24 ago, 2025 - 00:01 • Ana Kotowicz
Há quase dez anos que não ficavam colocados tão poucos alunos na primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior. Mas há duas formas de olhar para os quase 44 mil estudantes colocados (43.899): a versão copo meio cheio e a versão copo meio vazio.
Na primeira — aquela que destaca o ministério de Fernando Alexandre em comunicado —, 90% dos candidatos conseguiram colocação, um valor acima dos dos últimos anos. E isso “demonstra um crescente ajustamento entre a procura dos estudantes e a oferta das instituições”, argumenta a tutela.
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No entanto, na versão menos otimista, esta percentagem sobe porque o número de candidatos é também dos mais baixos dos últimos anos: com menos de 50 mil candidatos (48.718), é preciso recuar a 2018 para encontrar um número tão baixo.
Para estes alunos havia cerca de 56 mil vagas disponíveis nas universidades e institutos politécnicos públicos.
Os resultados das candidaturas começaram a ser enviados aos colocados, como habitualmente, ao final da tarde de sábado, por email ou via SMS. Os resultados individuais estão também disponíveis no site da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES). Na tabela que a Renascença disponibiliza pode pesquisar o curso pretendido e ver qual foi a nota de entrada do último candidato.
Mais de 4.819 candidatos não conseguiram vaga nas universidades e politécnicos públicos durante esta primeira fase.
Apesar disso, a maioria teve sucesso: entre os 90% de candidatos que foram colocados, a esmagadora maioria (90,9%) conseguiu colocação numa das três primeiras opções.
Entre este grupo, mais de metade (63,1%) conseguiu entrar no curso escolhido logo na primeira opção, enquanto 18,5% dos colocados conseguiram vaga na segunda opção e 9,3% na terceira opção.
A procura pelas licenciaturas em Educação Básica continua a crescer: foram colocados 1.199 estudantes, preenchendo a totalidade das vagas disponíveis, o que representa um aumento de 20,3% face ao ano passado.
Esta é uma das áreas que têm estado sob pressão, devido à crescente falta de professores nas escolas. No ano passado, na primeira fase do concurso, foram colocados 997 estudantes nos cursos que formam futuros docentes.
Em Medicina, não houve novo recorde, depois de vários anos a subir: foram admitidos 1.647 estudantes, um número mais elevado do que os valores tradicionais (durante décadas abriam cerca de 1.500 vagas), mas não o suficiente para atingir novo máximo.
No ano anterior, Medicina tinha atingido o maior número de sempre: 1.661 colocados, mais 66 do que em 2023.
Foi em 2020 que Manuel Heitor, então ministro do Ensino Superior, começou a pressão: pela primeira vez em muitos anos, as faculdades de Medicina podiam criar mais 200 vagas, mas os reitores rejeitaram a ideia e no continente não foi criado nenhum novo lugar.
De lá para cá, com passos curtos, os cursos de Medicina têm vindo a receber mais alunos.
Engenharias, Medicina e Matemática Aplicada à Economia e Gestão são os cursos onde entraram os alunos com as médias mais elevadas.
A nota mais alta de um último colocado foi atingida em Engenharia Aeroespacial na Universidade do Porto, com 194,3 pontos (o que significa que os demais colocados neste curso tiveram notas superiores). Todas as 30 vagas abertas foram preenchidas.
Para garantir a vaga, os estudantes devem agora matricular-se nas universidades e politécnicos onde foram colocados durante a próxima semana, de 25 a 28 de agosto, ou seja, a partir de segunda-feira, dia em que arranca a 2.ª fase do concurso nacional de acesso.
Sobraram 11.513 vagas para a próxima fase do concurso.