acordo com o documento da proposta de Orçamento do Estado para 2026, equivalente ao "maior valor entre 12.180 euros e 1,5 × 14 × IAS".
Na apresentação do documento, o ministro Joaquim Miranda Sarmento não referiu estes 920 euros como um valor fechado, remetendo a discussão para a Concertação Social.
No caso da Função Pública, a remuneração base deve subir para os 934,99 euros em 2026, tendo em conta reuniões com sindicatos.
Isto significa que, com o mínimo de existência proposto, os funcionários públicos vão continuar a ter de pagar IRS.
No relatório, o Governo indica que a atualização tem um impacto orçamental de 85 milhões de euros, enquanto o aumento do salário mínimo tem um impacto de 116 milhões de euros.
OE 2026
Documento foi entregue um dia antes do fim do praz(...)
Esta é mais uma não-novidade deste Orçamento do Estado: o Governo propôs aumentos de 2,15% no próximo ano para os funcionários públicos.
O acordo com as três federações sindicais da Administração Pública prevê aumentos de, pelo menos, 56,58 euros para vencimentos brutos mensais de até 2.631,62 euros e um mínimo de 2,15% para ordenados superiores em 2026.
Para 2027 e 2028, o acordo estabelece um aumento de, pelo menos, 60,52 euros ou um mínimo de 2,3%.
Atualmente, o salário mínimo nacional é 870 euros e a base remuneratória da Administração Pública (vulgarmente conhecida por salário mínimo do Estado) é de 878,41 euros.
O aumento de salários tem um custo de 512 milhões de euros, a que se somam 262 milhões de euros em acordos salariais.
Outra das mexidas deste OE2026 é nos escalões de IRS: uma subida de 3,51% nos escalões e a redução das taxas marginais do 2.º ao 5.º escalão, anunciadas pelo Ministério das Finanças, vai levar a pequenas poupanças ao final do ano de 2026, na ordem entre os 25 e os 125 euros.
Contas feitas, segundo as simulações da consultora EY para a Renascença, a proposta do Orçamento do Estado para 2026 vai permitir que um solteiro sem filhos com um salário bruto de 1.500 euros possa poupar 24 euros e 59 cêntimos no próximo ano, recebendo um salário líquido de 1.153,09€ - um aumento residual de 1,76€ por mês em relação ao que passou a receber neste mês de outubro, depois da última atualização dos escalões de IRS.
Para salários de 2.000 euros brutos mensais, a EY projeta salários líquidos de 1.475 euros com poupanças mensais de 3,26€ e de poupanças anuais de 45,59€ para um solteiro sem filhos, enquanto um casado com dois filhos tem poupanças de 6,51€ por mês e de 91,18€ por ano.
Segundo o Governo, a redução adicional das taxas de IRS tem um impacto orçamental de 111 milhões de euros.
A proposta do Orçamento do Estado inclui o aumento do Complemento Solidário para Idosos (CSI), dos 630 para os 672 euros, tal como Luís Montenegro já tinha anunciado no último domingo, durante a campanha das eleições autárquicas.
A medida terá um custo de 140 milhões de euros, segundo o Governo.
Eis outra medida que já tinha sido anunciada pelo Governo de Luís Montenegro: os jovens com menos de 30 anos desempregados vão poder acumular 35% do subsídio de desemprego com um novo salário.
O IRT Jovem vai estar em vigor até 30 de junho de 2026 e, para beneficiar dele, é preciso estar inscrito no IEFP, ter um contrato de trabalho e candidatar-se no portal do IEFP no prazo de 30 dias após o início do contrato.
O apoio irá valer até ao fim do subsídio ou do contrato, seja ele o que ocorrer primeiro.
Este é um regime especial para jovens que já estava em vigor e que vê agora os limites aumentar, com a isenção do IMT a estender-se até aos 330.539 euros.
A medida aplica-se a compradores entre os 18 e os 35 anos, que adquiram habitação própria e permanente.
Orçamento do Estado
A proposta para o Orçamento do Estado mantém as co(...)
Além do IMT Jovem, as casas até 106.346 euros vão ficar isentas de IMT em 2026.
O escalão seguinte, entre mais de 106.346 e 145.470 euros, passa a ter uma taxa marginal de 2% e uma taxa média de 0,5379%.
Acima disso, as taxas vão subindo progressivamente até aos 8%, com dois escalões a aplicar taxas únicas de 6% e 7,5% para imóveis de valor mais elevado.
Outra das medidas que já foi anunciada nas últimas semanas é a da redução do IVA para 6% da construção de casas até aos 648 mil euros.
Anunciada em Conselho de Ministros no final de setembro, a medida engloba um teto máximo de 2.300 euros para as rendas que venham a ser praticadas para os imóveis destinados ao arrendamento.
São duas medidas fiscais para a habitação que começam a ser aplicadas em 2026, mas que a tributação só terá impacto orçamental em 2027.
As medidas incluem a redução do IRS, 25% para 10%, aplicada aos senhorios nas chamadas "rendas moderadas" - até 2.300 euros mensais - e a dedução à coleta das rendas pagas pelos inquilinos, até ao limite de 900 euros anuais, que apenas serão declaradas no ano seguinte.
Na proposta do Orçamento do Estado, o Governo prevê o descongelamento de propinas e a subida das mesmas para os 710 euros, mais 13 euros que os atuais 697 euros.
A proposta já tinha sido anunciada pelo ministro da Educação, Fernando Alexandre, no início do mês passado, com o mesmo a explicar que o aumento tem em conta a taxa de inflação de 2025.