Renascença em Roma

No hospital onde está o Papa, reza-se pelo exemplo de "paz, amor e solidariedade"

25 fev, 2025 - 16:55 • Alexandre Abrantes Neves, enviado especial a Roma

Manuela está grávida e quer que o filho ainda conheça o Papa Francisco. Paula recorda a JMJ e os desejos de uma Igreja para "todos, todos, todos". Francesco olha para o Papa como uma "força de luz" para as terras em guerra. Em Roma, os fiéis não param de chegar ao hospital Gemelli para rezar pelo Papa.

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Veja a reportagem do enviado da Renascença a Roma, à porta do hospital Gemelli

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É o único ponto de cor no pátio, além da relva verde. A estátua de São João Paulo II parece pintada de vermelho e branco, graças às dezenas de flores, velas e até balões que ali foram colocados. Manuela vai lendo com especial atenção os desenhos de crianças com mensagens de apoio ao Papa. Está grávida de nove meses.

“Devo entrar em trabalho de parto nos próximos dias e, tal como espero que corra tudo bem comigo, espero que o Papa fique bem”, conta à Renascença, depois de sorrir levemente e pousar uma folha branca, onde – já esborratado pela chuva – ainda se consegue ver um arco-íris e ler em italiano “Papa Francisco, estamos aqui por ti”.

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Manuela veio para aquela que deve ser a última consulta antes do parto. Confessa-nos que vai cruzar a porta do hospital Gemelli a pensar menos em si e mais no paciente famoso que ali está já há dez dias. “Ele dá sempre as mãos a alguém. Devemos tentar ajudá-lo com as nossas orações”, explica.

Com mais cautela do que dificuldade, vai procurando no inglês as melhores palavras para descrever Francisco. Quer que o filho também veja no Papa um exemplo de como “olhar o mundo da forma certa”.

“É uma ótima pessoa, tem um grande coração. O Papa transmite às outras pessoas uma forma diferente de as conectar ao amor e à solidariedade”. Ainda não satisfeita, acaba a sintetizar rapidamente: “Não o podemos perder agora”.

Os jovens do Papa a apoiar o Papa dos jovens

A música em pano de fundo acaba a distraí-la. Passam poucos minutos do meio-dia e começou há instantes uma recitação do terço, organizada voluntariamente por um grupo de sacerdotes e religiosas. Nas mãos de muitos, o rosário é amparado ora por uma fotografia do Papa, ora por um pequeno missal.

As dezenas de pessoas que vão alternando as preces em coro ocupam quase todo o primeiro patamar da estátua de João Paulo II. Já na segunda leva de degraus está Paula, de olhos fixos nas homenagens tão simples, como fazer o sinal da cruz ou depositar um ramo de flores.

É espanhola, estuda Turismo em Roma ao abrigo do programa Erasmus e aproveitou uma pausa entre aulas para vir rezar pelo Papa.

“É um Papa muito amável e motiva-nos a todos a seguir a Jesus”, justifica, assim, a caminhada - ainda longa - que fez até ao hospital.

Grupos de peregrinos rezam pelo Papa. O relato da vaticanista Aura Miguel no Vaticano
Grupos de peregrinos rezam pelo Papa. O relato da vaticanista Aura Miguel no Vaticano

A única vez que esteve perto do Papa foi na Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, em agosto de 2023. Ficou “horas à espera para ver o Papa na primeira fila” e sentir na pele como Francisco toca de “forma especial” os jovens.

“[Foi] um evento com muitos jovens católicos e o Papa deu discursos muito bonitos. O que me tocou mais foi aquele em que pediu para não termos medo, porque é mesmo para cumprir. (…) [Há outro que] é muito bonito e que é verdade. Todos somos parte da igreja”.

Para os próximos dias, Paula não exclui voltar aqui para rezar pelo Papa e pela vontade de o rever brevemente no Vaticano, nas atividades planeadas para este Jubileu da Esperança: “Já o vi a dar missas no Jubileu e espero vê-lo mais vezes”.

Esta é também a esperança de um grupo de jovens do Movimento de Trabalhadores Cristãos de Roma, que vão abrindo e fechando uma tarja, à medida que as câmaras de televisão se aproximam deles. No longo lençol branco que carregam, pode ler-se em italiano: “Hoje, mais do que nunca, precisamos de ti, Francisco”.

Francesco Spizzirri, porta-voz do grupo e homónimo do homenageado, expande o leque de elogios ao Papa – lembra o papel importante das encíclicas, nomeadamente da Laudato Si’, sobre ecologia e ambiente.

Mas, quando lhe perguntamos o que é mais importante em Francisco, a resposta guina para outra direção: a luta pela paz.

“Com tantas guerras na Europa, o Papa tem-nos guiado, guiado espiritualmente nestes tempos. De facto, a sua palavra é muito importante. Ele está a tentar levar a paz onde não há luz de liberdade ou de paz”, assinala.

Não sabe quantas mais vezes vai aqui vir prestar homenagem ao Papa, mas compromete-se a continuar a rezar pelo Papa, todos os dias. E, se surgir a oportunidade de falar pessoalmente com ele, a mensagem já está preparada: “Força, Francisco!”.

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