07 mai, 2025 - 05:30 • Ana Catarina André, enviada da Renascença a Roma
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Estefania e a mãe, Irma, estão em silêncio há mais de 20 minutos. A poucas horas do início do Conclave, estão tranquilamente sentadas no chão, junto a uma das barreiras mais próximas da entrada da Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Com uma serenidade que contrasta com o burburinho que as rodeia, vão olhando para o céu e ouvindo a água a correr da fonte, enquanto observam a monumentalidade da praça e os peregrinos e os turistas que por ali vão passando, mais apressados.
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“Há anos que queria chegar aqui, sentir a paz deste lugar, testemunhar a História e ver tantas histórias, tanta gente. Na verdade, é um milagre”, considera Irma, emocionada.
“Espero a eleição do próximo Papa cheia de esperança. Que seja bom, que possa unir todos os países, todo o mundo e que seja tão carismático como o Papa Francisco. Precisamos de muita paz, muita paz entre as pessoas, de sermos humanistas e de termos um coração puro e sincero”, diz a argentina.
Irma gostaria de assistir ao momento em que a chaminé da Capela Sistina deitará fumo branco, anunciando assim o novo sucessor de Pedro.
Estefania, a filha, afirma que, ainda que a presença de ambas não tenha sido planeada (pensavam fazer apenas uma viagem de férias), se depararam com uma ocasião única. “Gostaria muito de vivê-la com a minha mãe”, assume.
Mais de duas semanas depois da morte de Francisco, de dias tristes e comoventes, parece respirar-se uma nova brisa no Vaticano.
Esta quarta-feira, 7 de maio, começa o Conclave que vai escolher o Papa número 267 da história da Igreja Católica.
Às 9h00 da manhã (hora de Lisboa), será celebrada, na Basílica de São Pedro, a missa para a eleição do Papa (pro eligendo Romano Pontifice), que vai ser presidida pelo decano do Colégio Cardinalício, D. Giovanni Battista Re, de 91 anos. A celebração reúne o colégio cardinalício, o último ato em que os cardeais não eleitores poderão participar. Está prevista uma prece em português.
À tarde, a partir das 14h30 (hora de Lisboa), tem início o Conclave propriamente dito. Os cardeais eleitores seguem em procissão solene da Capela Paulina, no Palácio Apostólico, até à Capela Sistina. Depois da entoação da Ladainha dos Santos (invocação dos santos), será cantado o “Veni Creator Spiritus” que invoca o Espírito Santo.
Os cardeais eleitores, isto é, com menos de 80 anos, fazem, depois, o juramento no qual prometem manter segredo sobre tudo o que se passar no Conclave.
Cabe ao camerlengo, o cardeal Kevin Farrell, fechar as portas da Capela Sistina por dentro, enquanto o arcebispo Edgar Peña Parra, substituto da secretaria de Estado do Vaticano, trancará as portas por fora. A partir deste momento, os cardeais estão proibidos de comunicar com o exterior.
Esta quarta-feira, primeiro dia do Conclave, haverá uma única votação. Nos dias seguintes, poderá haver até quatro escrutínios, dois de manhã e dois à tarde.
O processo prosseguirá até que haja uma maioria de dois terços, o que significa que para eleger o novo Papa serão necessários votos de pelo menos 89 dos 133 cardeais eleitores.
Da última vez, em 2013, os cardeais elegeram o sucessor de Pedro (no caso, Francisco) no segundo dia, à quinta votação.