06 mar, 2025 - 23:37 • Miguel Marques Ribeiro
“Animais espancados, alguns até à morte”, “ferimentos extremamente graves”, espécimes que morrem “lentamente, sem água, nem comida”. É este o cenário descrito pela ONG Frente Animal, depois de uma investigação realizada nas “explorações de uma das maiores empresas de produção de frango no nosso país”, a Lusiaves.
Em comunicado enviado à Renascença, o grupo do ramo alimentar reconhece “indícios de práticas contrárias ao bem-estar animal”, mas garante que as mesmas foram “cometidas à total revelia da empresa” e fala de um “episódio isolado e imputável a pessoas certas e determinadas”, que não cumpriram as “orientações” superiores. A Lusiaves está certificada o selo Welfair de bem-estar animal.
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Para realizar a denúncia, a Frente Animal terá captado imagens a partir de câmaras ocultas colocadas dentro de instalações da Lusiaves usadas para a criação de frangos.
Em diversas publicações realizadas na sua página do Instagram, os ativistas asseguram estar a denunciar práticas generalizadas: “Esta é a realidade que as empresas não querem que tu saibas: animais criados em verdadeiras FÁBRICAS DE DOR, onde práticas irresponsáveis não só causam sofrimento extremo, mas que também comprometem a saúde pública”, lê-se num post publicado no sábado.
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O vídeo mostra aves mortas abandonadas no chão, ou feridas com gravidade, e agressões dos trabalhadores aos animais.
A Lusiaves contrapõe que algumas das explorações identificadas pela Frente Animal não lhe pertencem, dando o exemplo de um armazém que não corresponde à “Quinta de Matinhos”, onde as imagens da Frente Animal teriam sido captadas.
Os responsáveis da empresa asseguram ainda que os trabalhadores responsáveis pelos maus-tratos “foram imediatamente objeto dos respetivos processos disciplinares”, o que levou à aplicação da “medida de suspensão de funções”.
“Ao dia de hoje [6 de março], foram já remetidas as respetivas notas de culpa, as quais propõem a aplicação da sanção de despedimento com justa causa de 4 colaboradores face à gravidade da situação detetada”, escreve a empresa.
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A empresa garante ainda que, desde que as imagens foram publicadas, já foi “objeto de inúmeras auditorias-surpresa” por parte de entidades públicas e entidades certificadoras.
Com esta denúncia, a Frente Animal pretende que as empresas de criação de aves “assumam o compromisso com o bem-estar animal e adiram ao European Chicken Commitment (ECC), uma iniciativa que defende a introdução de medidas que minimizam o sofrimento animal, incluindo o sofrimento causado pelo rápido crescimento das aves”.
Entre as reivindicações do grupo está a proibição do abate dos pintos macho à nascença, uma prática que, alegam, cada vez mais países europeus estão a proibir.
[Atenção: conteúdo sensível]