09 abr, 2025 - 07:00 • Diogo Camilo
No Colégio Rainha D. Leonor, das Caldas da Rainha, o último ano letivo terminou com resultados de sonho: entre as notas finais dos alunos do secundário que foram a exame, não houve nenhuma negativa e a média interna ultrapassou os 17 valores. Junho chegou e a realidade foi bem diferente: nas provas nacionais, mais de metade das notas foram negativas e a média de exames ficou nos 9,6 valores - a quase oito da média interna.
Em mais de 32 mil notas internas dos alunos que foram a exame no ano letivo de 2023/24, os colégios privados tiveram apenas 34 negativas - uma percentagem de 0,1% de negativas.
A nota interna mais frequente no ensino privado foi o 20. Entre 32 mil notas dadas, quase sete mil foram a nota máxima e mais de metade foram um 18, ou 19 ou um 20.
Foi o que aconteceu, por exemplo, no Colégio Nossa Senhora do Rosário, na disciplina de Biologia. A escola privada, que ficou em segundo no ranking da Renascença, teve uma “turma perfeita”, em que todos os 18 alunos tiveram 20 de nota final. Nos exames, a média não foi além dos 15,5 valores.
No ensino público, a realidade foi um pouco diferente e houve 27 vezes mais negativas nas notas finais do que em privadas: foram registadas 16.716 notas abaixo de 10 entre mais de 629 mil classificações - uma taxa de negativas de 2,7%.
No entanto, os números entre privados e públicos não são comparáveis, por serem universos diferentes. Entre os dados divulgados pelo Ministério da Educação, estão as notas internas de alunos de escolas privadas que vão a exame. Para as escolas públicas, são conhecidas todas as notas de todos os alunos, o que impede uma comparação entre os dois tipos de estabelecimentos.
O fenómeno da inflação de notas levou à deteção de 25 escolas em 2024, com 11 escolas ou agrupamentos a apresentarem um histórico de classificações muito baixas e outras 15 a registar casos de inflação de notas internas.
Das 25, uma dezena eram privadas e as restantes eram escolas públicas.
No Ranking das Escolas de 2024 da Renascença, os t(...)
Olhando apenas para colégios privados, as médias de exames, que foram de 13,2 valores, estão quatro valores abaixo das médias internas (17,2 valores).
A escola que surge em primeiro no Ranking das Escolas da Renascença, o Grande Colégio Universal, é a que tem a menor diferença entre a avaliação final e as provas nacionais - menos de 1,5 valores de discrepância, com uma média interna de 17,9 valores. Outros colégios com as melhores médias de exames, como o Colégio Efanor e o Colégio de São Tomás, também são dos que têm menor desvio para as suas médias internas.
Do lado oposto, 34 escolas privadas registaram médias de exames cinco valores abaixo da sua média interna. Destes, só um colégio está entre os 100 estabelecimentos com melhores médias de exames no ranking da Renascença.
Entre as escolas públicas, a que teve a média de exames mais desviada da média interna foi a Escola Secundária Fonseca Benevides, em Lisboa, que registou 7,5 de média nas provas nacionais e 14,4 internamente, para quase sete valores de discrepância.
A melhor escola pública, a Escola Básica e Secundária Dr. Ferreira da Silva, que teve 13,6 valores nos exames nacionais, registou uma média interna de 16,8 valores, para mais de três valores de diferença.
No ensino público, a nota mais atribuída internamente foi o 17 e, entre as principais disciplinas a exame, a que teve mais notas máximas foi Matemática A, com 4% de vintes (20) - foram 2.585 em mais de 61 mil notas. A Matemática, a nota mais habitual voltou a ser o 10, enquanto a Português foi o 13.