24 abr, 2025 - 16:43 • Ana Catarina André , Diogo Camilo
São 135 os cardeais eleitores chamados a reunirem-se em conclave na Capela Sistina para elegerem o próximo Papa, na sequência da morte de Francisco, o maior número de representantes do Colégio Cardinalício na história da Igreja Católica.
Mas nem todos poderão participar. Para já, estão confirmada duas ausências - do espanhol António Cañizares Llovera e do queniano John Njue - e outro cardeal, Vinko Puljic, está em dúvida, todos por razões médicas. O bósnio, nomeado por João Paulo II em 1994, é o cardeal eleitor mais antigo.
Para poderem votar, os cardeais precisam de ter menos de 80 anos, o que deixa de fora 116 cardeais. Um deles, o indiano George Alencherry, irá falhar o conclave por pouco: celebrou o 80.º aniversário a 19 de abril, dois dias antes da data da morte de Francisco.
A média de idades está nos 70,4 anos, mas quase metade dos cardeais eleitores (41%) tem 75 anos ou mais.
A contrastar temos um único cardeal com menos de 50 anos: o ucraniano Mykola Bychok é cardeal da Austrália foi nomeado por Francisco no seu último Consistório, em dezembro de 2024, tal como outros 19 cardeais eleitores e um não eleitor.
Com este último Consistório, passaram a ser 140 os potenciais cardeais eleitores — acima do limite de 120, previsto nas normas da Constituição Apostólica -, mas o número reduziu-se depois de cinco cardeais terem completado o seu 80.º aniversário nos últimos meses.
Entre os mais novos há um português: o bispo de Setúbal, D. Américo Aguiar, com 51 anos, será o terceiro cardeal mais novo no conclave. A ele juntam-se mais três portugueses entre os cardeais eleitores: D. Manuel Clemente, D. António Marto e D. José Tolentino Mendonça.
O que têm todos em comum? Tal como outros 104 cardeais eleitores chamados ao conclave, foram nomeados pelo Papa Francisco. Dando seguimento aos esforços dos seus antecessores para tornar o conclave cada vez mais internacional, Francisco escolheu 108 dos atuais 135 cardeais eleitores – apenas 22 foram nomeados por Bento XVI e cinco por João Paulo II.
Significa, portanto, que oito em cada dez foram nomeados por Francisco, o primeiro jesuíta a liderar a Igreja Católica.
Mais de metade dos cardeais foram, aliás, nomeados nos últimos anos: no conclave vão estar 68 cardeais nomeados entre 2020 e 2025 e 66 cardeais nomeados antes de 2020.
Atualmente, o colégio cardinalício é composto por clérigos de 71 países, mas nem todos são originários dos países que representam. O cardeal da Austrália é ucraniano, o do Irão é belga, o da Mongólia e de Jerusalém são italianos e o de Marrocos é espanhol.
Assim, 58 cardeais são europeus, ao passo que 20 são asiáticos, 17 de África, 16 provêm da América do Norte, 17, da América do Sul, e quatro da América Central, de acordo com as estatísticas oficiais do Vaticano. Da longínqua Oceânia, entrarão na Capela Sistina três cardeais: um da Nova Zelândia, um da Papua Nova Guiné e outro de Tonga.
Tal como habitualmente acontece, Itália é o país com mais cardeais eleitores – são 17. Segue-se os Estados Unidos, com 10, Brasil com sete e França com cinco.
Com a ausência do cardeal espanhol Llavera, Portugal está logo a seguir, num grupo de países com quatro representantes onde estão Espanha, Argentina, Polónia, Canadá e Índia, e com mais um do que Alemanha, Reino Unido ou Filipinas, que têm três.
Assim, Portugal será o terceiro país na Europa e o quinto no mundo com mais representantes no conclave.
Se olharmos para a história, nos últimos 125 anos, o conclave nunca durou mais do que cinco dias ou 14 votações. Aconteceu em 1922, na eleição de Pio XI.
Do lado contrário, a eleição mais rápida foi a seguinte, de Pio XII, que durou apenas dois dias, em três votações.
Tanto Francisco como Bento XVI foram eleitos ao segundo dia, na quinta e quarta votação, respetivamente.
[notícia atualizada a 6 de maio com o número de cardeais e respetivas nacionalidades]