23 jun, 2025 - 18:44 • Salomé Esteves
Nos últimos dias, o conflito no Médio Oriente alastrou e os Estados Unidos entraram no jogo com o bombardeamento de três instalações nucleares no Irão, fazendo soar alarmes pelo mundo inteiro. Mas para perceber a atual troca de ataques, é preciso recuar a 13 de junho, quando os primeiros mísseis caíram sobre o Irão.
O objetivo inicial da operação Leão Ascendente ("Rising Lion"), disse Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, era “eliminar duas ameaças concretas e existenciais: a ameaça nuclear e a ameaça dos mísseis balísticos”. Nos primeiros dias, lê-se no britânico The Guardian, Israel destruiu 120 lançadores de mísseis iranianos — um terço da capacidade do país - e atirou a cerca de 80 alvos em Teerão, incluindo vários edifícios residenciais e o edifício do Ministério da Defesa.
Depois de o sugerir dias antes, Donald Trump ordenou que os Estados Unidos se aliassem a estes ataques contra o Irão no sábado passado, com a operação Martelo da Meia-Noite ("Midnight Hammer"). Ao contrário dos bombardeamentos dos dias anteriores, por Israel, que se espalharam pelo noroeste do Irão, os EUA foram precisos nos seus ataques. Os três alvos foram as maiores instalações nucleares iranianas: Natanz, Esfahan e Fordo. Esta última estação nuclear tem estado fora do alcance do exército israelita, por ser subterrânea e de difícil acesso.
Depois dos ataques iniciais por parte de Israel, que eliminaram várias figuras de destaque nas Forças Armadas iranianas, o Irão retaliou com uma série de ataques, especialmente em torno da capital israelita, Telavive. Segundo a CNN Internacional, o exército iraniano terá disparado cerca de 400 mísseis balísticos e mil drones contra Israel entre 13 e 21 de junho.
Pelo menos 430 pessoas morreram em solo iraniano, enquanto Israel registou 24 mortes, pelo menos.
Em 1974, o Irão iniciou um programa nuclear civil, sob o governo do xá Mohammed Reza Pahlavi, como símbolo do compromisso com o progresso científico. Depois da revolução de 1979, que transformou o Irão numa teocracia, o poder nuclear iraniano podia ser usado como um dissuasor e afastar ataques de potenciais ameaças. Muito do progresso da investigação nuclear no Irão foi feito em parceria com os Estados Unidos. Aliás, em 1967, os EUA apoiaram a construção de um reator de investigação em Teerão, de acordo com o The New York Times.
Hoje, o Irão tem uma estrutura nuclear diversa, desde o investimento em educação e formação, ao processamento de resíduos e à conversão nuclear. Muitas das instalações nucleares em funcionamento atualmente, incluindo a estação nuclear de Fordo, operam em infraestruturas no subsolo.
Líderes políticos por todo o mundo, como Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, e Kaja Kallas, chefe da diplomacia da União Europeia, ecoaram que o poder nuclear no Irão é perigoso e que a aquisição e construção de armas nucleares no país deve ser prevenida.
Mas, apesar da preocupação internacional, o Irão insiste que o seu programa nuclear é pacífico e que serve, sobretudo, propósitos energéticos.