25 abr, 2025 - 13:54 • Salomé Esteves
Não foi apenas em vida que o Papa Francisco quebrou com tradições antigas. Também o funeral de Jorge Mario Bergoglio, que na segunda-feira faleceu aos 88 anos, terá contornos diferentes dos seus antecessores.
Francisco quis ser sepultado fora do Vaticano, mas não longe. A Basílica de Santa Maria Maior, onde rezava frequentemente e que visitou no dia seguinte à sua eleição como Papa, em 2012, fica a pouco mais de quatro quilómetros da Basílica de São Pedro.
Mas a distância simbólica é maior que os quatro mil metros que separam os dois edifícios. Apesar de ter sido prática comum num passado distante que um Papa decidisse ser sepultado fora do Vaticano, e até mesmo em França, esde a morte do Papa Leão VXIII, que foi sepultado na Basílica de São Pedro em 1903, mas cujo corpo foi transladado para a Basílica de São Latrão, em Roma, todos os Papas foram escolheram manter-se no mesmo local.
Francisco será o primeiro Papa em mais de um século sepultado além dos muros do Vaticano.
Por essa razão, os rituais do funeral que se realiza na manhã de sábado serão diferentes do que os dos seus antecessores.
O percurso final foi divulgado pela Câmara Municipal de Roma ao início da tarde desta sexta-feira. O cortejo não passará pela Praça de São Pedro, mas sairá por uma porta lateral - a Porta del Perugino - que leva ao túnel Principe Amedeo Savoia Aosta.
Ao longo de pouco mais de quatro quilómetros, a procissão passa por alguns dos pontos mais emblemáticos da cidade de Roma, como a Piazza Venezia, o Coliseu de Roma e o Fórum Imperial.
Os metros finais até à entrada da Basílica de Santa Maria maior são feitos pela Via Merulana, que desagua na praça.
Depois da morte do Papa, todos os rituais acontecem em grande proximidade e, usualmente, dentro do Vaticano.
O Papa Francisco morreu na passada segunda-feira, às 7h35. Nesse dia, às 19h, o cardeal Kevin Farrell, nomeado camerlengo por Francisco em 2019, procedeu ao rito de constatação da morte do Papa Francisco. Nesta cerimónia privada, que decorreu nos aposentos do Papa, na Casa de Santa Marta, foram convidados o cardeal Giovanni Battista Re - o membro mais antigo do Colégio dos Cardeais -, o ministro e vice-ministro da Saúde do Vaticano, e familiares do Papa.
Depois de declarada a morte, nessa mesma noite, o anel pontifício, chamado o anel do pescador, e o selo de chumbo que chancela as Cartas Apostólicas foram destruídos. Às 19h, os aposentos, o quarto e o escritório do Papa, na Casa de Santa Marta e no Palácio Pontifício, foram selados e lacrados com um selo. O rito de constatação da morte terminou com a leitura do atestado de óbito.
O corpo do Papa foi transferido para a Capela de Santa Marta, um espaço privado contíguo ao edifício onde habitou durante o seu pontificado.
Na manhã de quarta-feira, o caixão foi transladado para a Basílica de São Pedro, onde permanecerá até ao funeral. Os fiéis podem velar o Papa Francisco até sexta-feira, mas, apesar da afluência de milhares de pessoas e de promessas de alargamento do horário até à meia noite, o rito de encerramento do caixão do Papa Francisco está marcado para dia 25 de abril, às 20 horas (hora local).
Este ritual volta a ser conduzido pelo cardeal Kevin Farrell, acompanhado pelos cardeais Giovanni Battista Re, Roger Michael Mahony, cardeal presbítero, Dominique Mamberti, cardeal protodiácono, Mauro Gambetti e o arcipreste da Basílica Papal de São Pedro no Vaticano.