11 mai, 2025 - 22:07 • Susana Madureira Martins
O caso Spinumviva reentrou em força na campanha do PS pela mão do ex-ministro do Trabalho José Vieira da Silva. “Pode um primeiro-ministro em exercício acumular com essa função uma espécie de empresa familiar que funciona na sua casa e que mantém? Pode?”.
À pergunta do dirigente socialista, a plateia presente no Theatro Circo, em Braga, onde decorreu o comício do PS deste domingo à noite, teve resposta imediata: “Não”. A pergunta, segundo Vieira da Silva “tem de ser feita e incomoda muita gente. Não pode haver este conflito”.
Pedro Nuno Santos deixa agora para os pesos pesados do PS os ataques a Luís Montenegro, para se centrar na apresentação das propostas do partido. E Vieira da Silva meteu energia total no discurso e foi interagindo com a plateia.
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“Não pode haver alguém que tenha cometido essa ilegalidade e imoralidade que nunca tenha tido a coragem de falar a verdade”, disse ainda o ex-ministro de António Costa para concluir: “Sempre a enganar, sempre a fugir até ao quarto para a meia-noite de qualquer dia”.
Ao PSD, Vieira da Silva deixou ainda um desafio: “Pode o PPD aceitar essa realidade?”. E mais uma vez à pergunta, a plateia respondeu: “Não”. “Muitos não aceitam, mas têm mais dificuldade em reconhecer”, continuou o ministro, “esta é uma verdade que pode doer, mas é necessária”.
O dirigente socialista gastou boa parte do discurso no caso Spinumviva e ainda perguntou: “Não é importante saber que o primeiro-ministro tem uma empresa em casa?”.
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Já depois de Vieira da Silva, foi a vez de José Luís Carneiro atirar a Montenegro à conta do caso da empresa familiar de Luís Montenegro. O dirigente socialista e cabeça de lista do PS por Braga às eleições de 18 de maio foi taxativo.
“Quando o primeiro-ministro não sabe que não pode receber dividendos diretos ou indiretos em funções executivas é porque não está preparado para a função que está a exercer”, disse Carneiro no Theatro Circo.
“Já vimos práticas despudoradas de quem não olha a meios para ganhar eleições”, acusou ainda o dirigente socialista, sempre atirando ao primeiro-ministro. “Cumprir a lei não é um capricho porque ela é o fundamento da igualdade de todos os cidadãos numa República qualificada”.
E nem as obras na casa de Luís Montenegro escaparam às críticas. “Quando se fazem obras em casa tem de se comunicar à câmara municipal. Como é que um primeiro-ministro formado em direito não sabe que tem de comunicar à câmara municipal que tem de realizar obras?”, questionou o antigo autarca de Baião.
Falando logo a seguir ao seu “querido camarada, companheiro e amigo”, referindo-se a José Luís Carneiro, que lhe disputou a liderança em 2024, Pedro Nuno Santos ignorou olimpicamente o caso Spinumviva e deixou de lado as acusações a Montenegro de falta de ética e de seriedade que marcaram os primeiros dias de campanha.
O líder do PS preferiu atirar ao que considera ser a “coligação radical” entre a AD e a Iniciativa Liberal, precisamente no dia em que os liberais anunciaram que o PSD os contactou para uma aliança eleitoral.
“Vivemos num mundo de grande incerteza”, disse, de novo, Pedro Nuno Santos, questionando: “Perante o quadro de incerteza, quem é que os portugueses querem a liderar o leme de um governo num contexto de incerteza?”. A plateia que enchia o Thetro Circo respondeu com “PS”.
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Os discursos de Pedro Nuno Santos não diferem agora muito uns dos outros. “A AD nunca foi boa a gerir crises. E sabemos quem pagou com a AD a liderar: o povo e os trabalhadores”.
A única altura em que falou diretamente de Luís Montenegro foi para puxar a fita do tempo atrás e falar do tempo da troika e da gestão da crise pela AD. “Sabem quem era o líder parlamentar que apoiou esses cortes? Era Luís Montenegro”, acusando ainda: “Tiveram sempre prazer em ir para além da troika. Só não conseguiram por causa do Tribunal Constitucional e da nossa vitória em 2015”, disse, esquecendo que o PS, de facto, perdeu essas eleições.
A nova máxima de Pedro Nuno Santos é a de que o PS é “um porto seguro, um esteio de estabilidade”, ao contrário da AD que diz não estar a "transformar o país, mas a travar o país".