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Crise Política

Caso das gémeas morre com a dissolução do parlamento? "Não podemos dizer que não valeu nada"

07 mar, 2025 - 07:00 • Filipa Ribeiro

A moção de confiança ao Governo deixa "em causa" a conclusão dos trabalhos das Comissões Parlamentares de Inquérito, que não vão transitar com fim da legislatura. CPIs à gestão da EFACEC e da Santa Casa vão ter que recomeçar do zero e repetir as audições. Caso das gémeas está na fase final, mas a entrega das conclusões à PGR pode não acontecer.

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Caso das gémeas morre com a dissolução do parlamento? "Não podemos dizer que não valeu nada"
Ouça a peça da jornalista Filipa Ribeiro sobre o que significa a dissolução do parlamento para a CPI do caso das gémeas. Foto: José Sena Goulão/Lusa

Em plena crise política, será entregue esta sexta-feira o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao caso das gémeas que se prepara para suspender os trabalhos até 25 de março. Com a ameaça de dissolução do parlamento e novas eleições, o trabalho da CPI pode perder-se e não seguir para aprovação em plenário para ser entregue na Procuradoria-Geral da República.

À Renascença, o presidente da CPI ao caso das gémeas, Rui Paulo Sousa, avança que, com o requerimento do PSD para a suspensão dos trabalhos até 26 de março, a CPI precisará de estar em funções até 10 ou 15 de abril para apresentar e levar o relatório a votação no parlamento.

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A verdade é que, com o pré-anúncio já feito pelo Presidente da República, de que as novas eleições seriam marcadas para os primeiros fins-de-semana de maio, o deputado Rui Paulo Sousa reconhece que a conclusão do trabalho da CPI "está um bocadinho posta em causa". No entanto, o presidente da CPI sublinha que só depois da conferência de líderes da próxima semana - onde vão ser acertadas as datas - é que se poderá "ter a certeza se há tempo ou não para levar as conclusões a votação final no plenário".

Na verdade, a deputada do Chega Cristina Rodrigues - que está a redigir o relatório - já falhou o prazo de entrega por duas vezes e só esta sexta-feira é que o deverá entregar. Contudo, o atraso dos trabalhos acentua-se depois de ter sido aprovado o requerimento do grupo parlamentar do PSD para que se retomassem os trabalhos depois de 25 de março - daqui a três semanas.

Apesar do risco e do contrarrelógio, o presidente da CPI ao caso das gémeas recusa a ideia de que o trabalho do último ano "não tenha valido a pena". Rui Paulo Sousa defende que as audições que começaram em junho do ano passado "ajudaram a esclarecer muitas questões que havia sobre o caso" das gémeas que envolve o filho do Presidente da República e o antigo secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales.

Para Rui Paulo Sousa, "terão sido levantadas várias pistas" a que a Procuradoria-Geral da República também teve acesso. "Não podemos dizer que não valeu nada", afirma.

Porém, o deputado reconhece que "a eficácia não é total, porque não tem a sua concretização" acrescentando que, sem a votação final global, o processo "não é vinculativo e não será enviado para a Procuradoria-Geral da República".

Com o fim da atual legislatura, apenas as comissões permanentes continuam no novo parlamento que se venha a constituir. Ou seja, as comissões parlamentares de inquérito são esquecidas. "Teriam que iniciar tudo de novo", diz Rui Paulo Sousa.

O presidente da CPI e deputado do Chega recusa a ideia de o partido voltar a levar o caso das gémeas para a nova legislatura, caso não se consiga concluir todo o processo. Rui Paulo Sousa diz que, mesmo que o relatório não seja votado no plenário, acabará por ficar conhecido. O deputado sublinha que "a CPI já ouviu todas as testemunhas e fez todas as diligências e tem um relatório com todas as conclusões" acrescentando que "não fará sentido voltar ao mesmo tema".


EFACEC e Santa Casa? Ficam pelo caminho e têm que repetir audições se voltarem

Além do caso das gémeas, nesta legislatura foram aprovadas ainda mais duas comissões parlamentares de inquérito. Uma à gestão política da EFACEC e outra à gestão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Também estas duas CPI's vão ter que encerrar os trabalhos e não seguem para a próxima legislatura.

Caso os partidos queiram continuar com a inquirição a estes casos, terão que fazer novamente o pedido para a constituição das Comissões Parlamentares de Inquérito e recomeçar os trabalhos do zero.

Quer isto dizer que, no caso da Comissão Parlamentar à gestão da Santa Casa, as audições já realizadas teriam que ser repetidas, inclusive a inquirição feita por escrito respondida pelo antigo primeiro ministro e provedor da instituição Pedro Santana Lopes.

No caso da CPI às gestão da EFACEC, o trabalho perdido não será tão elevado, porque ainda não tinha avançado com as audições.

Até que haja uma decisão sobre a dissolução da Assembleia da República os trabalhos no parlamento continuam.

O Presidente da República colocou como hipótese haver novas eleições a 11 ou 18 de maio, de acordo com o 19º artigo da Lei Eleitoral para a Assembleia da República a data de novas eleições quando existe a dissolução do parlamento terá que ser marcada com um mínimo de 55 dias de antecedência.

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