Já Filipa Oliveira refere que as peças “espelham a história da criação”. Segundo a curadora, “até há muito pouco tempo havia a ideia da cerâmica quase como artesanato, como uma arte menor”.
Na opinião de Filipa Oliveira, “o que esta exposição faz é mostrar que esta criação, destes artistas que colaboraram com a Vista Alegre, que trabalhavam na Vista Alegre ou que eram os diretores de fábrica Vista Alegre, estava ao nível de muitos outros artistas que vemos nos museus ou que ainda hoje estudamos na história mais tradicional da arte em Portugal”.
É este o foco, o olhar para a criatividade numa exposição para a qual foi encomendada uma banda sonora original assinada pelo músico português Rodrigo Leão. Espalhada por três salas do Palácio Nacional da Ajuda, o acontecimento tem Nuno Gusmão como o autor do design.
Foi ele que idealizou aquilo a que Anísio Franco chama de “caixa de joias”, situada no coração da exposição, onde o público entra e percorre o arco temporal dos 200 anos em 400 peças penduradas nas paredes.
Fora dessa “caixa de joias”, com paredes feitas em espelho dourado que reflete as paredes pintadas do Palácio Nacional da Ajuda, o público vai encontrar pequenos nichos onde são mostrados os bastidores, ou seja, parte do processo desenvolvido na fábrica da Vista Alegre.
Deslocar este conjunto de peças de Ílhavo para Lisboa implicou uma operação complexa. Isso mesmo explica à Renascença Filipa Quatorze, diretora do Museu da Vista Alegre que assina a consultadoria da exposição.
“Foi um processo muito lento, demorado, desde os restauros, à conservação preventiva, passando pela limpeza. Depois houve toda a logística de embalagem, transporte e trazer para aqui. Mas a Vista Alegre é uma empresa com equipas ótimas, excelentes, muito completas e o trabalho foi possível também graças à cooperação de todas as equipas”, explica.
Uma das preocupações dos curadores Anísio Franco e Filipa Oliveira foi encontrar o equilíbrio entre as peças Vista Alegre e o espaço do Palácio Nacional da Ajuda. Anísio lembra que as salas “são imponentes” e que não queriam “esconder” o palácio, nem sobrepor a exposição ao espaço.