“Já o AL funciona como uma espécie cancerígena, entra num prédio, fixa-se ali, e depois quem investe nesta área não descansa enquanto quem lá vive não tenha de sair (...) Em regra, o proprietário vende o prédio a um fundo imobiliário que mesmo com inquilinos lá dentro tem, muitas vezes, um comportamento perfeitamente terrorista, tipificado já com bullying imobiliário para obrigar os inquilinos a irem embora”, explica.
Para reverter a perda de pessoas, Miguel Coelho diz já ter proposto a Medina e agora a Moedas um programa de regresso ao bairro. A ideia, concretiza, é pegar nas casas da autarquia que estão vazias naquele território e entregá-las à Junta para esta fazer pequenas reparações. Depois há que colocá-las em concurso de renda acessível para as pessoas que foram obrigadas a sair daquela zona nos últimos 15 anos. “São elas que dão coesão social ao território e identidade para termos um turismo sustentável e que se renove”.
Saindo da Junta e caminhando até umas ruas abaixo, entramos na Adega Popular 33 onde está Luciano Pires, que trabalha ali há mais de duas décadas. É um restaurante à moda antiga. Entra-se numa espécie de museu vivo de um Portugal não muito longínquo da década de 1980 e 1990.
Se lhe perguntamos se se nota uma diminuição da presença da AL, ele responde de pronto que não. “Continua, mas talvez noutros moldes”.