22 jun, 2025 - 15:57 • Lusa com Reuters
O Parlamento iraniano recomendou este domingo o fecho do Estreito de Ormuz, cuja decisão final compete ao líder supremo da república islâmica, o ayatollah Ali Khamenei.
Reunida após o envolvimento militar dos Estados Unidos na ofensiva desencadeada por Israel contra o Irão, atacando instalações nucleares do país, a Assembleia Consultiva Islâmica, o parlamento iraniano, recomendou o encerramento daquele que é um dos principais corredores comerciais e económicos do mundo.
A decisão ainda precisa de ser ratificada por outros órgãos iranianos, incluindo o Conselho Supremo de Segurança Nacional, segundo explicou um deputado e general iraniano ouvido pela agência espanhola EFE.
O Estreito de Ormuz é um dos pontos estratégicos mais importantes do mundo, pelo qual passam cerca de 20% do petróleo mundial e uma parte significativa do gás natural, de modo que qualquer bloqueio terá um enorme impacto económico, nomeadamente na Europa.
Alguns países europeus dependem do petróleo e gás natural que importam dos países do Golfo e, por isso, um bloqueio do estreito poderia levar a uma escassez de energia.
Além disso, se o Irão aprovar o encerramento, os preços do petróleo vão disparar a nível mundial, o que aumentaria a inflação e os custos da energia, com efeito na economia mundial (indústria transformadora, transportes, agricultura).
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O estreito situa-se entre Omã e o Irão e liga o Golfo a norte ao Golfo de Omã a sul e ao Mar Arábico mais além.
Tem 33 quilómetros de largura no seu ponto mais estreito, e uma faixa de navegação com apenas três quilómetros de largura em qualquer direção.
Cerca de um quinto do consumo total de petróleo do mundo passa pelo estreito.
Entre o início de 2022 e o mês passado, entre 17,8 milhões e 20,8 milhões de barris de crude, condensado e combustíveis passaram diariamente pelo estreito, segundo dados da empresa de análise Vortexa.
A Arábia Saudita, o Irão, os Emirados Árabes Unidos, o Kuwait e o Iraque, membros da OPEP, exportam a maior parte do seu petróleo bruto através do estreito, principalmente para a Ásia. Os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita têm procurado encontrar outras rotas para contornar o estreito.
Cerca de 2,6 milhões de barris por dia de capacidade não utilizada dos oleodutos existentes nos Emirados Árabes Unidos e na Arábia Saudita poderiam estar disponíveis para contornar Ormuz, disse a Administração de Informação sobre Energia dos EUA em junho do ano passado.
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Em 1973, os produtores árabes liderados pela Arábia Saudita decretaram um embargo petrolífero aos apoiantes ocidentais de Israel na sua guerra com o Egito.
Se, na altura, os países ocidentais eram os principais compradores do petróleo bruto produzido pelos países árabes, atualmente a Ásia é o principal comprador do petróleo bruto da OPEP.
Os EUA mais do que duplicaram a sua produção de petróleo líquido nas últimas duas décadas e passaram de maior importador de petróleo do mundo a um dos maiores exportadores.
Durante a guerra Irão-Iraque de 1980-1988, as duas partes procuraram perturbar as exportações uma da outra,naquilo a que se chamou a Guerra dos Petroleiros.
Em julho de 1988, um navio de guerra dos EUA abateu um avião iraniano, matando todos os 290 passageiros a bordo, no que Washington disse ter sido um acidente e Teerão afirmou ter sido um ataque deliberado.
Em janeiro de 2012, o Irão ameaçou bloquear o estreito em retaliação às sanções dos EUA e da Europa. Em maio de 2019, quatro navios - incluindo dois petroleiros sauditas - foram atacados ao largo da costa dos EAU, fora do Estreito de Ormuz.
Três navios, dois em 2023 e um em 2024, foram apreendidos pelo Irão perto ou no Estreito de Ormuz. Algumas das apreensões seguiram-se a apreensões americanas de petroleiros relacionados com o Irão.