30 set, 2025 - 19:49 • João Maldonado
Arranca já perto do meio-dia a proposta da campanha da coligação liderada pelo PS para a manhã desta terça-feira. Um passeio a começar no Mercado de Sapadores até ao Miradouro da Graça. Ladeada pelo candidato à Junta de Freguesia de São Vicente, Alexandra Leitão percorre durante cerca de uma hora as estreitas e confusas ruas desta região lisboeta.
A acompanhar a candidata há, naturalmente, apoiantes (que, também naturalmente, se vão dispersando pelo caminho). Levam as tradicionais bandeiras da coligação PS/Livre/BE/PAN. Cantam: “Lisboa vai votar e a Alexandra vai ganhar”. Com o lema “Viver Lisboa”, estão presentes todos os ingredientes de uma clássica arruada em tempo eleitoral.
Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui
A cabeça-de-lista vai entrando em lojas, cafés e restaurantes e ouvindo as queixas dos moradores e trabalhadores que por ali estão. Complicações no trânsito, lixo e habitação são os três tópicos principais que se destacam entre as reclamações. E pelo menos o primeiro é rapidamente comprovável a olho nu. Nas ruas por onde circula a comitiva os carros são muitos e andam muito devagarinho. Os autocarros e o elétrico travam demasiado. O passeio é demasiado curto: de cadeira de rodas, uma senhora queixa-se das dificuldades que tem para circular sem transportes suficientemente apelativos.
Eleições
A campanha para as eleições autárquicas, que arran(...)
Entre conversas com quem vai passando, Alexandra Leitão combina parar e prestar declarações aos jornalistas. Logo nas primeiras frases avança direta a uma das questões centrais (das queixas da população e da sua campanha para a Câmara): “A nossa prioridade máxima é a habitação”.
“O facto de ser uma realidade no mercado não quer dizer que seja uma realidade apoiada pelos poderes públicos”, sublinha a candidata da coligação que conta com PS, Bloco de Esquerda, Livre e PAN, propondo uma abordagem diferente de forma a resolver a falta de habitação a preços acessíveis na capital portuguesa.
Acusando Carlos Moedas de falta de peso político – uma acusação que vem repetindo nos últimos dias – Leitão estabelece máximos de rendas públicas a que se propõe alcançar: “Hoje ficámos a saber que os imóveis públicos que o Governo quer vender ou pôr em concessão é para aplicar a chamada renda moderada, a tal renda dos 2.300 euros por mês; comigo na Câmara de Lisboa as rendas serão sempre acessíveis, ou seja os 30% do rendimento que o agregado familiar tem, é completamente absurdo chamar moderada a uma renda de 2.300 euros”.
É neste momento meio-dia e meia e a socialista questiona em voz-alta: “Porque não vamos ao miradouro, que tem uma vista fabulosa?” Já com bem menos apoiantes, que nesta fase se foram "perdendo", e com uma vista deslumbrante sobre Lisboa, termina a viagem a pé pelas inclinadas ruas da Freguesia de São Vicente. Para a tarde está marcada uma visita a outra zona da cidade.
São 15h00 e Alexandra Leitão está no Príncipe Real, uma das zonas mais valorizadas a nível habitacional do centro de Lisboa. Mas o plano da coligação é falar de saúde.
Entram na Unidade de Saúde Familiar da Freguesia de Santo António para, minutos mais tarde, sair com novas críticas ao que tem sido feito (ou que não tem sido feito): “É o único Centro de Saúde da Freguesia; é de facto pequeno, num imóvel que não foi feito de raiz para isto; um imóvel de habitação, com salas fechadas devido a não estar em condições pela humidade”.
Estabelecidas as severas críticas, Leitão fecha com uma frase que resume a ideia que desejou passar neste dia: “O que aconteceu nos últimos quatro anos não foi estagnação, foi recuo; os lisboetas têm maus serviços públicos”.