14 out, 2025 - 07:00 • Diogo Camilo
Depois das eleições autárquicas deste domingo, há ainda cinco freguesias por decidir, onde ninguém pode dizer: "Eu sou o presidente da junta."
"Ocorreu um empate - Não foram atribuídos todos os mandatos, nem eleito o Presidente", é a mensagem que surge, depois de duas forças políticas terem recolhido o mesmo número de votos em cinco assembleias de freguesia, todas no Norte do país. São elas: Arcas (Macedo de Cavaleiros), Cabreiro (Arcos de Valdevez), Lara (Monção), Lamoso (Paços de Ferreira) e Vila Marim (Vila Real).
Ao todo, foram quase três mil os eleitores que se deslocaram até às urnas para votar e acordaram na segunda-feira ainda sem um vencedor conhecido para a sua freguesia. Para resolver o impasse serão agora verificados os votos nulos e, se o empate persisitir, terá de haver nova eleição.
Segundo a Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna (MAI) e a lei eleitoral, nestes casos, terá de acontecer a repetição das eleições até ao 14º dia a contar do dia das eleições, ou seja, até dia 26 de outubro, com a data da nova eleição a ser escolhida pelo presidente da junta de freguesia que ainda está em funções.
Em Arcas, no concelho de Macedo de Cavaleiros, distrito de Bragança, as duas listas candidatas, uma coligação do PSD com CDS e a do PS, tiveram 100 votos certos, tendo sido registados ainda cinco votos nulos e um branco, numa freguesia onde a abstenção foi semelhante à do país - 39%.
Em Cabreiro, no concelho de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, tanto o PSD como o movimento TPC (Todos Por Cabreiro) tiveram exatamente 120 votos cada, representando 47,62% dos votos válidos, com mais oito votos nulos e quatro votos em branco.
Em Lara, também no distrito de Viana do Castelo, mas no concelho de Monção, o Juntos Por Lara (JPL) e o PSD tiveram 85 votos cada, com cerca de 47% dos votos para ambos. Houve ainda seis votos em branco e cinco votos nulos.
Na freguesia de Vila Marim, a que teve maior participação entre todos os empates, votaram mais de mil pessoas: 542 votos para o PSD e outros 542 para o PS, com o Chega a conseguir apenas 64, além de 25 votos em branco e 19 votos nulos para a assembleia de freguesia do concelho e distrito de Vila Real.
E por último, em Lamoso, no concelho de Paços de Ferreira, no distrito do Porto, houve empate entre o Movimento Independente por Lamoso (MIL) e a coligação de PSD e CDS, com ambas a recolherem 397 votos, além de outros 320 para o PS.
Em comum nestas freguesias, além do empate, está o PSD, que se viu envolvido em todas as disputas: três para movimentos independentes e duas para o PS.
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Pela mais curta das margens, em outras dez freguesias, cantou-se vitória por apenas um voto.
Duas delas aconteceram nos Açores, mas em ilhas diferentes e com forças partidárias diferentes: em Bandeiras, no concelho de Madalena e ilha do Pico, o PS venceu com 191 votos, contra 190 do PSD; em Norte Pequeno, na Calheta e ilha de São Jorge, foi o PSD quem venceu com 71 votos, contra 70 do movimento independente "Norte Pequeno Para Todos", e apenas três votos em branco.
No distrito da Guarda houve mais duas freguesias a serem decididas por apenas um voto: em Pinhanços, no concelho de Seia, o PS venceu o PSD com 194 votos, contra 193 e segurou a junta de freguesia; em Mizarela, Pêro Soares e Vila Soeiro, na capital de distrito, o movimento do autarca Sérgio Costa, com coligação Nós, Cidadãos e PPM, venceu com 87 votos, contra 86 do PS.
Em Abrunheira, Verride e Vila Nova da Barca, no concelho de Montemor-o-Velho e distrito de Coimbra, o PS conseguiu 356 votos e venceu e destronou a coligação de PSD e CDS, que teve 355.
No distrito de Viseu, em Penalva do Castelo, a freguesia de Lusinde também ficou decidida por um único voto, a sorrir para o PS, que teve 87 contra 86 do PSD. Em São Pedro do Sul, na freguesia de Valadares, o PSD vingou-se e venceu com 240 votos contra 239 do PS.
Em Lindoso, no concelho de Ponte da Barca e distrito de Viana do Castelo, o PS conseguiu 152 votos e venceu a junta contra os 151 votos do PSD.
Vamos até Bragança e encontramos mais duas freguesias onde a vitória se decidiu por apenas um voto: em Meirinhos, no concelho de Mogadouro, o PS voltou a vencer o PSD, mas desta vez por apenas um voto - 115 contra 114 dos sociais-democratas; já em Vila Flor e Nabo encontram-se uma das mais finas margens, não só em número absoluto mas também em percentagem, porque votaram 1.438 pessoas e 684 votaram na coligação PSD e CDS e outras 683 votaram no PS, para uma diferença de 0,07%.
Em termos de percentagem em relação ao número de eleitores, esta é a terceira mais curta margem de vitória no país.
Mais curta ainda só em duas freguesias no distrito de Setúbal: em Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas, onde votaram mais de 21 mil pessoas, a vitória foi decidida por apenas 11 votos a favor do PS e em detrimento da CDU - uma diferença de 0,05%; na Moita, em Baixa da Banheira e Vale da Amoreira, a CDU venceu a junta por quatro votos numa freguesia onde votaram 11 mil pessoas, para uma margem de vitória de apenas 0,04%.
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Em Santa Cruz das Flores, nos Açores, aconteceu o despique de câmara municipal mais aceso: o Movimento Cívico pelo Concelho venceu com 392 votos, contra 385 do PSD, enquanto o PS, que liderava a autarquia, conseguiu apenas 305 votos.
Há outras duas câmaras que ficaram decididas por menos de 50 votos e estão em polos opostos do país: em Caminha, a coligação de PSD, CDS e PPM venceu com 4.579 votos, contra 4.549 do PS, uma margem de apenas 30; em Vila do Bispo, no Algarve, o PSD também venceu o PS, mas por 44 votos.
Em termos de percentagem, a margem mais curta ficou em Loulé, também no Algarve: o PS venceu com 11.836 votos, contra 11.757 da coligação de PSD, CDS e IL, para uma margem de 79 votos que se traduz em apenas 0,26% do universo que votou.
Esta é a mesma margem de vitória que aconteceu em Braga, onde a coligação PSD/CDS/PPM venceu a coligação de PS e PAN por 276 votos.
Outros concelhos que foram decididos por menos de 100 votos nestas autárquicas: Gouveia (PSD - 53 votos); Moura (PS - 53 votos); Reguengos de Monsaraz (PSD - 54 votos); Monforte (PS - 57 votos); Torres Novas (PS - 83 votos); Aljustrel (CDU - 93 votos) e Ferreira do Alentejo (PS - 99 votos).
Das vitórias mais magras, passamos para as vitórias mais gordas. E nenhuma foi maior do que em Sernancelhe, onde o PSD conseguiu 78,5% dos votos, contra 8,8% do Chega, quase 70 pontos percentuais de vantagem, repetindo o que já tinha acontecido nas últimas autárquicas, quando o autarca Carlos Santiago foi eleito com quase 82% dos votos.
Em Oeiras foi a maior vantagem em termos absolutos: o movimento independente de Isaltino Morais venceu novamente com quase 62% dos votos e mais de 40 mil votos de vantagem num concelho onde votaram 84 mil pessoas. Para comparação, em Lisboa, Carlos Moedas venceu Alexandra Leitão por cerca de 20 mil votos e Pedro Duarte venceu Manuel Pizarro no Porto por cerca de dois mil.
Por freguesias, há três vitórias em que o presidente da junta teve mais de 85 pontos percentuais de vantagem para o segundo: em Silva, no concelho de Barcelos, a coligação de PSD e CDS teve 87,5%, enquanto o PS não teve qualquer voto; em Rego, concelho de Celorico de Basto, aconteceu o mesmo e a candidatura não teve qualquer voto, enquanto o PSD teve 87,2%; no Ameixial, concelho de Loulé, o movimento independente TPA conseguiu 88,6% dos votos, contra apenas 2,8% da CDU.