21 abr, 2025 - 22:37 • Aura Miguel
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O Papa Francisco visitou duas vezes Portugal, mas a sua relação com os portugueses já vinha dos tempos de juventude. Na entrevista que deu à Renascença, em 2015, Jorge Mario Bergoglio, que morreu esta segunda-feira, 21 de abril, aos 88 anos, disse que “nunca conheceu portugueses maus”.
Eleito Papa em março de 2013, no final da missa inaugural, Francisco foi convidado por Cavaco Silva para visitar Portugal. Com o centenário das aparições de Fátima no horizonte, o então Presidente da República afirmou que o país o acolheria de braços abertos, apesar de nessa altura já não ser presidente.
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O convite viria a ser reforçado por Marcelo Rebelo de Sousa, que escolheu o Vaticano como primeira visita oficial ao estrangeiro no seu primeiro mandato.
Do lado da Igreja, além de D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, também os patriarcas D. José Policarpo e D. Manuel Clemente o convidaram. E o Papa aceitou.
Numa visita-relâmpago limitada a Fátima, uma enorme multidão reuniu-se na Cova da Iria, a 12 e 13 de maio de 2017, para receber o Papa e participar na canonização de Jacinta e Francisco Marto. “Irmãos e irmãs, obrigado por me acompanhardes. Não podia deixar de vir aqui venerar a Virgem Mãe e confiar-lhe os seus filhos e filhas”, disse Francisco, na Capelinha das Aparições.
No ano seguinte, D. António Marto, é nomeado cardeal. É também em 2018 que Francisco convida o padre Tolentino de Mendonça para orientar os Exercícios Espirituais da Quaresma e, poucos meses depois, nomeia-o arquivista e bibliotecário da Santa Igreja romana, cargo que, por inerência, o eleva a cardeal no Consistório de outubro de 2019. Em setembro de 2022, foi nomeado Prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação.
Num país de pequena dimensão na geografia católica, como é o nosso, causou surpresa a nomeação, no verão de 2023, de mais um cardeal português, com apenas 49 anos, D. Américo Aguiar.
Graças ao Papa Francisco, o Colégio Cardinalício passou a contar com seis cardeais portugueses, quatro deles com direito a voto no Conclave.
Inesquecível foi a última visita de Francisco a Portugal, em agosto de 2023.
A razão principal da visita foi presidir à Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, mas Francisco aproveitou a deslocação para se desdobrar em encontros. Falou aos políticos e ao mundo da cultura, rezou em Fátima, visitou obras sociais e deixou indicações à Igreja.
“Sonhamos a Igreja portuguesa como um porto seguro, para quem enfrenta as travessias, os naufrágios e as tormentas da vida”, disse no Mosteiro dos Jerónimos.
Apesar do sol escaldante e das limitações da idade, Francisco presidiu com surpreendente vigor à Jornada Mundial da Juventude. E ficaram famosas para sempre estas palavras que dirigiu aos jovens: “Na Igreja há espaço para todos. Na Igreja ninguém sobra, ninguém está a mais, há espaço para todos, jovens e velhos, sãos e doentes, justos e pecadores, todos, todos, todos!”.
No centro da cidade e junto ao Rio Tejo, um milhão e meio de jovens rezou, fez silêncio e aclamou o Papa, numa alegria contagiante. No regresso a Roma, Francisco reconheceu que a JMJ de Lisboa foi a mais bem preparada. E foi também a última do seu pontificado.