15 out, 2025 - 20:42 • Diogo Camilo
Portugal é o país da União Europeia com as casas mais sobrevalorizadas e o segundo onde os preços reais da habitação mais cresceram na última década, apenas atrás da Hungria.
Segundo um relatório divulgado pela Comissão Europeia esta terça-feira, em média, o preço a que as casas são vendidas em Portugal é 35% superior ao seu valor real. Além disso, Portugal "é o único país europeu onde esta sobrevalorização aumentou significativamente em 2024".
Na investigação, Bruxelas indica que os preços da habitação estão 10% a 20% acima da sua avaliação em alguns países como o Luxemburgo, Países Baixos, Áustria, Grécia, República Checa, Suécia e Letónia, enquanto em países como Itália, Finlândia ou Roménia, os preços das casas estão abaixo do seu valor real.
A Comissão Europeia indica ainda que há "provas de que Portugal é o único país da União Europeia onde o turismo teve um grande impacto no preço das casas".
Na última década, desde 2014, Portugal é dos poucos países - a par de Hungria, Lituânia, Bulgária, Polónia, Estónia e República Checa - onde os preços das casas mais do que duplicaram, sendo o segundo país onde o preço real da habitação mais cresceu neste periodo.
Portugal lidera, não só no preço das casas, como na procura: é o segundo com maior índice de compra, apenas atrás do Chipre, e à frente de Espanha e Itália. No entanto, 45% dos jovens continuam a viver com os pais e Portugal foi um dos países onde a capacidade de empréstimo caiu com a subida das taxas de juro, a par de países como França, Eslováquia ou Luxemburgo.
Entre os países para os quais há números, Portugal é ainda dos que menos investe em habitação pública (apenas 0,02% do seu PIB) e o segundo país com menor percentagem de habitação pública (apenas 1,1% das casas em 2022, menos que os 2% de habitação pública em 2010).
Em termos de dias que levam a completar todos os procedimentos de construção, Portugal nem tem dos processos mais morosos: 160 dias - cerca de cinco meses e meio -, ligeiramente abaixo dos seis meses que são a média na União Europeia. Os países com procedimentos mais céleres são Dinamarca e Finlândia, na casa dos dois meses, e o mais prolongado é o Chipre, com um tempo médio de mais de 500 dias.
O relatório aponta ainda que a "oferta limitada está na origem do forte aumento dos preços das casas" e que, na última década, "a construção de novas habitações não acompanhou o crescimento da procura, e o número de novas construções manteve-se em níveis historicamente baixos".
A investigação reforça a necessidade do acesso à habitação a preços acessíveis, referindo que um aumento da oferta "tende a reduzir" os preços e que existem políticas que "limitam a oferta e fazem subir os preços".
O estudo indica ainda que medidas como deduções fiscais, isenções ou subsídios ao pagamento de hipotecas, que facilitam o acesso à habitação a curto prazo, "aumentam a procura e alimentam o crescimento dos preços ao longo do tempo".