Será que sente sempre adrenalina no momento do disparo? “É sempre a mesma", assegura. "Saber que se vai disparar, ouvir os disparos dos colegas, depois o nosso, depois pensar no alvo, que aqui está parado mas na rua pode não estar.”
Um outro jovem, Gabriel, diz que a sensação do disparo é boa. “O nervosismo vai passando, mas borboletas na barriga há sempre”, acrescenta. “A arma no início metia medo, agora trato com mais respeito e controlo”.
Saímos da àrea de tiro real, atravessamos a escola, passamos por um pavilhão onde fazem exercício físico e defesa pessoal e encontramos Soraia Calvo. Está numa fase anterior do curso, no simulador.
Numa sala — onde o eco faz parecer que dentro estão mais de uma dezena de pessoas — encontram-se quatro formandos, atiram aos alvos em zonas que vão sendo elencadas pelo formador de forma sucessiva. Os alunos, estáticos e atentos à imagem que surge projetada, tentam coordenar a atenção à ordem recebida, à imagem que surge e ao mesmo tempo articular a melhor resposta a dar em frações de segundos.
“É difícil trabalhar com uma arma, mas com concentração e calma tudo se faz”, afirma Soraia Calvo.
“Uma vez por ano, um dia em 365? É muito pouco”
Mas a formação, tal como existe hoje, não agrada à Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), que a considera curta e pouco adaptada às exigências no terreno dos dias de hoje. “Uma vez por ano, um dia em 365? É muito pouco”, afirma Paulo Santos, presidente da ASPP.