HORA DA VERDADE

Ferro Rodrigues pressiona Vitorino: "Não vai deixar o PS descalço" nas presidenciais

10 abr, 2025 - 07:00 • Susana Madureira Martins (Renascença) e Helena Pereira (Público)

Ex-presidente do Parlamento pede que o aumento de investimento na Defesa seja feito “de maneira o mais compatível possível” com as áreas sociais. Sobre a possibilidade de regresso do serviço militar obrigatório, Ferro Rodrigues considera que “é cedo para isso”.

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Ferro Rodrigues admite bloco central e pressiona Vitorino
Ferro Rodrigues admite bloco central e pressiona Vitorino

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Eduardo Ferro Rodrigues, ex-presidente da Assembleia da República e antigo líder do PS, está convicto que António Vitorino irá avançar com uma candidatura à Presidência da República e que não vai deixar o partido “descalço”.

Em entrevista ao programa Hora da Verdade, da Renascença e do jornal Público, Ferro Rodrigues diz que “não é nova” a presença de tropas portuguesas em cenários de guerra, mas espera que “não se chegue ao ponto” participações em guerra aberta.

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Sobre as tarifas impostas à União Europeia pela Administração dos Estados Unidos da América, o antigo presidente do Parlamento lamenta que, ao contrário da Espanha, o Governo português não tenha anunciado no mesmo dia apoios às empresas portuguesas. “Em Portugal, o Conselho de Ministros reuniu, entre aspas, no Mercado do Bolhão para um comício nunca visto, como se nada tivesse acontecido”, diz o antigo líder do PS.

Se Portugal vier a gastar mais dinheiro na Defesa, corre o risco de destapar outras áreas?

Tem de ser feito tudo de maneira o mais compatível possível. Quando se diz que não destapa nada, não é possível, porque nem que seja teremos o endividamento externo a aumentar. É diferente ter um endividamento externo mais relacionado com o setor militar e com a Defesa do que com as áreas sociais ou com o pagamento de pensões.

Devia discutir-se, em Portugal, o regresso do serviço militar obrigatório?

É cedo para isso. Quando foi o fim do serviço militar obrigatório, é evidente que compreendi a medida, mas penso que o serviço militar tinha uma coisa muito importante para a própria democratização do país: o relacionamento que existia entre pessoas de várias condições, de classes sociais, durante um período em que era muito importante, evidentemente, com exceção da guerra colonial, que essa era a parte mais negativa de todo o serviço militar.

A transformação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas profissionais, do ponto de vista técnico, parece ser muito positiva, mas vamos ver qual é o destino da exclusiva profissionalização das Forças Armadas.

Pode não ser de excluir esse regresso do serviço militar obrigatório a prazo?

Pode não ser obrigatório, pode não ser só militar, porque a necessidade da Defesa não se confunde apenas com a necessidade dos militares, também tem que ver com a necessidade das pessoas de se defenderem em áreas como a saúde, em áreas como o futuro e a velhice, e, portanto, também, o facto das pessoas darem algum tempo da sua vida a servirem os outros é algo que pode ser ou pode voltar a ser colocado na agenda política daqui a alguns anos.

Está a imaginar tropas portuguesas em cenários de teatros de guerra?

Não é uma coisa nova. Tivemos várias forças de intervenção de paz, algumas infelizmente com algumas baixas. Os portugueses são muito bem vistos pela comunidade internacional, como se viu, por exemplo, em Timor.

Agora, em cenários de guerra aberta, não estou a ver. Espero que não se chegue a esse ponto.

Com as tarifas impostas por Donald Trump à União Europeia, antecipa que possamos ter uma nova crise de inflação?

Já foi tudo dito sobre a medida, até por Elon Musk que qualificou o responsável pelo Comércio norte-americano com a inteligência de um conjunto de tijolos. A principal potência mundial está mal entregue e vamos ver se o eleitorado americano não vai corrigir mais depressa do que se pensa alguns dos excessos que este senhor está a cometer e que podem levar o mundo inteiro a uma grande tragédia.

A economia de Portugal pode vir a ressentir-se e é preciso preparar as pessoas para isso?

Eu fico muito espantado que, no mesmo dia em que em Espanha, se fez uma exposição para a opinião pública sobre as medidas que iria imediatamente tomar para apoiar as empresas que eram vítimas deste ataque com taxas aduaneiras brutais, em Portugal o Conselho de Ministros reuniu, entre aspas, no Mercado do Bolhão para um comício nunca visto, como se nada tivesse acontecido.

Ainda alimenta a expectativa de que António Vitorino venha a ser candidato às eleições presidenciais?

Parece-me óbvio que se [António Vitorino] fosse para não ser candidato, já devia ter assinalado como fez o governador do Banco de Portugal [Mário Centeno] que era uma pessoa de quem se falava.

Portanto, está otimista?

Estou. António Vitorino, para além de ter grandes qualidades políticas e pessoais e técnicas, tem um grande amor à camisola e ao Partido Socialista e, portanto, não vai deixar o Partido Socialista descalço. É a minha opinião, mas não tenho nenhuma fonte, nem próxima, nem menos próxima, que possa dar garantias de que isso vai acontecer. Espero que isso aconteça, sinceramente.

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