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Presidenciais 2026

Marques Mendes regressa às origens para lançar a candidatura a Belém

06 fev, 2025 - 06:00 • Manuela Pires

Antigo ministro e líder do PSD não fez convites a dirigentes nacionais do PSD para estarem, esta quinta-feira, na apresentação da candidatura em Fafe, onde Marques Mendes começou a carreira política aos 19 anos como autarca. Sessão “mais política” está guardada para Lisboa.

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São 387 quilómetros entre o Palácio de Belém e a Santa Casa da Misericórdia em Fafe, onde, esta quinta-feira à tarde, Marques Mendes anuncia a candidatura à Presidência da República.

O antigo ministro e ex-líder do PSD regressa à terra onde cresceu e tem raízes. O Lar da Santa Casa da Misericórdia onde decorrerá a sessão, a partir das 18h00, tem o nome do seu pai, António Marques Mendes.

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Esta quinta-feira, há apenas dois discursos previstos: o do presidente da Câmara Municipal de Fafe, o socialista Antero Barbosa, e o do próprio Marques Mendes.

A Renascença sabe que não foi feito qualquer convite a dirigentes nacionais do PSD, uma vez que este é o momento pessoal de apresentação da candidatura à Presidência da República.

A escolha de Fafe é “afetiva”: foi ali que, aos 19 anos, Luís Marques Mendes entrou na vida política como vice-presidente da autarquia.

A Renascença apurou junto de fonte próxima da candidatura que, dentro de algum tempo, terá lugar outra apresentação em Lisboa, numa “sessão mais política”.

Marques Mendes quer estar junto dos “seus” e do povo de Fafe, tal como fez Marcelo Rebelo de Sousa, há 10 anos, quando escolheu Celorico de Basto, a terra da avó Joaquina, para apresentar a candidatura. Naquela tarde, na Biblioteca Municipal que tem o seu nome, os jornalistas encheram a sala. A eles juntou-se uma mão cheia de curiosos e de autarcas locais.

Há dez anos, Marcelo apresentou a candidatura em outubro, a apenas três meses das eleições. Agora Marques Mendes dá o tiro de partida com quase um ano de antecedência.

Apesar da ausência de dirigentes nacionais, é certo o apoio do PSD à candidatura de Marques Mendes. O líder parlamentar, Hugo Soares, fez esse anúncio no programa São Bento à Sexta, da Renascença e, no início desta semana, foi a vez de Luis Montenegro garantir que Mendes preenche todos os requisitos.

“O Dr. Luís Marques Mendes preenche em absoluto todos os requisitos que nós estabelecemos para estar ao lado de uma candidatura ganhadora”, referiu o líder do PSD, esta semana, em Bruxelas.

O candidato já apontou as três ideias essenciais desta candidatura: ambição, estabilidade e ética.

No último comentário na SIC, no domingo passado, Marques Mendes explicou que o país não pode passar a vida em crises políticas e que “é preciso ter capacidade para fazer pontes”. Quanto à ética, o antigo líder do PSD garante que “é preciso ir muito mais longe, mas muito mais longe. Uma parte grande dos portugueses está um bocadinho farta dos políticos, da classe política. Isto não é bom em termos de democracia. Não se resolve com populismo”.

Por último, o candidato referiu que Portugal tem de ter ambição, porque vivemos “num país de um modo geral conformado, resignado, parece que até deprimido”.

Para além destas três ideias que esta quinta-feira vai aprofundar, Marques Mendes avisou ainda que a experiência política é decisiva para um Presidente da República porque isso garante “segurança, previsibilidade, certeza”.

De guarda-redes a autarca precoce

Luis Marques Mendes tem 67 anos de idade e quase 50 dedicados à vida política e pública. Nasceu a 5 de setembro de 1957, em Azurém, no concelho de Guimarães, mas passou grande parte da infância e juventude em Fafe, onde inicia a carreira política.

Marques Mendes segue as pisadas do pai. António Marques Mendes, advogado, presidente da Câmara de Fafe, fundador do PPD no concelho, deputado à Assembleia da República e eurodeputado.

O candidato presidencial começou muito cedo na política, em 1975. Tinha apenas 18 anos quando se tornou adjunto do governador civil de Braga, Eurico de Melo. Um ano depois, assume a vice-presidência da Câmara de Fafe.

As ligações ao concelho de Fafe mantêm-se até hoje. Marques Mendes continua a ser sócio da Associação Desportiva de Fafe, onde jogou futebol - era guarda-redes. Nessa altura, o clube era dirigido pelo pai. O candidato à Presidência da República é ainda presidente da assembleia geral da Santa Casa da Misericórdia de Fafe.

Com 28 anos, Marques Mendes integra o primeiro Governo de Cavaco Silva como secretário de Estado Adjunto do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, entre 1985 e 1987.

Advogado, licenciado na Universidade de Coimbra, Mendes mantém-se no Governo nas duas maiorias absolutas de Cavaco Silva. É secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros do XI Governo, entre 1987 e 1992, e ministro Adjunto do primeiro-ministro do XII Governo, entre 1992 e 1995.

No primeiro ano do Governo socialista de António Guterres, Marques Mendes é o líder da bancada parlamentar do PSD, mas fica apenas um ano entre novembro de 1995 e 6 de novembro de 1996. Era então presidente do PSD o atual inquilino de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa.

Quando o PSD regressa ao Governo, Marques Mendes volta também a integrar o executivo, desta vez liderado por Durão Barroso. Assume a pasta dos Assuntos Parlamentares, entre 2002 e 2004.

Quando Pedro Santana Lopes sucede a Barroso no Governo, Marques Mendes afasta-se e, um ano depois, conquista a liderança do PSD. É o último líder do partido a ser eleito em congresso. No discurso que faz aos militantes, em Pombal, Marques Mendes apela à união e a uma maior abertura do partido às bases. É ainda definido como objetivo a vitória nas eleições autárquicas de outubro de 2005.

É com Marques Mendes na liderança do PSD que o partido aprova a nova reforma estatutária, que introduz a eleição direta do líder pelos militantes. Um ano após ter sido eleito no congresso de Pombal, Mendes vai a eleições diretas no partido e, em maio de 2006, renova a liderança com 91% dos votos dos militantes. É o primeiro líder do PSD a ser eleito diretamente pelos militantes do partido.

Marques Mendes é sucedido na liderança do PSD por Luis Filipe Menezes, em outubro de 2007. Nunca concorreu às eleições legislativas. Durante o seu curto mandato realizaram-se apenas as eleições autárquicas, que o PSD perde para o Partido Socialista.

É nesta campanha que Marques Mendes retira o apoio a Valentim Loureiro, em Gondomar, e a Isaltino Morais, em Oeiras, dois autarcas envolvidos em processos judiciais. Ambos vencem contra os candidatos apoiados pela direção nacional do PSD.

Desde que abandonou a liderança do PSD, Marques Mendes deixou a vida partidária ativa, mas nunca desapareceu da vida política e nacional, tornando-se comentador político - primeiro na TVI e depois na SIC, onde fica 12 anos.

Marques Mendes regressou à advocacia e é desde 2012 membro do Conselho Consultivo da Abreu Advogados. Com Marcelo Rebelo de Sousa na Presidência da República, Marques Mendes entra no Conselho de Estado, o órgão consultivo do Presidente.

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