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EUA

Quem é o ex-militar suspeito do ataque em Nova Orleães? O que se sabe?

02 jan, 2025 - 17:30 • João Pedro Quesado

O FBI afirmou esta quinta-feira que não existe "ligação definitiva" entre a morte de 14 pessoas em Nova Orleães e a explosão de um Tesla frente ao Trump Hotel em Las Vegas. Shamsud-Din Jabbar, que pensou em atacar família e amigos, terá sido visto a colocar explosivos nas ruas da zona onde o ataque ocorreu.

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O FBI identificou na quarta-feira Shamsud-Din Jabbar, um homem norte-americano de 42 anos, como o autor do ataque de 1 de janeiro em Nova Orleães. O atropelamento intencional, um "ato de terrorismo", matou pelo menos 14 pessoas e provocou três dezenas de feridos entre as pessoas que celebravam a passagem de ano na Bourbon Street, uma das mais movimentadas na famosa cidade do Louisiana, nos Estados Unidos da América (EUA).

Segundo as primeiras informações divulgadas pelo FBI, a carrinha usada por Shamsud-Din Jabbar para levar a cabo o ataque tinha uma bandeira do auto-proclamado Estado Islâmico. O homem morreu no local do ataque depois de um tiroteio com as autoridades, em que dois polícias ficaram feridos.

Jabbar nasceu e cresceu no Texas, ao contrário do que Donald Trump – que é o Presidente eleito dos EUA – tem dito nas redes sociais. Serviu no exército dos EUA durante 13 anos, entre 2007 e 2015, como especialista de recursos humanos e também de informática, e esteve destacado no Afeganistão entre 2009 e 2010.

O FBI anunciou esta quinta-feira não existir “ligação definitiva” entre o ataque em Nova Orleães e a explosão em Las Vegas. A passagem de Jabbar pelo exército, onde terá servido na mesma base que o suspeito (ainda não identificado) da explosão do Tesla frente ao Trump Hotel, criou suspeitas de potenciais ligações. Contudo, o responsável da divisão de contra-terrorismo do FBI ressalvou que as investigações estão numa fase “muito inicial”.

Jabbar passou à reserva militar em 2015, em regime de part-time, mudando para a área da tecnologia de informação quando saiu do exército, de acordo com o “The Washington Post”. Jabbar abandonou definitivamente o exército em julho de 2020, tendo já completado um curso em sistemas de informação na Georgia State University.

Desde aí, Shamsud-Din Jabbar terá passado por vários negócios. Um homem com o mesmo nome foi detentor de uma licença de agente imobiliário entre 2019 e 2023, ano em que expirou. Num vídeo de 2020, entretanto removido do YouTube, um homem com o mesmo nome do suspeito afirmou que o tempo que passou como militar lhe ensinou a importância do serviço.

Desde 2021, Jabbar trabalhava numa das maiores consultoras do mundo, a Deloitte, uma informação confirmada pela empresa. Segundo a “BBC”, documentos do processo do segundo divórcio sugerem que ganhava cerca de 125 mil dólares por ano nesse emprego.

A “BBC” aponta ainda que o suspeito foi casado duas vezes, com o primeiro casamento a terminar em 2012 e o segundo a durar entre 2017 e 2022. Os documentos do segundo divórcio revelam problemas financeiros, com mais de 40 mil dólares em dívida relacionada com cartões de crédito, com a então esposa a dizer que Jabbar tinha feito “gastos desnecessários e irracionais”.

Ligação ao Daesh comprovada

As autoridades norte-americanas revelaram rapidamente que uma bandeira do auto-proclamado Estado Islâmico foi encontrada na carrinha utilizada para o ataque. Segundo as mais recentes informações do FBI, Jabbar juntou-se ao Daesh "antes do verão" de 2024. Também foi encontrada, na carrinha, uma arma com silenciador e potenciais explosivos.

Foram ainda encontrados explosivos em dois outros locais do quarteirão francês de Nova Orleães. O FBI disse esta quinta-feira ter provas, recolhidas por videovigilância, de que foi Shamsud-Din Jabbar a colocar esses explosivos na rua, dentro de arcas refrigeradoras.

Numa conferência de imprensa na quarta-feira, Joe Biden disse que o suspeito publicou vídeos nas redes sociais “meras horas antes do ataque”, a dizer que foi inspirado pelo Daesh e a exprimir um “desejo de matar”. Esta quinta-feira, o FBI especificou que foram cinco vídeos, entre as 1h29 e as 3h02 da manhã, e que no primeiro vídeo Jabbar explica que originalmente planeou o ataque contra "família e amigos, mas estava preocupado que as notícias não se focassem na "guerra entre os crentes e os não-crentes"".

O FBI acredita que Jabbar alugou a carrinha ao início do dia de quarta-feira, em Houston, no Texas. Numa conferência de imprensa esta quinta-feira, as autoridades declararam que mais ninguém esteve envolvido no ataque.

Os vídeos do ataque mostram Jabbar a contornar um carro da polícia para subir ao passeio e começar o ataque. “Este homem estava a tentar atropelar o máximo de pessoas que podia”, disse a chefe da polícia de Nova Orleães, Anne Kirkpatrick.

O FBI refere a morte de 14 pessoas no ataque em Nova Orleães, separando as vítimas do atropelamento intencional do suspeito, que também morreu.

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