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morte de Odair Moniz

"Focos de desordem" em várias zonas da Área Metropolitana de Lisboa

22 out, 2024 - 23:59 • Ricardo Vieira, com Lusa

​​Autocarros arderam no segundo dia de desacatos após a morte de Odair Moniz. Um suspeito foi detido com material incendiário. Há registo de incidentes nos concelhos de Amadora, Oeiras, Sintra, Lisboa, Loures e Odivelas.

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Dois autocarros arderam e uma pessoa foi detida com material combustível no segundo dia de tumultos após a morte de Odair Moniz, baleado por um agente da PSP na Cova da Moura.

Uma fonte policial adiantou, à agência Lusa, que “há focos de desordem" noutras zonas da Área Metropolitana de Lisboa, como Casal de Cambra (Sintra), Damaia e Cova da Moura (Amadora) e nos concelhos de Odivelas e Lisboa.

Ao final da tarde desta terça-feira, um autocarro da Carris foi furtado e incendiado no Bairro do Zambujal, no concelho da Amadora.

Duas pessoas foram assistidas no local por inalação de fumo e as autoridades pediram aos moradores para permanecerem dentro de casa, para evitar novos incidentes.

Após o incêndio no autocarro no Bairro do Zambujal, um suspeito foi detido pela polícia com material combustível, disse aos jornalistas o superintendente da PSP, Manuel Gonçalves.

O responsável da Polícia negou que a polícia tenha entrado na casa de moradores no âmbito da operação para restabelecer a segurança naquela zona.

Horas antes, cerca de 100 moradores participaram numa concentração pacífica, em protesto contra a morte de Odair Moniz, o homem que na segunda-feira morreu baleado por um agente da PSP na Cova da Moura.

“Queremos justiça”, disseram os manifestantes à reportagem da Renascença.

Na noite de segunda-feira, o Bairro do Zambujal, onde morava Odair Moniz, também já tinha sido palco de tumultos levados e cabo por dezenas de pessoas e foi cercado pelas forças de segurança.

Foram ateados vários focos de incêndio nas ruas e a polícia foi apedrejada quando acompanhava os bombeiros.

Autocarro ardeu na Portela de Carnaxide

Já durante a noite, um segundo autocarro da Carris ardeu na zona da Portela de Carnaxide, no concelho de Oeiras, a poucos quilómetros do Bairro do Zambujal.

“Temos um segundo autocarro que ardeu fora desta área”, afirmou o porta-voz da Polícia, em declarações aos jornalistas no Bairro do Zambujal, na Amadora.

As forças de segurança estão no local e a "situação está devidamente controlada", salientou.

Ninguém ficou ferido em resultado deste incidente na Portela de Carnaxide, nem há registo de detenções.

O superintendente Manuel Gonçalves admite que o incêndio deste autocarro em Oeiras pode estar relacionado com os desacatos dos últimos dias.

Uma habitação foi atingida pelo fogo no autocarro, que também embateu noutra viatura que estava estacionada.

A polícia cercou a Portela de Carnaxide e foram ouvidos sons que parecem de tiros ou de petardos.

A PSP utilizou balas de borracha e que já conseguiu entrar no bairro.

No concelho de Sintra foi arremessado um objeto contra a esquadra da PSP de Casal de Cambra, sem causar danos, acrescentou a fonte.

Na Damaia houve desacatos em várias ruas, nomeadamente o arremesso de petardos e de pedras na via pública, bem como fogo posto em vários caixotes do lixo.

Na Cova da Moura, tentaram incendiar uma bomba de combustível e foram registados disparos.

No concelho de Lisboa, caixotes do lixo foram incendiados em Campo de Ourique e em Carnide.

PSP constituído arguido

Esta terça-feira, o agente da PSP que disparou uma arma de serviço contra Odair Moniz foi interrogado como arguido pela Polícia Judiciária (PJ), confirmou a Renascença.

A PJ também apreendeu a arma de serviço para investigação. Este processo decorre da abertura de inquérito pela Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) a pedido, feito com urgência, da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, na segunda-feira.

Ainda que tenha sido ouvido e que já não possua arma de serviço, o agente continua em funções.

A ministra da Administração Interna comentou o caso pela primeira vez. Em declarações no Parlamento, Margarida Blasco classificou como "infeliz incidente" os acontecimentos na Cova da Moura, justificando o inquérito na Inspeção-Geral para se "saber exatamente o que aconteceu".

"Mandei abrir o inquérito para saber exatamente em termos exaustivos o que aconteceu", disse Margarida Blasco aos deputados da comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

A ministra escusou-se a acrescentar mais pormenores, referindo que "as circunstâncias sobre o que aconteceu" na segunda-feira vão ser averiguadas pela Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI), a quem pediu um inquérito "com caráter de urgência".

[notícia atualizada às 02h18]

Desacatos no bairro  do Zambujal após morte de homem pela PSP
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  • ze
    23 out, 2024 aldeia 07:54
    Este país está ao avesso,coitadinhos dos ladrões e assassinos,os policias são os culpados, são logo constituidos arguidos e provavelmente condenados,eles que arriscam a propria vida em prol de uma sociedade,que tentam fazer o seu melhor com as limitações que têm, que também têm familia em casa que os aguarda sempre todos os dias e noites com o coração nas mãos,e "esta comunicação social mostra que está contra eles, tudo fazem para proteger os direitos dos bandidos....os policias não têm direitos?É pena isto não acontecer a alguns "politicos desta extrema esquerda" que nos desgovernam á tantos anos,mas "esses" não conhecem as dificuldades que os policias passam,apenas evocam os direitos dos coitadinhos dos bandidos.Se este país não muda......a segurança já está muito instalada,.cada vez há mais assaltos,roubos, e assassinatos e tentativas destes,é preciso novas politicas e novos politicos e decisores para que Portugal seja novamente um país mais seguro,mais prospero e melhor para que os seus cidadãos sintam orgulho no seu país e vivam melhor e criem os seus filhos dentro dos parametros do bem.
  • Sara
    23 out, 2024 Lisboa 07:05
    Os problemas sempre os houve, só demostram aquilo que são, utilizando como pretexto, um acontecimento, em que a comunicaçao social tanto divulgou que o mp ia abrir um inquérito urgente sobre o policia, existe tantos focos de problemas que parecem que estão à espera para rebentar, será para ficarmos lá bem fora? a nossa justiça é tão branda que todos acham que podem fazer tudo o que querem, os portugueses estão a ser muito mal tratados, em todas as vias de comunicação, porque é que eles não se revoltam com os crimes que acontecem entre eles? quando é ao contrario, os casos passam, e não há associações que venham defender, nem o marcelinho. Estamos a assistir ao fim, o que vai acontecer quando os brandos acabarem, deve ser assim o ciclo da vida para concluir mais uma vez, que eles não sabem viver em comunidade.

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