01 nov, 2025 - 13:00 • Maria João Costa
As mãos de dedos pequenos que já tocaram em pianos nas principais salas do mundo, estiveram há dias na apanha da azeitona. Maria João Pires está hoje longe dos palcos, trocou-os pela terra e o contacto com a natureza e confessa, em entrevista à Renascença: “Já não sou pianista”.
A artista que recebe este sábado, às 17h00, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva – instituído pelo Centro Nacional de Cultura – fala de “um certo trauma” e acusa hoje “o stress do palco, o cansaço, as viagens excessivas e o esforço físicos dos recitais” que fizeram dela a pianista portuguesa mais destacada.
Aos 81 anos, e depois de sofrer um AVC, Maria João Pires procura dar novo sentido à sua vida. Está a vender a sua propriedade, em Castelo Branco, onde instalou o Centro de Artes de Belgais. Vê a mudança como positiva. Preocupada com o futuro do planeta, com a preservação ambiental, a pianista que tem um golfinho tatuado no pulso direito lamenta que estejamos “a viver numa era de muito lixo”.
Diz hoje que é preciso usar armas como o esforço e a consciência para evitar a “competição” que vê como uma guerra. Olha a inteligência artificial como desafiante se “os valores” não forem preservados e sente que as crianças padecem hoje de uma “fome de consciência gigante”.
Recebe este sábado o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva. O júri destaca-a como uma “extraordinária intérprete”, uma “educadora visionária”, uma “pensadora cultural e uma revolucionária silenciosa no domínio do património mundial”. Revê-se nestes atributos?
É um elogio enorme, mas eu revejo-me na ação. Incluo-me no grupo de pessoas que gostam de estar ativas na mudança para melhor, na maneira de fazer as coisas de forma a poder servir a comunidade e poder ajudar as pessoas a saírem de grandes crises e as crianças a aprenderem.
Isso, para mim, é essencial na vida. Não sei viver sem me incluir nesse grupo de pessoas que têm um papel. Não estou a dizer que seja uma missão, porque não me sinto preparada para ser missionária nesse sentido, mas estar incluída no grupo de pessoas que têm uma influência na forma como as crianças e as novas gerações sentem, pensam e tomam consciência do que é o mundo e de como é que poderia evoluir de uma forma mais harmoniosa.
Em que sentido?
No sentido de mais equilibrado, menos competitivo, mais empatia pelos outros, mais vontade de se entreajudar, mais vontade de criar um mundo melhor. São palavras que já toda a gente disse, mas a mim conforta-me muito.
Nesse sentido tenho muita honra em receber esta “prenda”, este prémio europeu, porque pertenço à Europa e pertenço muito com o coração, com a minha vontade de estar numa Europa que tenha sentido. Não só um sentido comercial e de lucro, mas um sentido verdadeiro de educação, de capacidade, de consciência, principalmente a nível ecológico e de valores humanos.
Acho que vivemos num país ou num grupo de países que só se preocupa com o lado material, não abrange os valores humanos. No momento em que os deixamos, os perdemos e esquecemos, transformamo-nos em seres não-humanos, e isso é muito assustador.
No momento do desenvolvimento da tecnologia e da inteligência artificial parece-me que todos estamos a descobrir algo de novo. Temos mais do que nunca que preservar esses valores.
Nunca tive o espírito do pianista que dá concertos, que tem sucessos, muito público e que viaja muito.
Essa era também uma forma de pensar que caracterizava Helena Vaz da Silva. Ela também era alguém que fazia as coisas acontecerem.
Com certeza. Incluo-me com todo o respeito e toda a humildade, porque era uma mulher que eu muito admirei. Conheci mal, mas conheci-a, e acho que ela foi exatamente uma das primeiras mulheres a conseguir ter uma ação que tivesse uma verdadeira influência na sociedade.
Agora, isso não significa que as pessoas ouçam. As pessoas para ouvir precisam de outros meios. No tempo da Helena, ela era um pouco mais velha que eu, ela teve uma ação muito forte e de grande influência na sociedade. Acho que ainda não havia os grandes perigos que corremos hoje.
E que perigos são esses?
Esquecer a consciência, a consciência do planeta, de toda a ecologia, o preservar a nossa casa, no fundo. Nós estamos a viver numa era de muito lixo, de muitas coisas que não desejaríamos se tivéssemos consciência delas.
A Maria João Pires gosta do contacto com a natureza. Em que medida precisa dele? É vital para a pessoa que é, e para a artista que é?
Eu não sei exatamente o que é que eu sou. Sei que é muito importante para mim ter o contacto com a natureza. É muito para compreender e saber o valor que isso tem e como é horrível perdê-lo, perder esses valores e a consciência do que nos foi dado e aquilo que não podemos criar.
O ser humano está convencido que pode criar tudo, mas não, há realmente uma parte que não nos é permitida.
Ultrapassei todos os limites do corpo, todos os limites permitidos, e isso fez-me aprender
Ser pianista é muitas vezes comparado com a ideia de um atleta de alta competição. Como é que são os seus treinos diários?
Eu já não sou pianista. Eu fui pianista muitos anos, assumi-me como pianista durante muitos anos, por uma questão de inclusão. Eu queria sentir-me incluída e aceite e isso até pode ter sido bom, mas eu nunca tive o espírito do pianista, do músico que dá concertos em público, que tem sucessos, que tem muito público, que viaja muito. Eu nunca tive, nunca aderi.
Mas fez tudo isso.
Eu fiz tudo isso e assumo que fiz tudo isso, mas eu nunca aderi a 100%. Sempre tive o desejo de algo diferente. O desejo de um desenvolvimento muito maior da nossa consciência, da nossa espiritualidade, da nossa capacidade de compreensão, do nosso posicionamento em relação aos outros. Isso para mim é muito importante assim como a nossa missão na Terra, nesta vida.
Parece-me importante dizer a verdade. Eu nunca fui pianista no sentido verdadeiro do termo, em muitas coisas identifico-me com os meus colegas e respeito-os a todos, mas há uma parte em mim que não se identifica e a essa parte, não aderi completamente.
É quase contraditório essa ideia do palco com as luzes, com o foco, e no fundo alguma discrição que sempre quis ter.
Sim, tem razão, é contraditório. Ao mesmo tempo tentei sempre transformar isso em diálogo, num encontro, numa forma de partilhar. Se uma pessoa está sozinha num palco a tocar e a transmitir uma arte que é a música, pode estar ao mesmo tempo incluída no grupo, e o grupo está a ouvir. No fundo é parecido.
Mas a música é um caminho para a beleza e talvez para uma certa consciência e espiritualidade de que falava. Nesse sentido a música para si um veículo para lá chegar?
É importante qualquer arte. A música tem uma possibilidade muito rápida de fazer o nosso corpo vibrar. A vibração é muito importante, é como a voz humana e a melodia. Tudo que vem da voz é muito importante na medida em que faz o nosso corpo vibrar. Quando o nosso corpo vibra cria todo o tipo de conexões importantes, porque sem vibração nós não sabemos comunicar. A comunicação intelectual pode ser muito rica, mas falta-lhe exatamente essa vibração.
A Maria João disse há pouco que foi pianista, já não é pianista, quem é hoje a Maria João Pires?
Estou à procura. Sempre estive à procura, mas agora tenho uma oportunidade, um tempo que me parece importante para refletir, para encontrar novas formas de me ligar às pessoas e aos temas importantes das nossas vidas.
A Maria João é muito preocupada com os tempos de hoje, com os extremismos que vemos, com esta fobia contra o outro. É um tempo que a faz sofrer?
A mim faz-me sofrer muito, porque eu sinto, principalmente na minha família — tenho netos — e faz-me muita confusão ver as crianças aceitarem a competição, que é guerra.
No fundo a competição é guerra, não é mais do que isso. As armas são outras, mas o resultado final é sempre a morte de algo.
Essa morte é uma forma de ver a vida muito estranha. A morte não é aceite, mas está ativa na vida das pessoas, está como um desejo: “vamos matar”. É horrível. Faz-me sofrer, e sentir que as crianças estão incluídas nessa sociedade competitiva, em que o desejo é ganhar.
Parece-me absurdo e pouco saudável, e acho que as pessoas que têm consciência disso, deviam tentar lutar contra isso, com a arma da consciência. Os seres conscientes têm de fazer o esforço. O esforço é uma boa arma. É uma arma positiva.
Não recusar o esforço, não viver na preguiça mental ou física, ou na preguiça instalada, como a lei do menor esforço. Acho que o esforço é uma arma fantástica, em que nós nos ultrapassamos.
A Maria João sofreu um AVC recentemente.
Mas tive um outro problema, junto, esse não foi muito mau, esse ainda foi mais ou menos...
Isso afastou-a dos palcos. De que forma é que a levou a perspetivar a sua vida de outra forma?
Muito, muito, mas isso foi bom! Logo a seguir, tive consciência de que me estava a acontecer qualquer coisa, que parecia extremamente negativa. Durante meses sofri fisicamente dores, e senti que tinha que lutar, que tinha que fazer um esforço grande, mas foi uma perspetiva nova.
Eu senti desde o início: “Tenho aqui uma oportunidade de evoluir”.
Não foi o medo da morte?
Todos temos! Se vier agora alguém matar-me, eu tenho uma reação, mas o medo nesse sentido… não sou obcecada.
Então como mudou de perspetiva?
Eu estava sempre a continuar a fazer um esforço num sentido que era: “Tenho um dever, tenho um trabalho, tenho uma missão, e tenho de ir até o fim”.
Ultrapassei todos os limites do corpo, todos os limites permitidos, e isso fez-me aprender. E depois fez-me tomar consciência de que afinal os valores que pensava que eram muito importantes podem-se relativizar. É tudo muito relativo.
Mesmo quando toca, está sempre a superar os limites do corpo?
Nós fazemos muita paz com o corpo. Não tem de ser um esforço. O esforço não tem que ser exaustivo. Mas nos últimos dois, três anos tornou-se exaustivo, e por isso eu digo que ultrapassei os limites.
Agora, o corpo está em esforço. Se não estiver, não está incluído. Se não está incluído, a música não se exprime. Infelizmente o corpo é o instrumento.
Imagina um cantor que está em palco, ele tem de se esforçar para ser ouvido. Nós temos de nos esforçar para ser ouvidos, e não é sempre para sermos umas “stars”, umas estrelas. Não é sempre para ganharmos prémios, nem é sempre para competir com alguém. Pode ser por uma razão muito mais positiva, no sentido que queremos ser ouvidos porque temos algo a dizer.
Agora, não são só as pessoas conhecidas que têm algo a dizer. Todos nós temos algo a dizer, portanto devíamos ouvir toda a gente.
Neste momento não toco muito. Parei um pouco. Nunca entrei em guerra com o piano, mas houve um certo trauma.
E foi o seu corpo que lhe disse para parar?
Parar não, parar algo que me fazia mal. O stresse do palco, os problemas que tinha, o cansaço, as viagens excessivas e o esforço físico para dar recitais.
E quando se senta ao piano hoje e toca de puro coração, o que é que lhe sai?
Descubro coisas novas. Uma certa paz. Não ter de ultrapassar sempre alguma coisa, poder estar em paz.
E o que é que gosta de tocar quando está sozinha?
Eu neste momento não toco muito. Parei um pouco. Não quer dizer que não faça, não digo as pazes, porque nunca entrei em guerra com o piano nesse sentido negativo, mas houve um certo trauma.
E o piano ainda tem mistérios para si?
Claro! Qualquer som que tentemos exprimir e criar de um instrumento é sempre complicado e há tudo para descobrir.
Quem é a Maria João Pires, além de todo este lado que conhecemos? Começamos esta conversa, ainda antes da gravação, a falar da apanha da azeitona de onde veio. Quem é essa outra Maria João?
Está incluída na minha vida do dia-a-dia. Eu sempre adorei a natureza, sempre adorei saber como nos relacionarmos com a natureza sem a explorarmos no mau sentido. A exploração é algo que me choca.
Então, é como dialogar com a natureza e a como deixar servir-nos e dar-nos tudo o que temos, mas sem a explorar, sem a ferir.
A exploração é algo que me choca.
E o que é que a Maria João Pires de hoje diria à Maria João que começou a tocar aos 5 anos? Que conselhos é que lhe dava?
Ainda tens muito para aprender! (riso) Não, isso é uma brincadeira. Não sei o que eu diria a mim própria.
Acho que o mais importante é ouvir. Ouvir as pessoas, ouvir os outros. Tentar decifrar o que temos para ouvir.
Criou um projeto muito bonito em 1999, o Centro de Artes de Belgais, em Castelo Branco. Vi recentemente que tem Belgais à venda numa imobiliária. É um fim de uma era para si?
Sim. Não sabemos se vai ser vendido, ou se vai ser reconstruído alguma coisa, mas não eu diretamente. Quer dizer, eu trabalharia lá e continuaria a fazer coisas, se estiver em estado de o fazer, mas não tenho a certeza ainda.
Depende de como as coisas se desenrolarem. Eu acho que é importante deixar um pouco a surpresa acontecer.
Se vender, se acontecer, se houver pessoas que queiram realmente comprar, por boas razões e de uma forma que faça sentido para a continuação…
Mas o que é que para si a continuação de Belgais?
Tudo se transforma e tudo é uma continuação, quando não há destruição do que foi feito. Parece-me.
Ou seja, faz sentido manter algum legado daquilo que foi feito?
Com certeza que aquela casa não vai ser usada como casa de família. As pessoas não vão comprar uma casa daquelas como casa de família, como eu não iria continuar numa casa daquelas como casa de família. Tornou-se incapacitante. É inadequada.
E o ser inadequado é muito desagradável. Portanto, eu acho que nessa parte é importante terem consciência de que as coisas têm de continuar para o que foram feitas.
Não significa que seja igual. Não significa que seja exatamente com o mesmo objetivo, mas que haja um aproveitamento positivo.
E para si, todo o lado de ensino artístico que depositou naquele projeto, envolvendo também toda a comunidade, faria sentido replicar noutro sítio, nesta fase da sua vida?
Os projetos que eu fui fazendo ao longo da vida, o primeiro foi em Belgais, claro, depois continuei e fiz noutros lugares parece-me que são sempre possíveis de ser móveis. São no fundo sementes que se criam. Eu tenho alunos que estão a fazer projetos superparecidos com o meu. Mas são diferentes.
Têm aquela diferença que lhes pertence a eles. E isso é muito bom. Pessoas que escreveram coisas sobre Belgais, que aprenderam.
Não quer dizer que tenham aprendido comigo. Aprenderam com a experiência. E o que acho que é importante não é só uma pessoa, mas sim a experiência que essa pessoa cria. E a experiência que essa pessoa consegue transmitir aos outros. Portanto, isso é importante. No fundo é aquilo que semeamos que é importante. Depois vamos colher o que semeamos.
As crianças com quem trabalhei no coro infantil, em vários lugares, todas têm alguma coisa que guardaram e que cultivaram na vida. Portanto, o que interessa é que os projetos que fazemos sejam verdadeiramente úteis.
Não sejam feitos com o objetivo egocêntrico. Acho que aí é opor-nos a nós, a ter uma certa prepotência, a dar demasiado valor às nossas capacidades. É bom darmos, mas não exagerar.
É aquele equilíbrio até um certo ponto de “eu posso fazer”. Mas depois os outros fazem. É no fundo delegar.
Mas a Maria João não tem pena de Belgais terminar assim? Foi um sonho, de facto, aquele espaço para si.
Eu não tenho pena, porque gosto da mudança. Adoro a mudança no bom sentido. Areja as ideias, os lugares, as coisas. Parece-me que nesse sentido é realmente importante e não tenho pena.
No fundo, se pensarmos assim, não temos pena de nada. Porque se a transformação e a mudança for feita com as intenções certas, se for feita em concentrar-nos na comunidade e na utilidade daquilo que estamos a fazer em relação ao grupo, acho que não há nada a ter pena.
Preocupa-me o futuro das novas gerações e do planeta
O que é que falta ao ensino artístico em Portugal?
Não falaria em Portugal. Falaria em geral, no mundo. Sinceramente, durante muito tempo critiquei muito, porque conhecia um pouco as realidades dos lugares onde trabalhei, ou dos lugares onde aprendi.
No fundo, eu chego à conclusão que é um problema humano. Não é Portugal. É óbvio que Portugal tem muitas falhas. Espanha deve ter ainda mais. Inglaterra também tem muitas. Todos temos muitas. Mas acusarmos as falhas dos outros, não nos vai ajudar em nada.
Podemos é ajudar com a nossa consciência, aquilo em que podemos ajudar. Não é acharmo-nos uns génios que podem ajudar todo mundo. Não. Mas aquela ação pontual que pode construir. Tudo que é construtivo.
E o mundo está a precisar disso. Muito. De pequenas ações de toda a gente. Salvarmos a consciência. As crianças estão a ser eliminadas. Os adolescentes estão a ser eliminados.
Deixou de haver equilíbrio. Elas têm tudo feito. Já não têm a curiosidade, a vontade de fazer. Está tudo feito. Tudo lhes é dado. Ou nada lhes é dado. Só a miséria. Ou a morte através da guerra, da competição.
Portanto, as nossas crianças, não portuguesas, mas no mundo, estão numa falha, numa fome de consciência gigante. E parece-me isso importante.
O mundo atual é maravilhoso. Tem coisas maravilhosas. A tecnologia, a ciência, a inteligência artificial, tudo aquilo que criámos, tem um lado fantástico, que nos seduz. Mas que nos faz ter falhas monstras.
São de tal maneira que nos vão levar à falência da consciência, da lucidez e do discernimento.
É o que a mais preocupa? Ao longo desta conversa, focou várias vezes essa questão. É talvez aquilo que mais a preocupa hoje?
Ah, sim. Preocupa-me o futuro das novas gerações e do planeta. Muito. O que é a mesma coisa.
Se destruímos a casa, não temos casa. Pegámos fogo à casa, não temos casa.
O Papa Francisco fez uma encíclica que falava justamente da casa comum. Temos de despertar de uma vez por todas para esse problema?
Há muitas crianças que, através da escola, são incentivadas a ter alguns valores em relação a isso, mas a sociedade em geral não as ajuda. Não lhes dá os valores.
Porque mal se desenvolvem, mal saem da escola primária, estão confrontados com uma sociedade competitiva muito, muito destrutiva.
Agora... Há quem pense de outra forma. Eu respeito isso, porque têm outros argumentos, com toda a materialidade que está a crescer e se está a construir do futuro, isso é a base de qualquer futuro. Eu estou à espera de ver, se é que vejo, e se não vir, estou preocupada.
A Arte pode salvar-nos?
Acho que sim! Ser incluída. Acho que a arte não deveria ser vista como “a arte”. O artista não deveria ser visto como “o artista”, porque aí estamos a pô-lo de parte, como um ser diferente.
Faz parte de ecossistema?
Faz parte do ecossistema, da Humanidade. Se estamos a perder a Humanidade, os valores humanos a favor de valores materiais, vamos ter que fazer frente a isso! Vamos ter de saber como sobreviver. A sobrevivência global passa por aí, parece-me.