31 mai, 2024 - 01:21 • Lusa
Veja também:
A maioria dos pequenos partidos que concorrem às eleições europeias de 9 de junho defende um maior controlo da imigração para a Europa, o combate às redes de tráfico humano e mais apoios a quem chega ao espaço da União Europeia (UE).
No debate televisivo em que a RTP juntou, na quinta-feira, os nove partidos sem assento parlamentar, Rui Fonseca e Costa, do Ergue-te, foi a voz mais dissonante sobre o tema, considerando que "Portugal não precisa da maioria dos imigrantes extra-europeus que se encontram no país, incluindo os oriundos dos PALOP".
"Estão a ocupar os nossos empregos e as nossas casa", disse o candidato, defendendo a necessidade do país "promover a matriz cristã ocidental e apostar em políticas de natalidade e a fertilidade, para que os portugueses aumentem".
Pedro Ladeira, do Nós Cidadãos, considerou "inegável que a Europa precisa de imigrantes", e entende que devem "ser promovidas campanhas orientadas para uma imigração oriunda de países falem a mesma língua e tenham uma matriz judaico cristã. Segundo o candidato, se tal não acontecer, "os muçulmanos vão tomar conta da Europa".
A Nova Direita e o ADN defenderam a importância do controlo da imigração e do combate às redes de imigração ilegal.
Eleições para o Parlamento Europeu
O que está em causa nestas eleições? O que vai aco(...)
Joana Amaral Dias, cabeça de lista do ADN, classificou as máfias da imigração, grupo no qual incluiu algumas Organizações Não Governamentais, "como lobos com pele de cordeiro", enquanto Ossanda Líber, da Nova Direita afirmou que a mensagem que está a ser passada é a de que "todos podem vir, porque não há controlo".
Duarte Costa, do Volt, considerou essencial "combater a narrativa anti-imigração que prejudica as empresas, e criar soluções administrativas que respondam aos anseios dos imigrantes".
Pelo RIR, a cabeça de lista Márcia Henriques, considerou que a legislação existente fosse aplicada a imigração não seria um problema em Portugal".
"As regras existem, são é mal aplicadas, e o problema da imigração é a AIMA (Agência para a Integração Migrações e Asilo".
O cabeça de lista do PTP, José Manuel Coelho afirmou que "o que faz afluir os imigrantes à Europa são a moeda e a qualidade de vida", acrescentando: "Isso acontece porque os países africanos são roubados pelas grandes empresas da UE e ficam pobres".
Num debate que durou quase duas horas, a RTP juntou os nove partidos sem assento parlamentar que concorrem às eleições europeias de 9 de junho: ADN, MAS, Ergue-te, Nova Direita, Volt Portugal, RIR, Nós Cidadãos, MPT e PTP.
A criação de um salário mínimo europeu, e de uma constituição europeia, defendida pela cabeça de lista do RIR, a eleição direta da Comissão Europeia, a distribuição de fundos, os problemas da habitação foram alguns dos temas abordados no debate, que também se focou no papel da UE no conflito na Ucrânia.
Os cabeças de lista dos pequenos partidos ao Parlamento Europeu defendem que a Ucrânia deve ser apoiada na guerra contra a Rússia, com a maioria a mostrar-se contra o envio de tropas para o terreno.
A candidata da Nova Direita, Ossanda Liber, defendeu que ajuda deve ser dada à Ucrânia, mas “até ao limite" de a União Europeia se tornar "co-beligerante”.
“Acho que [o envio de soldados] para a Ucrânia “é um erro, porque a Ucrânia tem os seus aliados, mas os russos também têm os seus parceiros”, considerou a candidata, acrescentando que os parceiros da Rússia são “todo o mundo não ocidental”.
Por isso, Ossanda Líber prefere a via da diplomacia para resolver o conflito e lamenta que, “neste momento, não haja um interlocutor ocidental/europeu com a Rússia”.
A negociação é também o caminho defendido por Pedro Ladeira, do partido Nós Cidadãos, para quem a guerra na Ucrânia é uma forma de conseguir crescimento económico à seguir à pandemia de Covid-19.
Este cabeça de lista sustentou que o conflito entre os dois países começou há oito anos, com as questões do Donbass e da Crimeia, mas a Comissão Europeia só deu atenção à situação depois da pandemia, criticou.
Pedro Ladeira, que disse ter sabido, por amigos ucranianos, que “a guerra está em banho-maria”, considerou também que o conflito “não é como dizem” e critica a pouca vontade de negociar com o Presidente russo, Vladimir Putin.
O candidato Rui Fonseca e Castro, do Ergue-te, que ameaçou "começar uma guerra em Portugal" caso os seus filhos sejam chamados para combater na Ucrânia, considerou que o conflito com a Rússia tem dois propósitos: “exaurir financeiramente a Europa” e “exterminar o povo eslavo”.
Márcia Henriques, que se candidata pelo RIR, afirmou ter sido recebida hoje pela embaixadora da Ucrânia em Portugal que lhe terá, alegadamente, dito, que a situação não é tão grave como aparenta ser nos telejornais.
Para a líder do RIR, “a Ucrânia tem o direito a defender-se e o direito a ser ajudada” e será inevitável que a Europa envie militares para o local: “Acho que vai acabar por acontecer porque senão vamos andar nesta guerra até 2030 ou 2040 ou 2050”, disse.
Gil Garcia, do MAS, criticou a forma como a Europa está a lidar com a guerra, alertando que o conflito pode levar a “uma terceira guerra mundial” e que o aumento do orçamento para armas só piora a situação.
“Se fizermos isso, não vai haver dinheiro para funcionários públicos, não vai haver dinheiro para aumentar salários médios, não vai haver dinheiro para emprego”, considerou.
A candidata do ADN, Joana Amaral Dias, admitiu que “a Europa não tem de ser neutra”, mas deve assumir-se como “protagonista da paz”, e pela resolução do conflito numa “mesa de negociações”.
A líder do ADN mostrou-se surpreendida por Putin não ter sido chamado à mesa de negociações quando a Europa “decidiu fazer uma cimeira da paz que se aponta para ser na Suíça” que deverá ser, na sua opinião, “uma espécie de cimeira-fantoche”, já que o Presidente russo não foi convidado.
Igualmente a favor de negociações de paz mostrou-se José Manuel Coelho, do PTP, que criticou “as bacoradas” de alguns dos outros participantes no debate e disse que a sua posição em relação à guerra na Ucrânia é “a mesma da do Santo Padre, Papa Francisco”, lembrando que “o problema não é só quem morre, são os mutilados da guerra”.
O candidato do MPT, Manuel Carreira, lembrou que também há uma guerra a decorrer no Médio Oriente e sublinhou que a insegurança é “como um sentimento que destrói”, pelo que é necessário “criar defesas próprias” através de “um serviço militar obrigatório ou, em alternativa, um serviço cívico”.
A criação de forças armadas conjuntas da União Europeia foi também a medida defendida por Duarte Costa, do Volt, que considera essencial “mobilizar a capacidade de defesa dos Estados nacionais para um projeto de defesa comum”.
[notícia atualizada]