Com a pandemia, não foi a flexibilidade a provocar maiores mudanças para a Blip, mas o perfil de quem se candidata. Se “há uns anos, a talent pool era muito focada na área e na região do Porto”, hoje, a empresa olha para “a disponibilidade de talento num prisma nacional” e tem colaboradores “a partir da Madeira, do Algarve ou de Lisboa”.
E não foi a única alteração. Depois da Covid-19, Beatriz nota que há um aumento de trabalhadores que fizeram uma reconfiguração de carreira. Enfermeiros, psicólogos, militares – entre muitas outras carreiras – aproveitaram, como Raquel Cascarejo, para fazer cursos e formações em áreas alternativas e arriscar uma carreira tecnológica.
Beatriz vê essa alteração de perfil como uma mais-valia: “A diversidade não é só da etnia ou de género, é também muito do 'background' de cada pessoa”. Geralmente, acrescenta, as pessoas que fizeram grandes alterações de carreira trazem “competências comportamentais que as diferenciam” e que ajudam a construir “uma solução muito mais inovadora e muito mais rica”.
“O teletrabalho sempre foi viável”? Os números sugerem que sim
A permanência de milhares de trabalhadores em teletrabalho após o fim das restrições e dos confinamentos provou que, em muitos casos, “o teletrabalho sempre foi viável”, concluiu o Gabinete de Estratégia e Estudos do ministério da Economia, em junho de 2024.
Aliás, um estudo do Grupo Internacional do Local de Trabalho (IWG, International Worksplace Group) alerta que as empresas que continuem a esperar que os trabalhadores passem por horas de deslocações para estar presencialmente no escritório podem enfrentar ondas de pedidos de demissão.
Porque, conclui a mesma organização, dois terços das empresas (67%) observaram um aumento de candidatos que procuram deixar trabalhos que impuseram um regresso ao escritório cinco dias por semana.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) só começou a fazer o levantamento dos trabalhadores em teletrabalho ou modelos híbridos a partir do primeiro trimestre de 2021, quando começou o segundo confinamento (a 15 de janeiro). Estes dados mostram que o trabalho à distância não dá sinais de abrandar em Portugal.