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Entrevista renascença

Albuquerque admite que acordo PS/JPP na Madeira é viável, mas "é um perigo"

20 mar, 2025 - 06:30 • Manuela Pires

Em entrevista à Renascença, o candidato do PSD pede uma maioria expressiva nas eleições do próximo domingo. Arguido há mais de um ano num processo por suspeitas de corrupção, Miguel Albuquerque diz que ainda não foi ouvido.

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Entrevista a Miguel Albuquerque

Arguido há mais de um ano num processo por suspeitas de corrupção, Miguel Albuquerque diz que ainda não foi ouvido pelo Ministério Público. Em entrevista à Renascença, o candidato do PSD pede uma maioria expressiva e diz acreditar que os madeirenses vão voltar a apostar o voto no PSD. Albuquerque admite que é possível uma "geringonça" dos partidos da oposição, mas avisa que seria um “perigo” e espera para ver quem seria o líder dessa coligação entre o PS e o JPP.

É a quinta vez que se candidata às eleições regionais. Esta é a mais difícil para si?

Esta eleição, pelo menos a campanha, do meu ponto de vista, está a correr melhor, porque as pessoas perceberam e ficaram um pouco defraudadas relativamente àquilo que se passou a partir de maio do ano passado. Nós tivemos uma maioria, essa maioria formou o Governo e depois, por razões que ninguém consegue perceber, a não ser a ambição de poder, foi chumbado o Orçamento na Assembleia, e as pessoas não conseguem compreender isso.

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Mas o cansaço de eleições todos os anos pode aumentar a abstenção no próximo domingo?

Eu acho que a abstenção não vai subir muito. Nós temos uma abstenção elevada na Madeira, mas é uma falsa abstenção. Porque temos muitos residentes da diáspora, estamos a falar de pessoas que residem na Venezuela, que residem na África do Sul, na Inglaterra, que tem aqui apartamentos, ou em Miami ou mesmo no Panamá.

Tem residência aqui na Madeira…

Sim, e portanto, a abstenção na Madeira nunca é muito elevada, só é elevada devido a essa circunstância.

E há ainda muitos eleitores que estão indecisos.

Eu acho que neste momento as pessoas estão cansadas das eleições, mas também estão um pouco ansiosas para terem um Governo que governe.

A instabilidade é prejudicial à Madeira e as pessoas constatam três coisas. Em primeiro lugar, a Madeira subiu desde 2015 o seu produto interno bruto de 4 mil milhões de euros para 7.122 milhões em 2024, isso significa que somos a segunda região mais rica neste momento em termos de PIB, 68% acima da média nacional. A previsão para o crescimento económico, se tivermos o orçamento aprovado antes do verão, é subirmos para 7.6, o que é extraordinário. Em segundo lugar temos um desemprego que é o mais baixo da Europa, neste momento é residual.

Considera que os madeirenses vão ter esses dados em conta e votar no PSD no domingo?

Pelo menos sentem o resultado, porque basta andar aí, ver como é que está o turismo, ver como é que estão as empresas, todos os negócios as pessoas estão a ganhar dinheiro, e sabem que se houver instabilidade política isso depois tem repercussão nas suas vidas.

Estas eleições surgem na sequência dos casos de justiça. O senhor é arguido num processo por suspeitas de corrupção há mais de um ano. Já foi ouvido pelo Ministério Público?

Ainda não.

E que leitura faz dessa demora?

O problema é que nós temos uma lei que é completamente disparatada, em que se podem fazer todas as denúncias anónimas, ou seja, qualquer pessoa, mesmo esquizofrénica, não no sentido de doença, mas política, faz as denúncias mais absurdas.

Isso só leva à emergência dos populismos, porque o Ministério Público quando tem uma denúncia de um crime público ou semipúblico é obrigado a fazer a investigação, e isto está a causar danos à democracia. Estes processos de justiça estão a ser instrumentalizados para fazer política, e isto vai levar a que os mais capazes, aqueles que têm vida anterior à política, se afastem, e vai ser entregue a medíocres e as pessoas nunca fizeram nada.

Nesta campanha pede apenas a maioria. A maioria absoluta é difícil de alcançar?

Temos uma lei eleitoral que torna muito difícil a obtenção de maiorias, mas nós precisamos de facto de ter uma maioria expressiva para podermos governar.

Se vencer as eleições, mas com uma margem mínima, muito curta, que não garanta a governabilidade, o que é que vai fazer?

Primeiro vamos ver os resultados, não lhe posso dizer o que é que vou fazer, mas as pessoas já perceberam, que nós não podemos ter margens curtas. Nós temos o nosso histórico, o único partido que pode governar a Madeira é o PSD. Os outros partidos são partidos de protesto, são partidos que nunca governaram, aliás governaram nas câmaras, basta ir aos respetivos concelhos para perceber que eles não sabem governar, nada fizeram, é só conversa fiada e promessas e o futuro da Madeira não passa pelos partidos de oposição, que não sabem governar e, por conseguinte, a solução para a Madeira é o PSD obter uma maioria.

Mas nesta campanha o PS e o JPP estão a abrir a porta a uma alternativa, acha que isso é viável aqui na região?

Acho que sim e é um perigo. Eles ainda não disseram quem é que vai ser o candidato a presidente do governo. Nas anteriores eleições eles derrubaram o governo e queriam formar um governo, aliás tinham um noivado que durou menos de 24 horas.

Em entrevista à Renascença, Paulo Cafofo diz que ele é o político que mais experiência tem com ligações aqui na região. Pode ser um trunfo?

Eu acho que ele tem um problema, ninguém acredita no que ele diz.

Depois da Madeira, também o continente está com um governo de gestão e à beira de eleições antecipadas. A crise do continente vai ter impacto nas eleições de domingo?

Eu acho que os madeirenses são muito inteligentes, essa ideia que podem ser manipulados em função do que se passa lá é um absurdo. Da mesma forma que é um absurdo virem para aqui uns políticos do continente que ninguém sabe quem são, tentarem ensinar os partidos a governar, é um ridículo total.

Miguel Albuquerque saiu dos cartazes do PSD, mas passou para as redes sociais com vários vídeos, com conversas com convidados e até receitas várias. É outra forma de chegar aos eleitores?

Eu sou um político antigo, ainda sou um político dos anos 70, mas não sou um político conservador e como estou rodeado de malta nova, a malta nova ajudou-me a tentar comunicar de outra maneira.

Desta forma chegamos a mais pessoas e tem tido boa recetividade. Agora, é preciso muito cuidado porque as mensagens políticas devem ser substanciais. Esta ideia de nós transformarmos a política num circo e artificializar a política é muito perigoso.

Os partidos populistas sabem utilizar as redes muito bem, basta ver o que se passa relativamente ao santo Ventura e à santa do Bloco de Esquerda, duas santidades, para perceber que os partidos populistas têm tirado uma grande vantagem das redes sociais, não tendo por base a verdade, mas tendo por base a inverdade e a desinformação e isso é muito perigoso.

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