19 mar, 2025 - 22:21 • Manuela Pires
O líder do Juntos pelo Povo (JPP), a terceira força política na Madeira, não exclui o Chega de um possível acordo pós-eleitoral na região autónoma.
Em entrevista à Renascença, Élvio Sousa garante que o representante da República só vai começar a ouvir os partidos no final da próxima semana, para dar tempo a possíveis acordos de governo.
Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui
Élvio Sousa acredita que o JPP vai a eleições para ter mais votos que o PSD, que governa a região há quase 49 anos.
As eleições do próximo domingo são as terceiras em apenas um ano e meio, sente nas ruas o cansaço dos madeirenses?
Sim, os madeirenses estão cansados de eleições e por isso é que a nossa mensagem tem de ser uma mensagem positiva e não cair na crítica direta aos outros partidos políticos, nomeadamente ao PSD.
A Madeira vai este domingo a votos. São as terceir(...)
O JPP tem beneficiado com as crises e nas últimas eleições elegeu nove deputados. Acredita que no próximo domingo pode ainda superar esse resultado?
Eu creio que sim, eu já tenho alguma experiência de terreno, eu faço campanha todo ano, não faço campanha só agora, e creio que nós estamos esperançados que vamos ter um bom resultado. O que é que isso vai determinar não sei, mas as pessoas dizem que temos sido coerentes, nós temos um programa de governo alternativo. Nós nascemos como grupo de cidadãos, e é uma coisa muito importante que somos um partido da Madeira e ter oportunidade de governar a região é uma mensagem que está a passar.
Tem feito uma campanha eleitoral onde o único adversário que elege é Miguel Albuquerque, até já disse que ele é um racista partidário. O que é que queria dizer com isso?
Disse isso num contexto de um debate, Miguel Albuquerque é uma pessoa que, ao contrário da Alberto João Jardim, demonstrava um espírito democrático e aberto, mas nunca fez contratos de programa contra as autarquias que não sejam no PSD. E daí a expressão racismo partidário, para o facto de discriminar os outros partidos.
Nós no JPP, se chegarmos a ter a possibilidade de governar, vamos contratualizar com todas as câmaras, todas as juntas, independentemente da cor política partidária porque se quisermos melhorar a vida dos nossos cidadãos temos que abrir um governo a todos.
Já mostrou nesta campanha a abertura para uma solução que dê estabilidade política à região e o parceiro preferencial é, nesta altura, o Partido Socialista. Há alguma base de entendimento entre os dois partidos?
Não há nenhuma base nem com o PS nem com qualquer partido, excetuando o PSD que é o nosso adversário direto. Nesta campanha nunca apontamos críticas a nenhum partido de oposição. Estamos a concorrer diretamente com o PSD, mano a mano, ou seja, estamos mesmo a apostar numa possibilidade de ultrapassarmos até o PSD.
Entrevista renascença
Paulo Cafôfo diz que quem vai decidir o resultado (...)
Mas estamos apenas a poucos dias das eleições?
Em relação aos demais parceiros, nós não estamos a falar, o que sucedeu no passado foi que não tivemos tempo, porque o representante da República pediu para ouvir os partidos logo na terça-feira. Se pudesse voltar atrás, não teria ido, porque nós tínhamos o apoio do PAN para liderarmos um governo.
Daí a minha pergunta, porque é que já não está a ser feita esse trabalho?
Porque já convencemos o representante da República e o Presidente da República a chamar os partidos só no final da semana, para termos tempo. Acho que falar antes é trair o eleitorado e precisamos de tempo para conversar e não há partidos preferenciais.
Mas não estabelece linhas vermelhas, por exemplo, com o Chega?
Todos os partidos são compostos por pessoas que têm competência, têm os seus defeitos e as suas virtudes, nós consideramos que o Partido Chega é um partido, discriminatório, nomeadamente em questões de raça, de credo e etc., mas eu separo o partido das pessoas, até porque sou humanista convicto, e, portanto, eu não excluo ninguém.