"Valorizamos a área dos idosos. É um investimento na população, na comunidade", acrescenta a autarca, que lembra ainda que estamos a falar de associações "que vivem do voluntariado dos dirigentes", até porque os acordos que existem com a segurança social, com o centro distrital, "não fazem face às despesas que as valências e as respostas que existem nas associações de reformados merecem".
23% de IVA em obras quando "substituímos o Estado?"
O terreno do novo lar de Nossa Senhora da Boa Hora foi cedido pela autarquia, que suportou quase dois terços do custo total do edifício. A Associação assumiu todos os equipamentos: camas, cadeiras, mesas... "Tudo o que é o recheio", indica Joaquim Raposo, que adianta ainda que todo esse equipamento terá custado cerca de 300 mil euros.
"Foi um esforço grande para a instituição, porque as instituições hoje não têm estes valores. A gente sabe que é muito difícil uma instituição ter positivos de dezenas, quanto mais de centenas".
"Os equipamentos para estas instituições são de centenas de milhares de euros. Não são tostões", sublinha o responsável pelo lar
Acresce a este custo outra despesa, relativa á obra, que o presidente da Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos de Fernão Ferro considera inacreditável.
"Quem é que paga o IVA? Nós pagamos 23% de IVA. Qual é a instituição que pode suportar uma obra de 4 ou 5 milhões de euros e aportar um milhão só de IVA? Ter de pagar ao Estado um imposto pela construção de uma infraestrutura que garante um serviço em que nos substituímos e que estamos a prestar ao Estado? Não se compreende".
Ainda para mais, diz, estando a falar de uma instituição de solidariedade social, onde trabalham voluntários, "porque toda a direção é voluntária, ninguém tem um cêntimo de vencimento".
Câmaras "podiam investir mais nos idosos"
Sem o apoio das autarquias, poucas associações de idosos do país teriam condições para avançar para um projeto deste género. "Não era só a minha, são todas", garante Joaquim Raposo.
"Nenhuma tem condições de fazer uma obra desta envergadura. Nem pouco mais ou menos. A maior parte não tem dinheiro para os equipamentos, quanto mais para fazer uma obra. Porque os equipamentos para estas instituições são de centenas de milhares de euros. Não são tostões".