26 fev, 2025 - 13:38 • Alexandre Abrantes Neves, enviado especial a Roma
Está na ponta oposta da praça, mas Maryanne mira a longa fila que espera para passar o controlo de segurança para a Basílica de Santa Maria Maior. Veio dos Países Baixos até Roma para se desafiar a ela própria: “Isto é tanta coisa para ver, é impossível ver tudo”.
Saiu da basílica – a preferida de Francisco e onde o Papa já disse querer ser sepultado – “muito” impressionada. Primeiro, fala-nos do “maravilhoso e lindo” pavimento, geometricamente desenhado com espirais e trapézios em tons de castanho e bordô no século XVII. Depois, destaca a união que se sente lá dentro em torno da saúde do Papa.
“Ele é especial. Acho que, para os católicos, ele é muito moderno”, começa por afirmar. Mas o argumento não demora muito até ser alterado e Maryanne rapidamente passa a falar de um Papa aliado da “estabilidade” e que deve importar ao mundo todo: “Os políticos são muito barulhentos e nós precisamos de pessoas com os pés bem assentes na terra”.
Nesta quarta-feira em que se cumpre o 13.º dia de (...)
Por aqui, a visita está feita e ainda tem muito a palmilhar por estas ruas romanas, acompanhada da irmã e do sobrinho. Quem também não tem tempo a perder é Pie Paul. Agendou um périplo pelas principais basílicas de Roma e não pode ficar até ao início da recitação diária do terço pelo Papa.
“Ontem fomos a São Pedro, agora vamos a São João de Latrão e depois ainda a São Paulo Fora-de-Muros. São todas basílicas fantásticas”, conta à Renascença, com um sorriso e um tom de voz que enchem a conversa de entusiasmo.
É escocês, mas tem ascendência italiana – volta, por isso, todos os anos, a Roma, a cidade natal dos avós. Fosse com São João Paulo II, com Bento XVI ou agora com Francisco (“todos abençoados pelo Espírito Santo”), conta-nos que vir a Itália sempre foi sinónimo de passar a manhã de domingo com os olhos postos na janela do Palácio Apostólico.
Desta vez, tem dúvidas de que isso seja possível, mas, quando fecha os olhos para rezar, replica na mente a imagem de Francisco, "sempre" a sorrir.
“É a melhor forma de o curar, todas as orações. O Santo Padre é sempre importante para a unidade da Igreja Católica e para nos guiar espiritualmente, principalmente este Papa nos últimos anos, com este caráter especial”.
Para o brasileiro Kléber Habilo, Francisco foi o Papa que mais o aproximou da Igreja desde que bateu asas do “berço católico”. Emigrado na Irlanda, chegou a Roma ainda nem há uma semana e esbarrou logo nos sinais da ansiedade em torno da saúde do Papa: “Fomos à Basílica São Pedro, fizemos uma visita e [cá fora] deu para perceber a comoção da imprensa”.
A Renascença em Roma
O terço foi recitado em italiano, mas na plateia h(...)
As razões para tanta apreensão podem ser várias: as guerras que já existem, as que podem rebentar em breve com o momento “sensível” que o mundo atravessa e também a “abertura” do Papa. Mas, se tivesse de eleger um motivo para a popularidade de Francisco, virava-se para a informalidade que marca o pontificado.
“É uma pessoa muito simples, muito simpático, do povo. Um Papa muito incomum, de pegar nas mãos das pessoas”.
Das mãos ao coração, vai uma curta distância e, por isso, dá voz à mensagem que milhões de católicos querem dizer a Francisco. “Levanta dessa cama, vamos dar uma volta, vamos tomar um café. A gente precisa muito do senhor vivo”.