E parte deste raciocínio para fazer uma comparação para português entender. “Se a gente de Oeiras ou Carcavelos, porque vivem junto ao mar e têm uma marginal como Gaza, as fechassem por 30 ou 40 anos, tenho a certeza que os portugueses faziam ainda mais do que o Hamas fez... e eu nunca fiz parte do Hamas”, repete.
Questionado em relação ao 7 de outubro, responde que “não é o legitimo”, “não gosto de violência”, “não acho que seja uma solução”, “nem ficamos perto da solução que queremos”.
Mas, porque há sempre um “mas”: “Acho que têm o direito de fazer o que fizeram. Estão a forçar-nos a estar numa prisão, nem os árabes, nem os irmãos, nem o mundo nos vai ajudar, o que vamos fazer? Ou nos matamos ou resistes”, enfatiza.
No Minho, Alshaaarawi vive com a mulher, Rema, que trabalha numa empresa informática de Braga, e Salma, a filha de dois anos. Há um ano e meio que tem passaporte português. O segundo filho do casal vem a caminho. A esposa está grávida de dois meses.
Também o médico palestiniano olha para o ataque do Hamas que vitimou mais de 1.200 israelitas e não consegue condenar. “Condeno é Israel. Antes morreram muitos palestinianos, mulheres, crianças, idosos, todos. Nós na Palestina não somos terroristas”, concretiza.
"Não nos veem como humanos"
A 400 quilómetros de distância, em Lisboa, Nader, olhando mais uma vez para o 7 de outubro — apesar de afirmar não ter visto nada, nem relatos, de algo que Israel já não tenha feito na Palestina —, diz que “não gosta de ver crianças israelitas a morrer”, aliás não gosta de ver “israelitas a morrer”.
“Sei como ser humano o que eles podem sentir ao perder alguém. Mas eles não nos veem como humanos. Vejam o que eles dizem de nós no YouTube. Podem votar e votam em
extremistas como o Netanyahu que prometeu acabar connosco”, critica.