06 jun, 2024 - 18:49 • Diogo Camilo
Uma subida da direita conservadora, ligeiras descidas ao centro e “trambolhões” de verdes e liberais. A União Europeia começa esta quinta-feira a votar nas eleições e sondagens por toda a Europa mostram que o cenário mais provável é o Parlamento Europeu acordar a 10 de junho sem uma maioria visível e com muitos pontos de interrogação.
Projeções do Politico, Euronews e da plataforma Europe Elects colocam o Partido Popular Europeu (EPP) como o mais votado, mas a perder mandatos em relação às eleições de 2019, quando conseguiram 187. No melhor cenário, o grupo político consegue 183, o que, a confirmar-se, será a quarta queda consecutiva da centro-direita no Parlamento Europeu, desde 2009.
Em Portugal, as sondagens apontam para um empate técnico entre PS e AD que só se deverá resolver no dia das eleições, enquanto o Chega tem vindo a perder fôlego durante a campanha e a Iniciativa Liberal tem ganho ímpeto e pode chegar aos dois mandatos. Bloco de Esquerda e CDU deverão perder eurodeputados em relação a 2019 e o Livre tem tudo para conseguir a eleição do candidato surpresa, Francisco Paupério.
A nível europeu, o EPP tem vindo a subir ligeiramente nas sondagens desde o final do ano passado, segundo o acompanhamento do Europe Elects, projeto do grupo independente Euractiv, enquanto o grupo do Identidade e Democracia (ID) de eurocéticos tem vindo a perder fôlego durante a campanha e recebeu um duro golpe ao excluir o AfD, da Alemanha. Os socialistas do S&D e os liberais do Renovar Europa mantêm-se estáveis nas sondagens, enquanto os Verdes recuperaram nas semanas de campanha e a Esquerda caiu.
Os Países Baixos são o primeiro país a ir às urnas, esta quinta-feira, e as eleições deverão começar com uma vitória da extrema-direita, do Partido para a Liberdade de Geert Wilders, que nas europeias de 2019 não tinha conseguido qualquer eurodeputado.
As projeções dão-lhe entre 8 a 9 dos 31 mandatos dos Países Baixos, com uma coligação entre os socialistas do Partido Trabalhista do ex-vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, e a Esquerda Verde a conseguir 7 a 8 eurodeputados e os liberais do VVD do ainda primeiro-ministro Mark Rutte a terem 5 eurodeputados, mais um do que tinha conseguido em 2019.
No dia 7 de junho vai a votos a Irlanda, onde o partido de esquerda Sinn Féin lidera as sondagens, seguido do Fine Gael da centro-direita e dos conservadores do Fianna Fáil.
Na República Checa, as eleições dividem-se entre sexta-feira e sábado. Os populistas do ANO, que pertencem ao grupo do Renew, lideram as sondagens, seguidos do SPOLU, uma coligação de três partidos de centro-direita em que um deles pertence ao grupo político europeu conservador, o ECR, e os outros dois ao EPP.
Para que serve o Parlamento Europeu? E as outras (...)
A 8 de junho vão a votos a Eslováquia, a Letónia e Malta. Na Eslováquia, o partido à frente nas sondagens é o socialista Smer, que foi suspenso do grupo dos Socialistas e Democratas durante o último mandato, seguido dos liberais do PS. Na Letónia, quem lidera é a Aliança Nacional de extrema-direita, seguido do centro-direita da Nova Unidade, que pertence ao EPP. Em Malta, o Partido Nacionalista da presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, deverá perder para o Partido Trabalhista de centro-esquerda.
Na Itália, as eleições também se dividem por dois dias, sábado e domingo. Os Irmãos de Itália, o partido da primeira-ministra Giorgia Meloni, lidera confortavelmente as sondagens, seguido do Partido Democrata de centro-esquerda. O Movimento de Cinco Estrelas, que não pertence a nenhum grupo político, ronda os 15% de intenções de voto, enquanto a Liga de extrema-direita de Matteo Salvini está apenas nos 8% a 9%.
No dia 9 de junho vão a votos a grande parte dos Estados-membros. Na Alemanha, onde são eleitos 96 eurodeputados, o líder das sondagens é a coligação de centro-direita da CDU da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que pertence ao EPP.
A AfD, de extrema-direita, tem vindo a cair nas sondagens nos últimos meses depois dos comentários do seu cabeça de lista, Maximilian Krah, sobre as SS nazis, referindo que “nem todos eram criminosos”. Ainda assim, o partido deverá ter um melhor resultado em relação a 2019, quando conseguiu 11% e 11 eurodeputados.
Na França, o líder das sondagens é a Frente Nacional de Marine Le Pen, com mais do dobro das intenções de voto da coligação que inclui o Renaissance, de Emmanuel Macron. O partido de extrema-direita, que já tinha sido o mais votado em 2019, ronda os 33% de intenções de voto, o que lhe poderá dar 30 dos 79 lugares franceses no Parlamento Europeu.
Em Espanha, o PP e o PSOE estão numa luta renhida que deverá pender para os conservadores de centro-direita que voltam a ter Dolors Montserrat como cabeça de lista. As sondagens colocam os socialistas, partido de Pedro Sánchez e do vice-presidente da Comissão Europeia, Josep Borrell, com uma votação semelhante à de 2019.
O Vox, de extrema-direita e que pertence ao ECR, é o terceiro partido mais votado, com cerca de 10% das intenções de voto e entre 6 a 7 eurodeputados - nas últimas eleições tinham conseguido apenas quatro.
Eleições Europeias
As sondagens apontam para a vitória da extrema-dir(...)
Na Polónia, o Lei e Justiça do presidente Andrzej Duda concorre coligado com outro partido de extrema-direita, mas as sondagens colocam-no empatado com a Coligação Civil, de Donald Tusk, que junta partidos de centro-direita e liberais.
Na Roménia, as sondagens apontam para uma vitória confortável da coligação CNR, que junta o partido da centro-direita, o PNL, e o de centro-esquerda, o PSD. Na Hungria, o Fidesz de Viktor Orban concorre coligado com o KDNP e deverá conseguir perto de 50% nas eleições deste domingo, acima do resultado que obteve nas últimas eleições. Resta saber a que grupo político europeu se juntará.
Na Bélgica, as eleições são divididas entre a região que fala holandês - onde o VB, de extrema-direita, deverá ser o mais votado - e a região francesa do país - onde os socialistas do PS recolhem mais intenções de voto.
A população está preocupada com a inflação e a pol(...)
O Nova Democracia, de centro-direita, deverá vencer confortavelmente na Grécia, seguido do Syriza, de esquerda, com cerca de 15%. Na Suécia, as sondagens dão a vitória aos socialistas, enquanto na Áustria a vitória deverá cair para o partido de extrema-direita FPO.
E em países mais pequenos? Na Bulgária, na Finlândia, na Croácia, no Luxemburgo e na Eslovénia, os partidos de centro-direita do EPP deverão vencer, enquanto na Dinamarca e Estónia, os socialistas aparecem à frente nas sondagens.
Na Lituânia, as sondagens mostram-se divididas entre a coligação de centro-direita e o partido de centro-esquerda, o LSDP, enquanto no Chipre, a luta está entre o DISY, de centro-direita, e o AKEL, de esquerda.
Parlamento Europeu
Nas primeiras eleições, o crescimento foi tímido. (...)
As sete sondagens divulgadas no último mês e meio mostram várias realidades. Será muito difícil ao PS voltar a conseguir os nove mandatos que conquistou nas últimas eleições: apenas um dos inquéritos mostram os socialistas a igualarem o resultado de 2019, enquanto duas sondagens dão oito eurodeputados e três colocam o partido a conseguir sete mandatos.
Quanto à Aliança Democrática, as sondagens dão à coligação entre cinco e oito eurodeputados, depois do PSD ter conseguido seis e o CDS um nas últimas eleições. Mais de metade dos inquéritos atribuem exatamente sete eurodeputados à AD, com o melhor resultado a dar oito mandatos.
Eleições Europeias
Marta Temido perde o primeiro lugar nas sondagens (...)
O Chega deverá ser o grande vencedor destas europeias: três das sondagens dão quatro eurodeputados e outras três dão três mandatos, mas dois estarão pelo menos garantidos. Em 2019, o partido ainda estava em processo de legalização e concorreu coligado com Partido Popular Monárquico (PPM), Partido Cidadania e Democracia Cristã (PPV/CDC) e o Movimento Democracia 21, conseguindo apenas 1,5% dos votos.
Outro dos vencedores é a Iniciativa Liberal. Depois de menos de 1% em 2019, os liberais deverão entrar no Parlamento Europeu: todas as sondagens colocam o cabeça de lista Cotrim de Figueiredo a ser eleito e três delas até levantam o cenário de mais do que um eurodeputado.
Estudo da Aximage indica que Iniciativa Liberal e (...)
O Bloco de Esquerda poderá perder um dos seus eurodeputados, com apenas uma das sondagens a manter o partido com os dois mandatos que conquistou em 2019. Já a CDU poderá perder mesmo os dois eurodeputados que tinha até aqui: das sete sondagens, apenas duas têm João Oliveira, o cabeça de lista dos comunistas, a ser eleito.
Do lado contrário, Francisco Paupério, o candidato surpresa do Livre, tem grandes hipóteses de ser eleito. Entre 2 e os 7% nas sondagens, o partido que pertence ao grupo político dos Verdes consegue um mandato em cinco das sete sondagens divulgadas no último mês e meio.
Já o PAN terá poucas chances de eleger: apenas uma sondagem coloca Pedro Fidalgo Marques em posição de entrar no Parlamento Europeu, com 4%.
A projeção da Euronews, que agrega todas estas sondagens, coloca o PS e AD com sete mandatos, o Chega com quatro e Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda e Livre com um.