09 out, 2025 - 15:25 • Diogo Camilo
Em apenas cinco meses, o Governo baixou as suas expetativas e prevê agora uma taxa de desemprego menor, mas menos crescimento económico e menor redução da dívida pública para 2026 do que prometia a AD em maio, no programa eleitoral das legislativas.
No documento do Orçamento de Estado para 2026, o Ministério das Finanças aponta aos 2% de crescimento do PIB para este ano e de 2,3% do PIB para 2026, quando a próprio PSD e CDS prometiam subidas do PIB de 2,4% e 2,6 para os mesmos anos. Isto tudo depois de, em 2024, o PIB ter crescimento mais do que a AD estimava - 2,1%, contra os 1,9 projetados.
A aliar ao crescimento económico, o Governo também reduz as suas expetativas na redução da dívida pública em relação ao que prometia há apenas cinco meses: dos 93,6% para os 87,8% do PIB até 2026, uma projeção menor do que anunciava para as legislativas, pese embora a trajetória para 2024 tenha sido mais favorável do que se perspetivava (94,9%).
O Governo prevê ainda que a taxa de desemprega desça até aos 6,1% em 2025 e 6% em 2026, uma queda em relação aos 6,4% registados no ano passado e as percentagens mais baixas dos últimos 20 anos. Esta percentagem fica acima da previsão da AD no programa orçamental das últimas legislativas, que se mantinha nos 6,4% por três anos.
O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, salientou na conferência de imprensa de apresentação do documento, em Lisboa, que "a economia tem sido caracterizada por uma fortíssima criação de emprego", pelo que se espera uma taxa de desemprego em torno dos 6% este ano e no próximo.
Sobre o saldo orçamental, o Governo prevê um excedente de 0,1% para 2026, abaixo da estimativa para este ano (0,3%), e semelhante ao que a AD já perspetivava para estes anos.
Em relação a importações e exportações, o Governo prevê muito menos receita de exportações do que antecipava no seu programa eleitoral (1,5% do PIB para 2025 do que os 2,2% que prometia) e também muito mais despesas em importações (4% do PIB em 2025, em relação aos 2,8% que prometia).
OE 2026
Documento foi entregue um dia antes do fim do praz(...)
Nestes números está contemplado um impacto negativo ligeiro das tarifas dos Estados Unidos da América, que o Ministério das Finanças antecipa prejudicarem o PIB em 0,01 pontos percentuais este ano, em 0,15 pontos em 2026 e em 0,05 pontos em 2027.
"Atendendo a que o choque foi aplicado no último trimestre deste ano, os impactos em 2025 são baixos (-0,01 pp [pontos percentuais]), aumentando em 2026", lê-se na proposta entregue esta quinta-feira no parlamento.
Assim, a simulação feita pelo Governo aponta para a tarifa de 15% imposta pelos EUA sobre as exportações europeias tenha um impacto na taxa de crescimento do PIB português em torno dos -0,15 pp em 2026, dos quais -0,06 pp em impactos diretos. Já em 2027, "o impacto indireto do choque é menos negativo, dado que os impactos negativos no crescimento das restantes economias europeias moderam, subsistindo essencialmente impactos diretos, que se traduzem num impacto total de cerca de -0,05 pp", acrescenta.