21 mar, 2025 - 14:41 • Diogo Camilo
A Sondagem das Sondagens da Renascença é um laboratório de revelação de fotografias, mas o último rolo que recebeu mostra um cenário bastante desfocado. A sondagem do ICS e ISCTE para a SIC e Expresso mostra que cerca de 40% dos eleitores estão indecisos, a percentagem mais alta de sempre de indecisos numa sondagem desde 2016.
A Renascença mantém o critério de distribuir os indecisos de forma igual por todos os partidos, em cada nova sondagem. Com isso, a AD cresce nas intenções de voto com a redistribuição dos indecisos: os 20% na sondagem transformam-se em 37,6%, enquanto os 15% do PS na sondagem que inclui quem está indeciso resulta em 28% das intenções de voto com distribuição proporcional dos que não sabem em quem votar.
Assim, atualizada a Sondagem das Sondagens, a AD tem agora 30,9% das intenções de voto, mas continua em empate técnico com o PS que regista 28,5%. Em relação à última versão de intenções de voto no agregador, a coligação de PSD e CDS cresce 1,6 pontos, enquanto o PS caiu uma décima.
A margem de erro, que varia de partido para partido e aumenta à medida que passa o tempo sem uma nova sondagem, está nos +-1,7% para a AD e o PS.
Desde o início da crise política, e após a divulgação de sete sondagens neste período, a AD cresceu 0,9 pontos percentuais no espaço de mês e meio - tinha 30% no final de janeiro, antes de se conhecer a Spinumviva, a empresa familiar de Luís Montenegro.
Já o PS manteve-se inalterado, registando os mesmos 28,5% de intenções de voto que tinha antes da crise política. O Chega, com 16,7% caiu sete décimas em relação ao que tinha no final de janeiro, sofrendo também com as polémicas internas do partido.
A Iniciativa Liberal é o partido que mais cresce com a queda do Governo, subindo 1,6 pontos percentuais para os 7,6%, e assume-se claramente como a 4.ª força política, uma vez que Bloco de Esquerda, CDU, Livre e PAN caem mais de um ponto.
Feitas as contas, a direita (AD, Chega e IL) tem agora 55,2% dos votos, enquanto a esquerda (PS, BE, Livre, CDU) tem 36,1%.
Olhando ao histórico das legislativas, e somando os 7,6% da IL aos 30,9% da AD, o resultado não fica longe dos 41,4% que o PS conseguiu em 2022 - e que deu a António Costa uma maioria absoluta, com 120 deputados.
A sondagem do ICS e ISCTE para SIC e Expresso também introduziu um novo número a ter em conta: sendo a primeira a ter o trabalho de campo totalmente após a queda do Governo, o inquérito registou 39% de indecisos, a percentagem mais alta numa sondagem em Portugal desde pelo menos 2016, segundo os dados a que a Renascença teve acesso.
A sondagem com maior percentagem de indecisos nos últimos 10 anos foi uma divulgada em janeiro de 2021, com 32% de inquiridos que não sabiam em quem votar.
No estudo de opinião, além da AD com 20% e o PS com 14,8%, o Chega surge com 8,6%, enquanto a Iniciativa Liberal reúne 4,1% das intenções de voto. CDU, Livre e Bloco de Esquerda estão juntos, com 1,1%, 1% e 0,9%, respetivamente, enquanto o PAN tem apenas 0,2%.
Esta é a sétima sondagem realizada desde que estalou a crise política e foi descoberta a empresa familiar de Luís Montenegro, que levou o primeiro-ministro a pedir uma moção de confiança que acabou chumbada no Parlamento a 11 de março.
O trabalho de campo da sondagem do ICS e ISCTE começou no dia seguinte, 12 de março, e decorreu até 17 de março, tendo sido entrevistadas 802 pessoas - a maior amostra de todas as sondagens divulgadas nas últimas semanas e, por isso, com menor margem de erro.
Nas outras seis sondagens anteriores, a AD surgia à frente em três delas e o PS liderava noutras três. Em geral, todas mostravam uma ligeira queda do Chega e uma subida da Iniciativa Liberal, com Bloco de Esquerda, CDU e Livre juntos no bloco de partidos de esquerda.