Autárquicas 2025

Carneiro abre a porta à viabilização do Orçamento, mas avisa sobre pensões

04 out, 2025 - 23:43 • Alexandre Abrantes Neves

Na Lourinhã, e no dia do aniversário, o líder do PS disse que agora é "mais fácil" deixar passar o Orçamento do Estado, mas criticou os planos do Governo para as pensões até 520 euros. Sobre a Palestina e os detidos portugueses em Israel, pouco ou nada falou.

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Carneiro abre a porta à viabilização do Orçamento, mas avisa sobre pensões
Ouça aqui a reportagem da Renascença. Foto: Tiago Petinga/Lusa

O tema parecia vir guardado na algibeira, para não passar ao lado do otimismo com que Luís Montenegro abriu o dia. Acabado de chegar à Lourinhã, e ainda antes do arranque do comício, o secretário-geral do PS puxava de um assunto “bastante mais relevante” para contornar as perguntas sobre o Médio Oriente os portugueses detidos a bordo da flotilha humanitária para Gaza.

“Nos pensionistas até aos 520 euros, se extrairmos do valor das pensões o complemento solidário para idosos, haverá uma perda [em 2026] que – por exemplo, para as pensões que andam na ordem dos 300 euros – de cinco euros por mês, o que são cerca de menos de 70 euros por ano”, afirmou, sem precisar de qualquer pergunta para abrir o tema do Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) e começar a resposta ao primeiro-ministro.

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José Luís Carneiro frisou várias vezes que o partido “está comprometido com a estabilidade” e que “ninguém quer instabilidade política”. Esse seria um risco trazido pela polémica reforma laboral ou pelas soluções diametralmente opostas da AD ao PS para resolver as sucessivas urgências obstétricas fechadas – tudo matérias que parecem estar de fora proposta aprovada em conselho de ministros.

“É mais fácil”, admitiu José Luís Carneiro que, nas entrelinhas, acaba a assumir e a concordar com Luís Montenegro que o governo acatou as exigências da oposição para iniciar um diálogo. “O Governo e o Primeiro-Ministro colocaram de lado matérias que para nós eram vitais, nomeadamente os direitos laborais, o Serviço Nacional de Saúde, a proteção social e, se quisermos, a política fiscal”.

Por esclarecer ficou se o ponto das pensões é ou não uma linha vermelha do PS para viabilizar o documento ou se é apenas um assunto pelo qual o PS se vai bater na discussão na Assembleia da República.

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Seja como for, o que o líder socialista garantiu é que o PS não vai fechar os olhos para subir as reformas até aos 520 euros, mesmo que a proposta venha de outra bancada.

“Estaremos do lado daqueles que apresentarem na Assembleia da República propostas de valorização das pensões mínimas, particularmente para o regime especial daqueles que trabalharam na agricultura e que, tendo começado com idades tão jovens, não têm uma carreira contributiva que permitem uma vida digna”, prometeu.

Palestina ausente. Em Santarém, há um comboio à espera

Tudo o que for relacionado com o Médio Oriente, Carneiro tenta contornar nas declarações aos jornalistas – sobre a polémica com os caças F-35, o líder socialista remeteu de novo opara o pedido de aução do grupo paramentar socialista aos ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiro e, quanto à permanência dos portugueses detidos em Israel, cingiu-se a elogiar o trabalho dos serviços consulares.

“Não acredito que haja desvalorização, desde logo, por parte dos funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Os nossos embaixadores, os nossos cônsules, são uma estrutura diplomática das melhores. A Helena Paiva, a nossa embaixadora em Israel, é uma mulher de grande valor diplomático e sei bem que ela terá feito tudo o que estava ao seu alcance”, defendeu, sem comentar o facto de os quatro portugueses a bordo da flotilha humanitária ainda não terem regressado a território continental, numa altura em que aitivistas italianos já regressaram a casa.

Terminado o comício na Lourinhã – onde defendeu, uma vez mais, a importância da agricultura e da produção local, nomeadamente de pera rocha e aguardente –, José Luís Carneiro seguiu para Santarém, onde terminou o dia do seu 54.º aniversário e ouviu, uma vez mais, cantarem-lhe os parabéns.

No discurso (focado na cidade, nomeadamente nos temas da saúde, educação e mobilidade), o secretário-geral do partido fez apenas uma referência a política nacional – de novo, com críticas ao pacote de medidas para a habitação do governo da AD.

Falamos para as classes médias, que precisam de condições para pagar. Mas não aquela renda moderada de 2.300 euros, porque com uma taxa de esforço de 40%, como afirmou o ministro, teríamos de ganhar, em média, sete a oito mil euros por mês”, assinalou.

Na sala – que acolheu cerca de 1.000 pessoas como apoio a Pedro Ribeiro, que quer recuperar a autarquia perdida para o PSD há 20 anos –, estava também José Vieira da Silva, antigo ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

O também antigo cabeça-de-lista em Legislativas pelo distrito lamentou que os últimos executivos municipais tenham desperdiçado a “capitalidade” da cidade e se tenham “contentado com pequena política, ambições menores e olhar para dentro” – atitude que, segundo o socialista, vai terminar se o PS ganhar no concelho as eleições do próximo dia 12.

“Santarém precisa de um homem como Pedro Ribeiro porque Santarém está há tempo demais, como dizia alguém, à espera do comboio na paragem do autocarro. Nunca o comboio chega a uma paragem de autocarro”, vincou.

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