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01 mar, 2025 - 07:30 • Alexandre Abrantes Neves, enviado especial a Roma
Como olham as crianças para o Papa Francisco? Com que medo e orações têm vivido as últimas semanas? Qual o papel que reconhecem ao bispo de Roma na atualidade? E que palavras lhe deixavam se o encontrassem?
A Renascença juntou um grupo de quatro adolescentes portugueses, apanhados em Roma, no último dia de uma viagem da escola. Numa Praça São Pedro recheada de intenções sérias e trabalhadas, Leonor, de 15 anos, chega-se à frente para dizer que leva o exemplo do Papa para os momentos mais simples do dia-a-dia.
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“Tento sempre ajudar o próximo. Acho que isso é muito importante. Não devemos deixar ninguém sozinho e ter sempre uma palavra amiga a dizer a quem está a sofrer. Por exemplo, na escola, costumo ver quem está mais excluído nos grupos e tento acolhê-los”, conta, enquanto os colegas a ouvem, dispostos atrás da câmara num semicírculo atento.
Renascença em Roma
Antes de Francisco, também Bento XVI passou pela ú(...)
A timidez de Leonor vai-se desfazendo aos poucos e, embalada pelas perguntas e sem se aperceber, acaba por retribuir os elogios feitos pelo Papa às crianças, em 2023, quando as chamou de “corações sem preconceitos e sábios”.
“Sinto que está uma pessoa muito sábia a falar para todo o mundo, só que, infelizmente, muita gente não o ouve”.
Os nomes de quem já tem os ouvidos tapados (“estas pessoas más”) vão surgindo na conversa aqui e ali, entre a Rússia e os Estados Unidos. António, 15 anos, não confia num mundo sem o Papa que o puxou para a fé: “Essas pessoas não vão ter bem noção e isto pode tudo ficar um bocado mau”.
Aos 16 anos, Maria, a mais velha do grupo, pega no coração de todos, todos, todos os colegas e cozinha-os em palavras simples para o Papa.
“Ele é muito bom para as pessoas, muito carinhoso com as pessoas. Quero muito [que ele recupere rapidamente]. Estamos aqui para isso e rezo muito por ele”.
O cardápio da importância de Francisco é o mesmo que se ouve vezes sem conta por esta praça: a luta pela paz, as reformas na Igreja Católica, o discurso mais “acutilante” e dirigido aos jovens.
A diferença, agora, é que as palavras destas crianças se tornam num manifesto do mundo onde querem viver no futuro.
“É símbolo de esperança, paz, diálogo entre as nações. Um mundo sem racismo, sem preconceito, com paz, igualdade para todos.”
João tem 15 anos, mas o discurso fluído e estruturado põe-no quase no patamar de um universitário. Gosta de ver uma Igreja virada para a atualidade – a pobreza, a guerra, os vícios, as redes sociais e, principalmente, as alterações climáticas.
Papa Francisco
Desde que foi internado a 14 de fevereiro, na sequ(...)
“O Papa Francisco é super atencioso a todos os temas. Acho que a Igreja deve acompanhar, está a fazê-lo e bem. Tocava sempre na questão do ambiente e das alterações climáticas, o que também atrai muito os jovens”, assinala.
Francisco. O Papa “moderno”, “bondoso”, da “palavra amiga e do conforto”. E que todos estes adolescentes querem ver à janela do Palácio Apostólico quando regressarem a Roma.
“O próximo pode ser bom ou mau, não sabemos. O Papa é uma força gigante que não se vê, sente-se. Toda a gente o sente. Melhore: o mundo precisa de si”. A mensagem está dada – e Leonor acredita mesmo que se vai concretizar.
