Mas, por maior que seja o desespero no terreno, Rachael não acredita que os habitantes de Gaza deixem o território de ânimo leve. “As pessoas com quem falo estão comprometidas com Gaza”, diz sem hesitação. “Esta é a terra deles, é a casa deles. Estão decididos a ficar aqui, querem estar aqui para reconstruir Gaza, para que os seus filhos sejam educados em Gaza”.
Tiveram um vislumbre do que isso poderia ser durante o cessar-fogo, de janeiro a março, quando milhares de famílias regressaram às suas terras natais, ao que restava das suas casas e começaram a imaginar a reconstrução. Foi nesse período que Rachael Cummings ouviu a resposta que mais a surpreendeu – e que lhe devolveu mais esperança.
A enfermeira estava num dos espaços para crianças que a Save the Children tem em Khan Younis. Naquele dia, tinham passado por ali umas 60 crianças para participar em “atividades recreativas, de aprendizagem, jogos que permitissem às crianças serem crianças”. No fim, fez-lhes a pergunta: “O que querem ser quando forem grandes?”
As respostas “foram iguais às de qualquer criança, em qualquer parte do mundo: havia professores, enfermeiros, médicos, advogados, alguém que queria ser astronauta...”, recorda, sorridente. “Eles tinham esperança no futuro.”
“Creio que é importante as pessoas lembrarem-se disto: as crianças em Gaza estão sempre com fome, estão desesperadas, mas mantêm a esperança”, sublinha. Na leitura de Rachael, isto cria uma obrigação adicional a todos os trabalhadores humanitários. “Nós também temos de manter a esperança, para lhes conseguirmos aliviar o sofrimento -- e também para chegarmos ao ponto em que seremos capazes de reconstruir Gaza com os palestinianos.”