Dmitro Orlov faz o retrato negro da realidade de Enerhodar sob ocupação, com trabalhadores da central "recrutados nas ruas", com seis meses de salário em atraso, faltas de água constantes e jardins de infância com crianças "a inculcar tópicos militares". As alegações não podem ser aqui comprovadas de forma independente
Central Nuclear = Paz + 3 anos
As autoridades deslocadas em Zaporizhzhia estimam que 10 mil pessoas (um quinto da população antes da invasão) vivam em Enerhodar, das quais quatro mil trabalham na central nuclear que ocupava 11 mil trabalhadores até fevereiro de 2022.
"É necessário restaurar a barragem de Kakhovka. Realizar uma inspeção abrangente de tudo o que está na estação, tudo o que lá roubaram e muitas coisas que simplesmente precisarão de ser substituídas, renovando as qualificações das pessoas. São processos que não podem ser feitos num ou dois meses. A central nuclear não está a funcionar há muito tempo, as linhas de energia estão quase todas destruídas", revela Orlov, que estima que a Ucrânia precisa de três anos para repor a situação em caso de paz. Depois da invasão, a barragem de Nova Kavkova ruiu, o nível do Rio Dniepr baixou, pondo em causa os circuitos de refrigeração.
Uma casa à espera da paz
Até lá os deslocados de Enerhodar vão sabendo das suas casas, da destruição, da vida na cidade sob ocupação. Oksana, por exemplo, sabe que quando não há corte de eletricidade, há luz na sua casa de Enerhodar.
"Vive lá alguém. Não conheço essas pessoas. Disseram-me que é um casal jovem, um rapaz e uma rapariga que estão a planear formalizar a sua relação e que estão à espera de ganhar um apartamento. Compreendo que hoje em dia simplesmente não nos dão apartamentos. E eu tenho este medo de que eles gostem do meu apartamento e queiram ficar lá", sorri Okana, que promete passear de novo pelas ruas de Enerhodar quando a paz o permitir.
"Nunca planeei mudar-me para lado nenhum. Gostei sempre muito da nossa cidade. Pequena, confortável, tranquila, calma, bonita, verde. É indescritível. Já não há lugares como aquele."