“É uma pessoa muito prudente", nota. "Vai haver sempre uma continuidade com o Papa Francisco. Não vai haver uma rutura radical, até porque a base é a mesma, é o Evangelho e, portanto, veremos como é que se traduz o Carisma agostiniano, como transparece na vida da Igreja”, acrescenta.
O que diz quem privou com o Papa?
Por dois mandatos, o agora Papa Leão XIV foi prior geral dos Agostinianos, por isso, acabou por se cruzar com alguns dos entrevistados.
O padre Javier recorda particularmente "a afabilidade" do acolhimento quando se encontrou com ele em Itália, em 2011, quando estava a fazer “noviciado”— o primeiro ano antes de fazer os votos para ingressar na ordem. “O seu percurso, a humanidade que tem, a proximidade com as pessoas... Não tem problema nenhum em se dar com os jovens, com as famílias, com os mais carenciados, seja com quem for”, conta.
“Aquilo que nos ficou, como estávamos muito presentes na Jornada Mundial da Juventude [de Madrid], foi uma união muito grande da família agostiniana", recorda Tiago, da fraternidade em formação “Cidade de Deus”, sublinhando o feitio de "muita calma" e "alegria serena". Os ecos que chegam de outras latitudes alinham-se no mesmo sentido: "Aquilo que temos ouvido de pessoas que tiveram mais contato direto com ele [é que era] ‘uma pessoa que tinha uma responsabilidade muito grande dentro da ordem, mas que estava ali junto com todos os jovens que estavam a participar na Jornada Mundial da Juventude’”, relata.
Um legado vivo e um desafio renovado
Para os membros da Ordem, a eleição do Papa é uma oportunidade, mas também um desafio. “O legado de Santo Agostinho é tão grande, mas tão rico... Nós temos a responsabilidade de o dar a conhecer, de o levar ao mundo”, afirma o padre Javier Villarubia.
Para o padre Fernando Fernández, o objetivo de toda a família religiosa é “promover um carisma e enriquecer a vida da Igreja com o próprio carisma”. E se há algo que une esta pequena, mas calorosa, comunidade agostiniana em Portugal, é o desejo de crescer.
“Nós voltamos aqui há 50 anos e é verdade que as comunidades paroquiais são comunidades cheias de vida, cheias de muitos grupos que querem partilhar, que querem colaborar na vida da comunidade. O nosso sonho é crescer e crescer, mas por agora somos só duas comunidades”.
Tiago, da fraternidade “Cidade de Deus”, vê esta eleição como uma “bênção”. Acredita que tal “será refletido" nos grupos que existem por cá e que vai permitir “revitalizar ainda mais a presença agostiniana no mundo e em Portugal”.